sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Ano Novo

             Serão novos os anos que passam, os séculos e os milénios que se sucedem na ampulheta do tempo?
            Não são. O tempo, qual o concebemos, não passa de uma ilusão. Não há tempos novos, nem tempos velhos. O tempo é sempre o mesmo, porque o tempo é a eternidade. Todas as mudanças que constatamos em nós e em torno de nós, são produto da transformação da matéria. Esta, realmente, passa por constantes modificações. A mutabilidade é inerente à matéria e não ao tempo.
            A matéria é volúvel como as ondas e instável como as nuvens que se movimentam no espaço assumindo variadas conformações que se sucedem numa instabilidade constante.
            O nosso envelhecimento não é obra do tempo como costumamos dizer. É a matéria que se vai transformando desde que entramos no cenário terreno. Nascemos, crescemos, atingimos as cumeadas do desenvolvimento compatível com a natureza do nosso corpo. Após esse ciclo, as mudanças tornam-se menos rápidas.Há como que ligeiro repouso. Depois, segue-se a involução, isto é, o curso descendente que nos leva à velhice, à decrepitude e à morte, quando esta não intervém acidentalmente, pelas moléstias, cortando o fio da existência em qualquer de suas fases.
            Todos esses acontecimentos nada têm que ver com o tempo. Trata-se de manifestações da evolução da matéria organizada, vitalizada e accionada pela influência do Espírito.
            O Espírito é tudo. Por ele, e para ele, é que as moléculas se agrupam, se associam, tomando forma, neste ou naquele meio, na Terra ou em outras infinitas moradas da casa do Pai, que é o Universo.
            Na eternidade e na imensidade incomensurável do espaço, o Espírito se agita procurando realizar o senso da Vida, que é a evolução. Para consumá-la percorre as incontáveis terras do céu. Veste e despe centenares de indumentos, assumindo milhares de formas e aspectos.
            A matéria é o instrumento, é o meio através do qual ele consegue a sua ascensão ininterrupta.
            Nada significam, portanto, os anos que passam e os anos que despontam nos calendários humanos. O importante na vida do Espírito são as arrancadas para a frente, são as etapas vencidas, o saber adquirido através da experiência, e as virtudes conquistadas pela dor e pelo amor. O que denominamos – passado – é apenas a lembrança de condições inferiores por onde já transitamos. De outra sorte – o futuro não é mais que a esperança que nutrimos de alcançar um estado melhor. O presente eterno eis a realidade.
            Encaremos assim o tempo e, particularmente, o ano novo que ora se inicia. Façamos o propósito de alcançar no seu transcurso a maior soma possível de aperfeiçoamento.
            É o que, de coração, desejamos aos nossos leitores.

 (Vinícius. In: Na Seara do Mestre)

As dádivas da vida

As vezes a vida nos presenteia com pessoas encantadoras.
Pessoas que só transmitem sentimentos bons.
Pessoas que existem, pois, Deus precisava de ajuda para o seu propósito aqui neste mundo.
Pessoas de coração cheinho de sentimentos bons.
Pessoas de alma pura.
Pessoas que realmente fazem parte da bondade, da ternura, da caridade.
Pessoas que realmente valorizam o simples, mas belo.
Pessoas que são capazes de dar cor a tela vazia que às vezes a vida nos proporciona.
Pessoas que surpreendem com gestos que para muitos são pequeninos, mas para os de coração nobre são de valor inestimável.
Pessoas que aqui estão para fazer acontecer.
Pessoas que são capazes de tudo para transmitirem, que o verdadeiro sentido da vida... É simplesmente, amar.
Essas pessoas são anjos terrenos dispostas a perfumar o mundo com fragrâncias suáveis e deliciosas de serem sentidas.
- autoria desconhecida -

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Caridade

Caridade é, sobretudo, amizade.
Para o faminto - é o prato de sopa fraterna.
Para o triste - é a palavra consoladora.
Para o mau - é a paciência com que nos compete auxiliá-lo.
Para o desesperado - é o auxílio do coração.
Para o ignorante - é o ensino despretensioso.
Para o ingrato - é o esquecimento.
Para o enfermo - é a visita pessoal.
Para o estudante - é o concurso no aprendizado.
Para a criança - é a proteção construtiva.
Para o velho - é o braço irmão.
Para o inimigo - é o silêncio.
Para o amigo - é o estímulo.
Para o transviado - é o entendimento.
Para o orgulhoso - é a humildade.
Para o colérico - é a calma.
Para o preguiçoso - é o trabalho.
Para o impulsivo - é a serenidade.
Para o leviano - é a tolerância.
Para o deserdado da Terra - é a expressão de carinho.
Caridade é o Amor, em manifestação incessante e crescente.
É o sol de mil faces, brilhando para todos, e o gênio de mil mãos, amparando, indistintamente, na obra do bem, onde quer que se encontre, entre justos e injustos, bons e maus, felizes e infelizes, porque, onde estiver o Espírito do Senhor aí se derrama a claridade constante dela, a benefício do mundo inteiro.

 Emmanuel.
 Francisco Cândido Xavier.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Quem era Esse Homem?

 Quem era Esse Homem? Desceu das estrelas e aninhou-Se no seio de uma jovem mulher, a fim de vir à luz.
Teve por pai um carpinteiro e com ele aprendeu o ofício, embora Suas mãos já tivessem amoldado substâncias celestes, formando o próprio planeta em que veio habitar.
Habituado à harmonia celeste, deixou que o vento cantasse melodias em Sua cabeleira e que as areias lhe fustigassem a face.
Amou Sua mãe com devoção. Logo iniciado Seu messianato, retornou ao lar para vê-la e a acompanhou às bodas a que fora convidada.
Obedeceu-lhe ao pedido e ofertou aos convivas o líquido especial para os despertar para a realidade.
Em agonia, recordou de a entregar aos cuidados de um jovem idealista, preocupando-Se com o que lhe poderia suceder, após a Sua partida.
Quem era Esse Homem? Andou por estradas poeirentas, campos cultivados, às margens de um lago, lecionando o amor.
Viveu em uma época de desmandos, de corrupção dos costumes, de licenciosidades.
No entanto, manteve-Se íntegro, embora movimentando-Se entre pessoas consideradas de má conduta.
Estendeu Suas bênçãos aos pobres deserdados da sorte tanto quanto aos detentores de poder econômico e certa supremacia social, a uns e outros ofertando das Suas luzes.
Líder de um grupo que elegeu para assumir a preciosa missão de dar continuidade à Sua proposta, os incentivou a que deixassem fluir as suas qualidades interiores.
Vós sois deuses! – Afirmou. E podeis fazer tudo o que faço e muito mais.
Ensinou que todos os homens são herdeiros do Universo infinito, imensurável. Todos filhos do mesmo Pai, embora vivendo sob tetos diversos, em terras distantes uns dos outros e falando línguas estranhas.
Quem era Esse Homem a quem os Espíritos obedeciam e se rendiam? Senhor dos Espíritos - O chamavam.
Quem era Esse Homem que fazia cessar as dores, devolvia movimentos a corpos paralisados, a vista aos cegos e a palavra aos mudos?
Quem era Esse Homem que, em menos de três anos, revolucionou o mundo do pensamento sem nada ter escrito? Que reuniu ao seu redor, nada menos de cinco centenas de trabalhadores para darem continuidade ao Seu legado?
Que, ao partir, deixou semeadura tão grande que até hoje, transcorridos mais de dois mil anos, ainda não se esgotou?
Quem era Esse Homem, tão grande que não coube na História, dividindo-a entre antes e depois dEle?
Diziam que Ele era o filho de um carpinteiro de nome José e de uma mulher chamada Maria.
Nascido em Belém, viveu exilado no Egito. Depois, cresceu em Nazaré e morreu na capital religiosa da época, Jerusalém. terra dos profetas.
Quem era Esse Homem?
*   *   *
Um dia, um raio de luz deixou a amplidão dos céus e veio viver entre os homens.
Mais brilhante que o sol, escondeu Seu brilho nos trajos de simples carpinteiro.
Ele era luz. Veio para as sombras e as sombras tentaram empanar-Lhe o brilho.
Destruíram a ânfora onde se aninhava a luz. Então, liberta, ela brilhou ainda mais intensamente e, até hoje, enche o infinito das nossas necessidades.
Seu nome é. . . Jesus.
 
