sexta-feira, 15 de maio de 2015

Casamento e Divórcio

A maioria dos casamentos na Terra foram programados no mundo espiritual, antes das pessoas reencarnarem. Nenhuma união amorosa em nosso mundo acontece por acaso. Mesmo aquelas que não foram programas, que são raras por sinal, ocorrem porque um atraiu o outro para aprender algo.

A escolha do companheiro com que vai se casar obedece a uma série de fatores: necessidade de reparação de erros do passado através do amor, necessidades de aprendizagem onde um precisa aprender com o outro uma lição muito forte ou até o que chamam de "expiação" onde uma das pessoas se condena a viver sofrendo com outra para se redimir de seus erros passados. Há também, em número reduzido, casamentos entre almas afins, espíritos que se amam desde muitas encarnações e decidem continuar juntos evoluindo em parceria. Contudo, a maioria das uniões amorosas são baseadas em reparações e provas que ambos precisam enfrentar. É por isso que as uniões conjugais são tão difíceis.
Daí vem a pergunta: se eu escolhi me casar com determinada pessoa, mas agora não estou aguentando a convivência, posso me separar? Se me separar não estarei atrasando meu processo de reparação e evolução?
Deus não obriga ninguém a conviver com quem quer que seja. Cada um é livre e pode escolher modificar o próprio destino.
O divórcio, como explicou Allan Kardec, não é contrário à Lei de Deus, é a favor porque só separa o que já está de fato separado.
As pessoas prometeram se gostar, se tolerar e se amar dentro do possível, mas quando isso não acontece ocorre a separação cujo divórcio só vem oficializar.
Não é errado se separar. É melhor viver separado e formar uma nova família do que continuar numa relação conturbada e acontecer coisas piores, o que vai agravar ainda mais a situação.
Mas como nos orientou Emmanuel e Chico Xavier em seu livro VIDA E SEXO, o programa de reparação ficou interrompido e um dia terá que ser retomado. Nem sempre será retomado novamente como marido e mulher, pode ser que venham como mãe e filho, irmãos, amigos muito próximos, parentes que são obrigados a viver juntos, etc.
Mas divorciar-se quando não há mais outro jeito é o melhor caminho diante das circunstâncias. Muito melhor seria aproveitar a chance para se entender, se tolerar, aprender a lição, buscar se não se amar, aprender a se gostar mutuamente, exercendo o respeito, mas se não dá paciência. Deus não condena, Deus não cobra, Ele sabe esperar uma próxima vez. Um casal que não se dá mais bem se continuar juntos podem cometer mais erros, traindo um ao outro, tendo brigas e discussões violentas muitas vezes levando até a crimes que só irão piorar o estado geral das coisas.
Como disse Kardec: É muito mais humano, é muito mais caridoso, é muito mais sensato separar o que já está separado do que forçar a viver na infelicidade.