Redação do Momento Espírita.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Mensagem de natal

Diante do bolo iluminado, abraças, feliz,
os entes amados que chegaram de longe...
Ouves a música festiva que passa, de leve,
por moldura de harmonia às telas da natureza...
Entretanto, quando penetrares o templo da oração,
reverenciando o Mestre que dizes amar,
mentaliza o estábulo pobre.
Ignoramos de que estrela estaria chegando o Sublime Renovador, mas todos sabemos em que ponto da Terra começou ele o apostolado divino.
Recorda as mãos fatigadas dos tratadores de animais,
os dedos calosos dos homens do campo,
o carinho das mulheres simples
que lhe ofertaram as primeiras gotas do próprio leite
e o sorriso ingênuo dos meninos descalços
que lhe receberam do olhar a primeira nota de esperança.
Lembra-te do Senhor, renunciando aos caminhos constelados de luz para acolher-se, junto dos corações humildes que o esperavam, dentro da noite, e desce também da própria alegria, para ajudar no vale dos que padecem..
Contemplarás, de alma surpresa, a fila dos que se arrastam, de olhos enceguecidos pela garoa das lágrimas.
Ladeando velhinhos que tossem ao desabrigo, há doentes e mutilados que suspiram pelo lençol de refúgio na terra seca.
Surgem mães infelizes que te mostram filhinhos nus e crianças desajustadas para quem o pão farto nunca chegou.
Trabalhadores cansados falam do abandono e jovens subnutridos se referem ao consolo da morte...
Divide, porem, com eles o tesouro de teu conforto e de tua fé e nos recintos de palha e sombra a que te acolhes,
encontrarás o Cristo no coração, transfigurando-te a vida,
ao mesmo tempo que, nos escaninhos da própria mente,
escutarás, de novo, o cântico do Natal,
como de repetido na pauta dos astros:
- Glória a Deus nas alturas e boa vontade para com os homens!
Chico Xavier

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Mensagem para o Natal

Véspera de Natal. Noite gélida. A neve cai em flocos minúsculos, como garoa condensada.
A menina anda pelas ruas. Sente frio, mas sabe que não poderá voltar para casa. Não sem ter vendido as caixas de fósforos.
O dia morrera e ela não conseguira vender nenhuma.
Encolhe-se na saliência de uma casa. Acocora-se ali, com os pés encolhidos, para abrigá-los ao calor do corpo. Mas cada vez sente mais frio.
Toma de um fósforo. Que mal haverá se ela acender um? Somente um.
Risca-o contra a parede e a chama se faz. Parecia uma vela e ela se viu sentada diante de uma grande estufa, de bronze polido. Ardia nela um fogo magnífico, que espalhava suave calor.
Ela foi estendendo os pés congelados, para os aquecer e... apagou-se o clarão.
Então risca outro fósforo e onde bate a luz, a parede fica transparente, como um véu. Ela vê tudo dentro da sala. A mesa posta, a porcelana fina, um belo pato assado, recheado de maçãs e ameixas.
Mas o fósforo apaga e tudo some. Ela fica ali a ver somente a parede nua e fria na noite escura.
Acende outro fósforo e à sua luz vê uma enorme árvore de Natal. Entre os galhos, milhares de velinhas.
Ela estende os braços desejando apanhar um dos enfeites e então, então... apaga-se o fósforo.
As luzinhas da árvore de Natal foram subindo, subindo, até alcançar o céu e se transformarem em estrelas.
Uma delas cai, lá de cima, deixando uma poeira luminosa pelo caminho.
Alguém morreu! – Fala a criança, lembrando o que dizia sua avó: Quando uma estrela desce, uma alma sobe aos céus.
Ela acende mais um fósforo. Desta vez, é a avó que lhe aparece, sorridente, no esplendor da luz.
A emoção envolve a pequena. Desde que possa lembrar, ela somente recebera carinhos da avó. Ela, sim, a amara.
Vovó, eu queria que a senhora fosse de verdade. Sei que quando a chama apagar, a senhora vai desaparecer, como as luzes, a estufa quente, o pato assado, a árvore de Natal.
E se põe a riscar na parede, todos os fósforos das caixas, para que sua avó não vá embora.
Eles ardem com tanto brilho, que parece dia. Ela vê a avó cheia de luz, tão bonita!
A bondosa senhora a toma nos braços. Voam ambas, em um halo de luz e de alegria, mais alto, mais alto e mais longe...
Vão para um lugar onde não há mais frio, nem fome, nem sede, nem dor, nem medo. Elas penetram o mundo espiritual.
No dia seguinte, os transeuntes encontram a menina morta, com a mãozinha cheia de fósforos queimados.
Coitadinha! Comentam. Deve ter querido se aquecer.
E todos se admiram do sorriso estampado no rostinho infantil.
Mas ninguém soube que visões maravilhosas lhe povoaram os últimos momentos. Nem com que alegria entrou, com sua avó, nas glórias da Espiritualidade, em pleno Natal.
*   *   *
Neste Natal, pensemos: até quando permitiremos que a infância continue a morrer, em pleno desabrochar?
Até quando continuaremos a permitir que a escuridão povoe o universo infantil?
É Natal. Natal de Jesus. Façamos algo por nossas crianças.
 
Redação do Momento Espírita

sábado, 17 de dezembro de 2011

Ergue-te e Caminha

        Mergulhado no corpo, sob as bênçãos da reencarnação, todos os Espíritos experimentam os limites e as vicissitudes da matéria.
        Impositivos da circunstância, necessidades orgânicas, aspirações que resultam de condicionamentos psicossociais, exigências de aparelhagem física, levam, não raro, a compromissos, graves, nos quais malogram programas bem elaborados e comportamentos adrede estabelecidos.
        A carne é semelhante a um escafandro que, embora faculte a realização de tarefas nobilitantes, proporciona redução de visibilidade, de movimentos que, em circunstâncias normais, podem ser utilizados com maior facilidade.
        Ao mesmo tempo, as paixões ancestrais ainda não superadas ressurgem, a princípio como anseios, para depois se tornarem labaredas crepitantes, devoradores, alucinando e fazendo sofrer quem lhe padece a injunção.
        Desse modo, o trabalho constante, ao lado da vigilância e da prece contínuas, constituem os preservativos para a paz e os recursos de promoção para a vitória.
        Na Terra, todos se encontram sob testes e desafios.
        Ninguém retira a ganga que esconder a gema, sem sofrer o fenômeno da lapidação que a dor proporciona.
        Cada dia, novas experiências ensinam como não mais se enganar, recomeçando as tarefas e restabelecendo os liames do dever interrompido.
        Deste um passo audacioso, e tombaste em erro grave.
        Precipitadamente, foste além do limite estabelecido pelo bom-senso, e permaneces vazio.
        Cultivaste a ilusão de um prazer, que após comprometer-te não te auxilia, pois continuas esfaimado.
        Convertes uma amizade profunda e nobre, num sentimento perturbador, sem que lograsse paz.
        Estavas incógnito, e te desvelaste.
        Eras respeitado, e te arrojaste no engano.
        Tinhas amor, e porque não soubeste mantê-lo em alto nível, descobre-te sem ele e malvisto...
        Não deverias ter-te arrojado a essa escusa conduta. Porém, não te lamentes, nem te desequilibres.
        Paga em renovação interior, o gravame cometido.
        Levanta-te e segue além.
        Reencontrarás, adiante, esta sementeira ingrata, que poderias ter evitado.
        Recolhe os espinhos, resgata com alegria e te sentirás bem.
        Não somes, à queda, novas tombadas.
        Ergue-te e caminha.
        Cada manhã é bênção da vida, após a noite assustadora, trazendo a beleza da claridade que dilui os fantasmas do medo e da insegurança.
        Jesus é sempre o Amigo seguro dos equivocados e caídos que O buscam, pois que somente nEle encontram o apoio e a paz para a vitória que lhes parece tardar.
Joanna de Ângelis & Divaldo P. Franco

Sopre as cinzas

Quem feriu você já feriu e já passou...
Lá na frente encontrará o inevitável retorno e pelas mãos de outrem será ferido também.
A vida se encarregará de dar-lhe o troco e você, talvez, nem jamais fique sabendo.
O que importa de verdade é o que você sentiu e, mais importante, é o que ainda você sente: Mágoa? Rancor? Ressentimento? Ódio?
Você consegue perceber que esses sentimentos foram escolhidos por você?
Somos nós que escolhemos o que sentir diante de agressões e de ofensas.
Quem nos faz o mal é responsável pelo que faz, mas NÓS somos responsáveis pelo que sentimos.
Essa responsabilidade tem a ver com o Amor que devemos e temos que sentir por nós mesmos.
O ofensor fez o que fez e o momento passou, mas o que ficou aí dentro de você?

Mágoa - Você sabia que de todas as drogas ela é a mais cancerígena?
Pela sua própria saúde, jogue-a fora.

Rancor - Ele é como um alimento preparado com veneno irreconhecível: dia mais, dia menos, você poderá contrair doenças de cujas origens nem suspeitará.
Ressentimento - Pois imagine-se vivendo dentro de um ambiente constantemente poluído, enfumaçado, repleto de bactérias e de incontáveis tipos de vírus: é isso que seu coração e seus pulmões estão tentando agüentar.
Até quando você acha que eles vão resistir?

Ódio - Seus efeitos são paralisantes. Seu sistema imunológico entrará em conflito com esse veneno que com o tempo poderá colocar você face a face com a morte e talvez muito tarde você venha a perceber que melhor seria ter deixado que seu agressor colhesse os frutos do próprio plantio.
Por seu próprio bem e pelo seu bem, perdoe...
O perdão o libertará e o fará livre para ser feliz!
Esqueça o mal que lhe foi feito.
Deixe que seu ofensor lembre-se dele através das conseqüências com que, certamente, virá a arcar.
Mude seu destino ... seja o comandante da sua nau!
Escolha o melhor caminho para sua "viagem".
E se outras vezes o ferirem, perdoe ... Perdoe ...
Como Cristo perdoou os que o crucificaram.

AJUDA-TE HOJE

Sim, nas leis da reencarnação, quase todos nós, os filhos da Terra, temos o passado a resgatar, o presente a viver e o futuro a construir.
Lembremo-nos, assim, de que, nas concessões da Providência Divina, o nosso mais precioso lugar de trabalho chama-se “aqui” e o nosso melhor tempo chama-se “agora”.
Detenhamo-nos, por isso, na importância das horas de hoje.
Ontem, perturbação.
Hoje, reequilíbrio.
Ontem, o poder transviado.
Hoje, a subalternidade edificante.
Ontem, a ostentação.
Hoje, o anonimato.
Ontem, a incompreensão.
Hoje, o entendimento.
Ontem, o desperdício.
Hoje, a parcimônia.
Ontem, a ociosidade.
Hoje, a diligência.
Ontem, a sombra.
Hoje, a luz.
Ontem, o arrependimento.
Hoje, a reconstrução.
Ontem, a violência.
Hoje, a harmonia.
Ontem, o ódio.
Hoje, o amor.
Diz-nos a sabedoria de todos os tempos — “Ajuda-te que o Céu te ajudará” —, afirmativa sublime que nos permitimos parafrasear, acentuando: “Ajuda-te hoje, que o Céu te ajudará sempre”.
 
André Luiz
 Francisco Cândido Xavier

Fidelidade a Jesus

Houve, em tempos passados, uma localidade denominada Sebastes. Situava-se entre a Judeia e a Síria. Foi ali que quarenta legionários da Décima Segunda legião romana deram sua vida por amor à verdade.
Presos por professarem o Cristianismo, os quarenta jovens marcharam saindo da cidade, escoltados por outros tantos soldados.
À frente se desenhava o lago de águas tristes e frias. O sol se afundava na direção do poente e o vento soprava gelado.
Os tambores soavam, ditando o ritmo da marcha. E os prisioneiros foram entrando no lago. Um passo, dois, três, dez, vinte. Os pés foram agitando a água e eles entrando mais e mais. Só ficaram as cabeças descobertas fora d’água.
Os superiores haviam lhes decretado uma terrível forma de morrer. Ali parados, impassíveis e silenciosos, iriam morrer enregelados.
As luzes do crepúsculo se envolveram num manto dourado e se retiraram, deixando que a noite se apresentasse com seu cortejo de estrelas.
Ao redor do lago, nas margens, familiares e amigos oravam silenciosos. E silenciosos permaneciam os jovens dentro d’água.
Então, em nome de César, falou um oficial. Eles eram jovens e, levando em conta a sua inexperiência, seriam perdoados se jurassem fidelidade aos deuses protetores do Império.
Era tudo muito simples. Bastaria queimar algumas ervas, perante o improvisado altar a Júpiter Olímpico, na outra margem.
Dentro do lago, nem um mínimo movimento. O ar foi se fazendo mais frio e uma névoa começou a se erguer das águas.
Os guardas acendiam fogueiras nas margens, batiam as mãos, andavam para se aquecer. Mas os quarenta legionários permaneciam imóveis.
Então, eles começaram a cantar e mais forte do que o vento, o hino se ergueu como um grito vitorioso.
Era como uma cascata de esperanças feita de fé, ternura e renúncia.
Um a um, no transcorrer das horas, aquelas chamas foram se apagando na Terra, para tremeluzirem na Espiritualidade.
Quando nasceu o dia, somente um vivia. Um guarda se aproximou de uma mulher e lhe disse que seu filho vivia. Como ele vivera até então, teria sua vida poupada. Que ela o retirasse das águas e, em nome dele, oferecesse sacrifício aos deuses romanos.
Nunca. Foi a resposta dela. Se ele consciente não o fez, como poderia me aproveitar da sua agonia para traí-lo?
Firmemente, avançou para as águas e ali esteve com o filho até que o coração dele parasse de bater. Depois, apertando-o firmemente nos braços, tomou o seu corpo e o veio depositar aos pés do oficial da guarda.
*   *   *
Há mais de dois mil anos, na Judeia, um homem amou e morreu por muito amar. A maravilhosa fé que soube despertar teve o poder de modificar vidas.
A Sua voz convidava para viver a verdadeira vida, a vida que se desdobra para além da morte.
Dentre os Seus ensinos, lembramos: Quem perseverar até o fim, este será salvo.
Quem crer em mim, mesmo morto viverá.
A Sua mensagem atravessou os séculos e permanece viva até hoje, estabelecendo diretrizes seguras aos Seus seguidores.
A Sua é a mensagem do amor, da fé, da fidelidade até o fim.
 
Redação do Momento Espírita

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O furto

    Furto é toda apropriação de bens pertencentes a outrem, sem o consentimento dele, assim como qualquer procedimento contrário à justiça, que manda se dê a cada um o que é seu ou aquilo a que tem direito.
            Vê-se, pelo conceito supra, ser o furto um vício universal que pouquíssimos terão vencido inteiramente.
            Às vezes, tomas outros nomes, mas é pura questão de eufemismo.
            A História nos informa, por exemplo, que quase todos os grandes e pequenos Impérios da Terra foram construídos por meio de guerras de conquista e anexações de países indefesos, cuja soberania e integridade foram desrespeitadas.
            Ora, que são as guerras de conquista e as anexações senão latrocínio em grande escala?
            E os chamados povos “atrasados”, porque não conseguem sair da miséria em que vivem? Quase sempre, porque grupos financeiros poderosíssimos, através de concessões, monopólios e privilégios obtidos pela astúcia, pelo suborno ou pela violência, lhes exaurem todos os recursos econômicos indispensáveis a um processo desenvolvimentista.
            A ação nefasta desses grupos não é, efetivamente, uma espoliação desumana e cruel?
            Na esfera da administração pública de toda parte empregam-se, não raro, expedientes para ganhar dinheiro (por influência ou com o abuso em certos cargos ou funções), que outra qualificação não podem receber senão a de gatunagem mesmo. São as “bolas”, comissões ou propinas exigidas para o acobertamento de irregularidades e tramitação rápida de determinados papéis, a preferência em negócios lucrativos, o empenho para que sejam feita tais ou quais nomeações et. Etc.
            Constituem furtos, igualmente, as falsificações e as manobras ardilosas em geral, como adicionar água ao leite, ao vinho ou a outras bebidas; misturar cereais e outros gêneros alimentícios de segunda ou terceira escolha com os de primeira, impingindo-os aos preços destes; orçar obras ou peças com materiais de boa qualidade, executando-os depois com artigos inferiores; fabricar produtos farmacêuticos com a utilização de drogas essenciais em dose menor que a anunciada na bula; negociar imitações como se fossem objetos genuínos, e assim por diante.
            É rapinagem, também, a falta de exatidão no peso ou nas medidas de mercadorias, bem assim os artifícios que se empreguem para aumentá-los fraudulentamente.
            Capitulam-se ainda como roubo a falta de pagamento daquilo que se deve e a impontualidade na cobertura dos compromissos assumidos, práticas essas que implicam retenção indevida de capital alheio. Excetuam-se, é claro, os casos de força maior.
            Além dos mencionados acima, o furto pode revestir-se de inúmeros outros aspectos que, embora não caracterizados nos códigos penais terrenos, nem por isso deixam de ser condenáveis aos olhos de Deus.
            Furta o funcionário que, valendo-se de meios indignos, “cava” para si uma promoção ou vantagem que, por direito, caberia a outro.
            Furta o empregador que, auferindo grandes lucros, paga salários de fome, muito aquém da retribuição equitativa, aos que o servem com dedicação, fazendo-se os principais fautores da prosperidade de suas empresas.
            Por outro lado, furta o empregado que não dá, a quem lhe contrata os serviços, toda a produção de que é capaz, ou usando de artimanhas, se prevalece de preceito legais para ganhar sem trabalhar.
            O estudante que, por preguiça, não cuida de seus deveres, furta os pais, que tanto se sacrificam para mantê-los na escola e, se recorre à “cola” nos dias de prova, furta também aos colegas honestos a classificação melhor a que eles fazem jus.
            Esforcemo-nos, todos, por corrigir-nos desse grave defeito, lembrando-nos sempre de que é transgressão ao 8º mandamento, que diz “não furtarás”.

(De “Páginas de espiritismo cristão”, de Rodolfo Calligaris)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O ilustre personagem

Seu aniversário é comemorado por quase todo o mundo. Em torno dele, da Sua figura, as pessoas se reúnem e até discutem.
Discutem a respeito da sua existência, do que fez, do que disse. Ele não escreveu nada, além de algumas palavras na areia, quando Lhe trouxeram uma mulher para ser julgada.
Contudo, a respeito dele se escreveram milhares de obras. Sua fama correu o mundo. Sem dispor de títulos honoríficos ou diplomas universitários, o que disse constitui sabedoria e os que pautam a sua vida nas palavras dele, encontram felicidade.
Escolheu colaboradores a dedo, entre pessoas simples, mas de boa formação e a eles chamou amigos, cultivando a amizade.
A Sua vida pública foi curta, quase três anos, mas muito polêmica. Ele falou a respeito de tudo, dizendo o que era certo, alertando para os erros, convidando as pessoas a pensarem a respeito do que viam, ouviam, não se permitindo simplesmente serem conduzidas como cegos sem direção.
A Sua tônica era o bom senso. Dócil, sabia utilizar a energia quando se fazia necessário. Amorável, distribuía amor aos que O buscavam.
Sempre esteve com o povo, ao lado do povo e Seu verbo era especial para cada um.
A pescadores, sabia falar de peixes e redes. Aos pastores, discursava sobre ovelhas, redil e a qualidade de bom pastor. Com as mulheres do povo, falava a respeito do fermento que leveda a massa, da preocupação que deveriam ter com seus filhos, com seu futuro.
A todos convidava a agir no bem, como receita de felicidade. Ensinava desprendimento, lecionando que a casa do Pai é de todos os filhos. E a casa do Pai é imensa. É o Universo.
Abraçou crianças e as tomou em Seu regaço. Deteve-Se a falar a um moço bom que se sentia insatisfeito e buscava algo mais para sua vida. Convidou-o a segui-lo.
Esclareceu o Doutor da lei que O procurou na calada da noite, para dissipar suas dúvidas e descerrou a ele e ao futuro, a revelação da vida que nunca morre, que se repete em tantas oportunidades até que o Espírito alcance a perfeição.
Comparou-Se ao pastor que conhece as Suas ovelhas e as protege. Comparou-Se ao amigo que dá a sua pela vida dos seus amigos. Aceitou para Si somente o título de Mestre.
Não permitiu que O chamassem bom, pois esta denominação é exclusiva do Pai, o Senhor do Universo.
Sempre respeitou as leis dos homens, mesmo que pudessem parecer tolas ou injustas. Pagou imposto no templo, exigência dos sacerdotes do Seu tempo.
Exortou para que se pagasse o imposto a César, exigência do mundo das coisas transitórias.
Sensível, entendeu a dor da viúva da cidade de Naim e porque descobrisse que o filho era portador de letargia, o convidou ao retorno à vida.
Em casa de Jairo, tocou-Lhe a filha que parecia morta e a devolveu ao regaço dos pais.
A Sua trajetória foi toda de luz. Nada exigia para Si, embora fosse a luz do mundo.
Dizia não ter de Seu sequer uma pedra para repousar a cabeça. Confiante, ensinava que o Pai Celeste que atendia as pequeninas aves, que não semeavam e nem colhiam, igualmente atenderia às necessidades de todos os Seus filhos.
Esteta, soube declamar poemas sobre a beleza da paisagem, enquanto ensinava que o homem é muito mais do que a erva do campo, que hoje é e amanhã é lançada ao fogo.
Que Deus, o Pai de amor, vestia os lírios do campo e assim também providenciaria o necessário para os Seus filhos, mais valiosos que as flores que emurchessem.
Ensinou que ninguém temesse a morte, porque todos são imortais e realizou a passagem desta para a vida espiritual, em oração: Pai, em Tuas mãos entrego Meu Espírito.
Retornou, glorioso, atestando a Imortalidade e, mostrando-Se aos Seus, permitiu que ouvissem Sua doce voz, outra vez a falar de paz e a afirmar: Tende bom ânimo. Eu venci o mundo.
Seu nome é Jesus. O filho de José e Maria. O filho de Deus, nosso Irmão e Mestre.

Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Não matar

É da lei de Deus, o mandamento: "Não matar".
Aos estudiosos da Lei Divina, é assunto bem conhecido e aqueles que já podem ver além dos olhos da matéria, não concebem a consumação de tal ato. Nem por isso devemos afirmar que as criaturas humanas, mesmo conhecedoras das verdades eternas, não estejam sujeitas a tal infelicidade, se considerarmos as injunções terrenas.
Mas o mandamento possui dimensões muito maiores do que possam parecer.
Há um simbolismo muito significativo no "não matar", se refletirmos no verdadeiro significado da palavra: causar a morte, destruir, apagar, extinguir...
Quantas vezes desprevenidos, incautos e inconsequentes andais por aí a matar esperanças quando voluvelmente falais de forma pessimista ou anticristã.
E continuando a viver inadvertidamente, muitas vezes, causais a destruição da fé, fator de fundamental importância para a vida de cada um, porque viver sem fé é começar a morrer.
Sereis capazes de medir a extensão do mal, quando causais a morte da capacidade de alguém ser livre? Aí estão os podadores de direitos entre os quais o direito de falar, de agir, de usar algo que é doação divina: "o livre arbítrio".
Se o ideal é a suprema aspiração do espírito e somente construído por ele, tende o cuidado de não vos constituirdes em anuladores de ideais.
Sim, porque em muitas situações, seja com relação ao ideal de uma pessoa ou de uma sociedade, estais diretamente ligados e comprometidos, quanto a sua realização.
Incentivai os ideais saudáveis e vereis como as criaturas são capazes de criar para mudar e mudar para evoluir.
Podeis sim, sem ferir a matéria atingir a alma, quando menosprezais a indiscutível verdade, quanto ao dever de respeitar a individualidade, enigma sagrado e único que cada ser possui.
Sabeis da importância de um sorriso, de um gesto espontâneo, da palavra que pode contagiar, convencer, induzir ao otimismo, à energia para vencer...
E quantas vezes inconscientemente assassinais a alegria que é um bem divino, porque é força impulsionadora para facilitar ou amenizar as agruras da existência.
Feliz daquele que sabe sorrir e viver com alegria.
Irmãos! Amai a vida. Amai a qualquer vida, a vossa, a do outro... Sede incentivadores, jamais destruidores.
Fazei de vossa presença uma mensagem de amor, de fé e de esperança.
Tornai-vos portadores de verdades, estas  sim, constroem, alimentam a vida e tal conduta vos libertará de cobranças presentes ou futuras que se inserem na lei do "não matar".

(De “Pregando a Espiritualidade”, de Francisco Spinelli)

No corpo

Há quem menospreze o corpo,  alegando com isso honorificar a alma; no entanto, isso é o mesmo que combater escola, sob o estranho pretexto de beneficiar o aprendiz.
Leve observação, porém, nos fará lembrar a importância da vida física.
Diz-se, muitas vezes, que o corpo é adversário do espírito; contudo, é no corpo que dispomos daquele bendito  anestésico do esquecimento temporário, com que a cirurgia da vida, nos hospitais do tempo, nos suprime as chagas morais instaladas por nós mesmos, no campo íntimo; nele, reencontramos os desafetos de passadas reencarnações, nas teias da consanguinidade ou nas obrigações do grupo de serviço para a quitação necessária de nossos débitos, perante a lei que nos governa os destinos; com ele entesouramos, a pouco e pouco, os valores da evolução e da cultura; auxiliados por ele, perdemos os derradeiros resquícios de herança animal, que carregamos por força da longa vivência nos reinos inferiores da Criação, a fim de que nos elevemos aos topes da inteligência; integrados nele, é que somos pacientemente burilados pelos instrumentos da Natureza, ante a glória espiritual que a todos nos aguarda, no Infinito, na condição de filhos de Deus; e, finalmente, é ainda no corpo que somos defrontados pelos grandes amores, a começar pela abnegação dos anjos maternais da Terra, que nos presidem o estágio no plano físico, habilitando-nos para a aquisição dos mais altos títulos na escola da experiência.
Meditemos nisso e saibamos ver no corpo a harmonia sublime em que a sabedoria do Senhor nos ensina, século a século, existência a existência e dia por dia, a bendita ciência do crescimento e da ascensão para a Via Imortal.

(De “Instrumentos do Tempo”, de Francisco Cândido Xavier- Emmanuel)

hora certa

Nem cedo, nem tarde.
O presente é hoje.
O passado está no arquivo.
O futuro é uma indagação.
Fazei hoje mesmo o bem a que te determinaste.
Se tens alguma dádiva a fazer, entrega isso agora.
Se desejas apagar um erro que cometeste, consciente ou inconscientemente, procura sanar essa falha sem delongas.
Caso te sintas na obrigação de escrever uma carta, não relegues semelhante dever ao esquecimento.
Na hipótese de idealizares algum trabalho de utilidade geral, não retardes o teu esforço para trazê-lo à realização.
Se alguém te ofendeu, desculpa e esquece, para que não sigas adiante carregando sombras no coração.
Auxilia aos outros, enquanto os dias te favorecem.
Fazei o bem agora, pois, na maioria dos casos, "depois" significa "fora de tempo", ou tarde demais.

  Emmanuel

  Francisco Cândido Xavier

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Amor insuperável


 Ele veio à luz numa noite quase fria e para aquecê-lo, serviram-se os pais de palhas e feno, destinadas aos animais do local onde se abrigavam.

Teve sua vida ameaçada, desde os meses primeiros, por quem temia se ver destituído do trono das vaidades.

Vagou por terras estrangeiras, retornando à cidade de seus pais, para crescer em graça e vitalidade.

O clima político era de intranquilidade. O povo a que pertencia era escravo de nação arbitrária e dominadora.

O governo estava centrado no acúmulo das riquezas e na manutenção do poder pela força, desde que lhe faleciam razões outras.

Toda vez que lhe mencionariam o nome, ao longo dos séculos que viriam empós, seria lembrado como aquele que viera de cidade das menos expressivas de sua nação.

Seu pai não detinha projeção social. Era carpinteiro e cedo, suas mãos longas e finas passaram a modelar a madeira.

Quando o tempo se fez próprio, fez-se conhecer dos homens, servindo-se de frases ditas muitos séculos antes de sua vinda.

Frases de conhecimento popular, repetidas de geração a geração, em cânticos de esperança.

Mas aqueles mesmos para quem viera, não o reconheceram. Esperavam alguém cheio de pompa e ele fez-se pequeno, para amar e servir aos homens.

Acusaram-no de crime de sacrilégio porque ousou afirmar a sua filiação Divina, desvelando-nos o Pai de todos nós.

Chamou os que o seguiam de amigos, patenteando que a amizade é dos mais puros sentimentos.

Afirmou que se ofereceria em holocausto, no momento oportuno e que, pelos seus amigos, daria a própria vida.

Lecionou a alegria, fazendo-se presente em momentos de importância da vida de parentes e pessoas que desejavam com ele partilhar o pão, a mesa, a amizade.

Abençoou com sua presença um casamento, assinalando a importância da família.

Chamou a si os pequenos, afirmando da importância do período infantil e, educador excepcional, disse das graves responsabilidades de se bem conduzir essa quadra da vida.

Esteve com os jovens e, idealista, convidou-os para o seguirem, a fim de que tivessem a sua juventude abençoada pelo amor imperecível.

Fez da natureza Seu templo e Sua escola, chamando a atenção dos que o ouviam para as coisas pequeninas.

O grão de mostarda, a figueira improdutiva, a sega no momento apropriado, a periodicidade das estações, uma folha de árvore.

Ensinou a nobreza no sacrifício por amor à verdade. Com seu sangue regou o ânimo dos que se lhe tornariam seguidores, no transcorrer dos evos.

Retornando do país do Além, Ele que fora abandonado, traído, apresentou-se para consolar os amigos.

Atestou a Imortalidade com a sua presença, permitindo-se tocar, apalpar.

Conhecedor das necessidades humanas mais primárias, não se pejou em preparar, na praia, o fogo, oferecendo aos amigos pescadores, o alimento, em seu retorno das lides.

Foi filho amoroso, amigo incondicional, servidor da Humanidade.

Nada exigiu. Exemplificou a perfeição e, num convite veemente, estabeleceu que quem o desejasse imitar, bastava tomar de sua cruz e segui-lo.

O que ele fazia, todos podiam realizar.

Não prometeu recursos amoedados ou situações de privilégio. Ele era o modelo e guia, sem sequer possuir uma pedra para repousar a cabeça.

Não era excepcional, afirmava. Filho do Pai Excelso, comungando de sua vontade, revelou-nos a nossa filiação Divina.

E no Seu testamento de amor afirmou que somos os herdeiros das estrelas, os senhores dos astros, viajores do Universo.

Chamam-no Nazareno, Amigo Celeste, Galileu, filho de Deus.

Não importa. Ele é Jesus, o amor insuperável. Nosso Mestre, Amigo, Irmão.


Redação do Momento Espírita.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Sabedoria

Quando você conseguir superar
graves problemas de relacionamentos,
não se detenha na lembrança dos momentos difíceis,
mas na alegria de haver atravessado
mais essa prova em sua vida.
 Quando sair de um longo tratamento de saúde,
não pense no sofrimento
que foi necessário enfrentar,
mas na bênção de Deus
que permitiu a cura.
 Leve na sua memória, para o resto da vida,
as coisas boas que surgiram nas dificuldades.
Elas serão uma prova de sua capacidade,
e lhe darão confiança
diante de qualquer obstáculo.
 Uns queriam um emprego melhor;
outros, só um emprego.
Uns queriam uma refeição mais farta;
outros, só uma refeição.
Uns queriam uma vida mais amena;
outros, apenas viver.
Uns queriam pais mais esclarecidos;
outros, ter pais.
 Uns queriam ter olhos claros;
outros, enxergar.
Uns queriam ter voz bonita;
outros, falar.
Uns queriam silêncio;
outros, ouvir.
Uns queriam sapato novo;
outros, ter pés.
 Uns queriam um carro;
outros, andar.
Uns queriam o supérfluo;
outros, apenas o necessário.
 Há dois tipos de sabedoria:
a inferior e a superior.
 A sabedoria inferior é dada pelo quanto uma pessoa sabe
e a superior é dada pelo quanto ela tem consciência de que não sabe.
Tenha a sabedoria superior.
Seja um eterno aprendiz na escola da vida.
 A sabedoria superior tolera;
a inferior, julga;
a superior, alivia;
a inferior, culpa;
a superior, perdoa;
a inferior, condena.
 Tem coisas que o coração só fala
para quem sabe escutar!

  Chico Xavier


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Cura Espiritual

"Quantas enfermidades pomposamente batizadas pela ciência médica não passam de estados vibracionais da mente em desequilíbrio?" (Emmanuel).
 No trato com as nossas doenças, além dos cuidados médicos indispensáveis à nossa cura, não nos esqueçamos também de que, quase sempre, a origem de toda enfermidade principia nos recessos do espírito.
A doença, quando se manifesta no corpo físico, já está em sua fase conclusiva, em seu ciclo derradeiro.
Ela teve início há muito tempo, provavelmente, naqueles períodos em que nos descontrolamos emocionalmente, contagiados que fomos por diversos vírus potentes e conhecidos como raiva, medo, tristeza, inveja, mágoa, ódio e culpa.
Como a doença vem de dentro para fora, isto é, do espírito para a matéria, o encontro da cura também dependerá da renovação interior do enfermo.
 Não basta uma simples pintura quando a parede apresenta trincas.
Renovar-se é o processo de consertar nossas rachaduras internas, é escolher novas respostas para velhas questões até hoje não resolvidas.
O momento da doença é o momento do enfrentamento de nós próprios, é o momento de tirarmos o lixo que jogamos debaixo do tapete, é o ensejo de encararmos nossas paredes rachadas.
O Evangelho nos propõe tapar as trincas com a argamassa do amor e do perdão.
 Nada de martírios e culpas pelo tempo em que deixamos a casa descuidada. O momento pede responsabilidade de não mais se viver de forma tão desequilibrada.
Quem ama e perdoa vive em paz, vive sem conflitos, vive sem culpa.
Quando atingimos esse patamar de harmonia interior, nossa mente vibra nas melhores frequências do equilíbrio e da felicidade, fazendo com que a saúde do espírito se derrame por todo o corpo.
Vamos começar agora mesmo o nosso tratamento?
Emmanuel - Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O dom da cura

Mas o que vem a ser esse dom de curar?
Será, meu Deus, um privilégio de alguns?
Será esse dom uma raridade?
Quando se fala em médium de cura, todos ficam imaginando uma pessoa especial.
Mas hoje aqui venho, meus companheiros, para dar um pequeno alerta
sobre essa faculdade tão comum e tão especial ao mesmo tempo.
Quando uma mãe vê o filho chorar com alguma dor, com carinho o abraça, o afaga
e com os olhos rasos d’água pede a Deus que o cure.
E essa criança, de repente, pára de chorar. Houve milagre?
Não, amigos, essa mãe usou o seu dom de curar: o Amor.
E nós assim faríamos se tivéssemos realmente esse amor incondicional.
E unidos à fé faríamos o que muitos denominam milagre.
Mas nós, estudiosos do espiritismo, já sabemos que tais milagres não existem,
que são apenas magnetismo, energia, fé, boa vontade e amor
doado pelos médiuns e manipulados por nós.
Há o fator merecimento. Esse, Deus é que julga.
Na hora de darmos um passe não nos importa saber se aquele ser ali
é merecedor ou não, façamos a nossa parte.
E será que alguém aqui seria capaz de saber quem merece ou não?
Somos todos nós, simples aprendizes, ainda engatinhando
na estrada infinita do conhecimento.
O dom de cura está em mim, em você, em nós.
 Está nos nossos maiores e melhores sentimentos: Amor e Boa Vontade.
Será que o Mestre dos Mestres fez milagres?
Ele curou, espantou demônios, levantou os caídos, fez andar os paralíticos…
Foram milagres? Não. Ele tinha fé e o mais puro coração.
Sejam vocês, todos vocês, médiuns de cura.
Usem o que existe em cada um: Amor e Boa Vontade!

= autoria desconhecida =

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Louvemos a dor

O tempo é um calmante e um amigo, um remédio e uma Bênção.
A existência na carne é simples passagem por um túnel escuro. E a nossa felicidade nasce, não dos anos que despendemos ao atravessar o mundo, mas sim dos bens que dentro dele conseguimos improvisar.
Tudo na carne é como vemos um dia – manhã cheia de sol, crepúsculo de sombras e noite cerrada ao nosso olhar.
Felizes daqueles que acendem estrelas no firmamento do próprio coração, para que a jornada se torne menos dolorosa, no nevoeiro noturno, que precede a alvorada seguinte.
Perdoemos a vida e as criaturas pelas angústias que impuseram à nossa sensibilidade.
As mãos feridas são mais seguras que os braços habituados a dominar.
As grandes torturas são grandes bênçãos. No mundo, o nosso sentimento de personalismo não nos permite essa realidade. Mas a morte opera em nós completa reforma quando não receamos a verdade tal qual é.
Bendigamos a dor que zurziu a alma, em todos os passos do dia de ontem. Pouco a pouco, transformar-se-á o nosso sofrimento no óleo bendito que sustentará a claridade da candeia frágil de nossa experiência na Terra.
Sem a luta, dormiríamos na matéria densa, sem qualquer proveito. Deus, porém, que é o nosso Pai de Infinita Bondade, permite que a aflição os acompanhe, no mundo, na condição de abnegação instrutora e, com o decurso do tempo,a paz se converte em nossa companheira para todas as situações e problemas terrestres.
Estudemos e trabalhemos sempre mais. Seja a fé religiosa para nós um meio de ajudar a todos, para que estejamos atuando, e fato, em nome do Cristo, que tantos dons nos concedeu.
Jamais nos arrependeremos da obra que vamos levantando, no terreno do nosso próprio coração – obra de amor, entendimento, humildade e perdão.
A vida responde ao nosso esforço na mesma intensidade de nosso impulso, na criação do bem.
Esperemos a passagem dos dias.
Trabalhemos na sementeira de nossa Consoladora Doutrina, nas duas margens de nossa estrada para Jesus e guardemos a certeza de que não nos faltará o amparo do Senhor.
Chegaremos um dia à praia segura, depois da tempestade. Não será, contudo, o porto enganoso da vitória na Terra, mas o refugio doce da serenidade e da compreensão, onde nosso espírito poderá realmente repousar e preparar-se, ante o futuro que se desdobrará no amanhã.
As sementes do Evangelho, caídas de nossas mãos, um dia serão árvores robustas e preciosas, proporcionando-nos alegrias que nossa imaginação não poderá avaliar, por enquanto.
Identifiquemo-nos com serviço da Humanidade e, nesse sublime trabalho, encontraremos a força preciosa para o sacrifício abençoado que nos garantirá a sublime ascensão.
Isabel Campos-Chico Xavier



sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Autoperdão e ação responsável


 Suponhamos que a cada reencarnação recebemos do Criador um canteiro com uma terra muito fértil, para plantar flores, durante toda nossa vida.

Nascemos com as sementes das flores mas, ao invés de plantá-las, arranjamos sementes de espinhos e as semeamos, enchendo nosso canteiro de espinheiros.

vamos plantando os nossos espinhos, até o dia em que olhamos para trás e percebemos um grande espinheiro.

Então, podemos ter três atitudes diferentes:

Se cultivamos o culpismo, devido ao remorso de não ter plantado as flores que deveríamos, simplesmente nos condenamos a deitar e rolar no espinheiro para nos punirmos, tentando aliviar a consciência de culpa.

Se somos pessoas que cultivamos o desculpismo, começamos a dizer que foi o vento que trouxe as sementes de espinhos,que não temos nada a ver com isso, etc.

Finalmente, se buscamosa ação responsável, ao perceber o espinheiro, assumimos tê-lo plantado e arrependemo-nos do fato.

Depois, percebemos que as sementes das flores continuam em nossas mãos e que podemos começar a plantá-las, agora que estamos mais conscientes.

Ao mesmo tempo sabemos que devemos retirar, um a um, todos os espinhos plantados e plantar uma flor no seu lugar.


Reflitamos sobre as três atitudes:

De que adianta cravar os espinhos plantados na própria carne? Por que aumentar o sofrimento?

Por acaso os espinhos diminuem quando agimos assim? A verdade é que não. De nada adianta. Este é o mecanismo dos que nos afundamos na culpa e deixamos que ela comande nossas vidas.

Substituir os atos de desamor praticados à vida com mais desamor ainda para conosco mesmos não resolve e não cura.

Por outro lado, pensando naqueles que ainda conseguimos achar desculpa para todo e qualquer desatino, por mais absurdo que ele pareça, veremos:

Os que fingimos que o espinheiro não tem nada a ver conosco, apenas estamos postergando o despertar da consciência.

Agindo assim, muitas vezes continuamos plantando mais e mais espinhos, fazendo com que o estrago fique cada vez maior.

O hábito de sempre encontrar desculpas e justificativas para todas nossas ações tem caráter doentio e precisa de atenção imediata de nossa parte.

O ego, em fuga desastrosa, procura justificar os erros mediante aparentes motivos justos. Tal costume degenera todo senso moral e pode nos levar a desequilíbrios psicológicos seríssimos.

Apenas a última opção, a da ação responsável, é caminho seguro.

É uma atitude proativa, pois ao assumir a responsabilidade pelos espinhos plantados, arrependemo-nos e buscamos substituí-los pelas flores.

Nesse ato cobrimos a multidão de pecados, conforme o ensino da Epístola de Pedro, referindo-se ao poder de cura do amor.

Assim crescemos, aprendemos e ressarcimos à Lei maior.


Sempre que cometermos erros, procuremos nos autoperdoar, atendendo à proposta da ação responsável, que troca o peso da culpa pela carga educativa da responsabilidade.
Redação do Momento Espírita

Nossas mães africanas

  Eis aqui a escrava do Senhor, cumpra-se em mim segundo a sua palavra.
Esta é a forma com a qual Maria, a mãe de Jesus, responde ao mensageiro celeste que lhe vem anunciar a concepção da criança.
Estranho se posicionar como escrava quem foi escolhida para ser a excelsa mãe de Jesus. Basta uma pequena reflexão, no entanto, para verificarmos como a expressão está adequada.
Recordamos de tantas escravas, ao longo da História, que se transformaram em auxiliares indispensáveis dos seus senhores.
Escravas cujos nomes acabaram associados aos seus próprios senhores.
No Brasil, lembramos das escravas africanas que serviram ao homem branco. Muitas delas não somente carregaram o sinhozinho nos braços mas o alimentaram com o próprio seio.
Tornaram-se suas segundas mães, acompanhando-os mesmo depois de crescidos, na formação do novo lar, a atender-lhes os filhos, como uma avó.
Avó de cor. Avó de amor.
Amas de leite que, por vezes, tinham seu próprio rebento afastado dos braços, a fim de que sobrasse mais alimento dos seus seios para o filho branco.
E, por não terem o seu bebê nos braços, por terem a saudade a lhes magoar a alma, por sentirem falta do seu filhinho, drasticamente afastado de seu carinho, dedicavam-se ao filho da alheia carne.
O filho do sinhô, o filho da sinhá.
Quem poderá esquecer como essas mães alimentaram, não somente o corpo, mas a imaginação e a mente das crianças sob sua guarda?
Quantas histórias das suas longínquas terras, das tradições de sua gente povoaram as noites daqueles meninos e meninas atentos, ao redor do fogo, no terreiro...
Ou no aconchego da casa grande, ao pé do fogão.
Quantos mingaus, cozidos, temperos foram acrescentados ao cardápio diário.
Aprendendo a língua de quem as tinha sob seus serviços, introduziram palavras diferentes no vocabulário dos pequenos.
E para os acalmar, nas noites de medo, elas cantavam as melodias com que foram elas próprias acalentadas em sua infância.
E, enquanto a saudade as consumia intimamente, também lembravam em versos das riquezas de sua terra natal, de melodias, de danças, de cantorias.
Recordavam dos dias de alegria, quando a liberdade lhes sorria e o futuro era sonhado, nas tardes quentes e nas noites mornas.
Escravas mães. Mães escravas.
Benditas sejam por todos os cuidados dispensados ao homem branco, por sua capacidade de amar o filho alheio.
Benditas sejam por sua grandeza, por sua dedicação, pela contribuição à cultura do povo que as escravizou.
Que nunca esqueçamos o quanto devemos a essas criaturas pois se a escravidão as mantinha presas a tarefas determinadas, foi de forma voluntária que entregaram em holocausto ao amor o próprio coração.
 
Redação do Momento Espírita.