Por Maurício de Castro -Médium e escritor

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Não tenha medo de Deus

A sociedade, as religiões e a cultura do mundo rotulou o que é certo e errado, bom ou ruim, moral e imoral, segundo suas próprias conveniências.
As religiões tradicionais, numa equivocada interpretação das revelações divinas, acena com o temor e o pecado para conter seus fiéis. E as pessoas seguem sem questionar, tem medo do sagrado, como se algo fosse tão sagrado assim que dispense a experiência.
Por outro lado a sociedade estabeleceu normas de conduta onde quem segue a moral e os bons costumes é aceito e quem não segue é criticado e discriminado.
Mas nós estamos muito distantes da verdade de Deus.
Nós somos espíritos ignorantes e primitivos, vivendo na Terra, que é um planeta atrasado, um ponto diminuto quase invisível diante da grandeza universal. Contudo, mesmo estando numa situação tão precária, os iludidos se julgam os donos da verdade e da moral e dedo em riste saem por aí julgando, condenando, espalhando o medo e você, diante de tanta coisa, já não sabe como pensar nem o que fazer.
Precisamos parar com isso e rever nossas posturas. Precisamos parar de ser juízes e parar de sermos réus.
Nós somos ainda tão atrasados como espíritos que poucas e raras são as verdades absolutas que já temos conhecimento. Então, diante disso podemos concluir que o certo e o erro, o moral e o imoral é, na grande maioria das vezes apenas uma questão de conceito.
O que é certo em um país pode ser errado no outro, e vice-versa. O homem é tão ignorante das verdades eternas que não há leis absolutamente iguais para os mesmos casos, variando muito de nação para nação.
A grande verdade é que quase nada sabemos e quem tem bom senso deveria sempre repetir sábia frase de Sócrates: Só sei que nada sei.
Estamos nesse mundo para aprender a viver melhor e desenvolver nossa consciência. Para isso precisamos experimentar, viver, sofrer, sorrir, chorar, cantar, errar e acertar.
Toda vez que entramos nas regras dos outros nós sofremos, porque somos seres únicos, originais e diferenciados. Ninguém é igual a ninguém e, por isso, cada lei da vida funciona de forma diferente de indivíduo para indivíduo.
Para Deus não existe erro, pecado, moral nem imoral. Para ele tudo é experiência. Diante do que nos causa dor vamos aprendendo a evitar as experiências negativas e vamos substituindo pelas positivas. É assim que se alcança a sabedoria.
Em meio às regras do mundo muita gente tem medo de viver, medo de fazer isso, medo de fazer aquilo, acreditando que há um Deus vigiando o tempo todo e que vai nos punir por cada erro cometido.
Mas isso é ilusão. Deus não cobra, não castiga, nem pune. Ele criou leis perfeitas, eternas e imutáveis que regem as nossas vidas e que estão em nossa consciência. É a ela que devemos obedecer.
Precisamos aprender a deixar as muletas de lado e andar com nossas próprias pernas, aprendendo que Deus não está fora, mas dentro de nós e que possamos acessá-lo a qualquer instante sem a necessidade de intermediários.
Por isso não tenha medo de Deus, nem tenha medo de errar. Ninguém aprende a andar sem cair, e se cair não se culpe, levante e procure andar melhor. Não existe tribunal, não existe julgamento, não existe cobrança de nada nem de ninguém a não ser de nós mesmos.
Não tenha medo da vida e questione sempre. Não aceite nada sem que passe pelo crivo do seu coração. Se o peito fechar é porque não é certo para você.
Fica a reflexão!

Por Maurício de Castro

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Quem Verdadeiramente Somos?

Quem verdadeiramente somos?
 O que sentimos ou o que pensamos? 
O que sonhamos ou o que realizamos? 
Matéria ou espírito? 
Somos feitos de tudo isso e muito mais. Pontuar apenas um de nossos lados é injusto com quem realmente somos. Reduz a nossa complexidade, a nossa maestria como indivíduos.
Somos filhos e pais, mesmo não tendo filhos biológicos. Agimos como pais de irmãos e de amigos. Somos amigos, mas às vezes inimigos, quando defendemos quem amamos, tomamos partido, esquecendo que somos todos irmãos. Assim somos nós: fragilidade e força, medo e coragem, amor e ódio.
Somos belos e feios. Assim nos sentimos muitas vezes entre um lado e outro da moeda. Desprezamo-nos facilmente ou amamo-nos em demasia, reduzindo quem está ao nosso lado, vivenciando o egoísmo ou reduzindo a nós mesmos, não vivenciando o amor próprio. Desacreditamos facilmente em quem somos. Exaltamos erros, enaltecemos dificuldades, esquecemo-nos de nossas qualidades e, por fim, nos abandonamos.
Por que somos tão cruéis conosco e com o outro?
Por que queremos ser quem não somos?
Por que não olhamos para quem somos?
 Medo? 
Impaciência?
 O desconhecimento de nós mesmos torna-nos frágeis e imaturos. Ignorantes de nós mesmos. Estranhos.
Saber quem somos, respeitando-nos, amando-nos, acolhendo nossas dificuldades, torna-nos o ser que realmente somos. Sei que causa um estranhamento. É confuso. Saímos do início ao fim e retornamos tal qual uma linha reta sem reentrâncias, sem interferências. Enganam-se.
Ser complexo não quer dizer confuso. Ser complexo quer dizer rico em detalhes. Constituído de vários pontos, uns já perfeitos, outros precisando se perfeiçoar. Assim somos nós seres humanos. Um ser em construção que se burila diariamente com o objetivo de conquistar a perfeição.
Não para sermos simplesmente perfeitos, melhores, um mais que os outros. Mas para sermos evoluídos. O melhor que podemos ser. Perfeitos como o Pai. Enganamos a nós mesmos, correndo atrás da perfeição da beleza da matéria, do crescimento intelectual e financeiro, comparando-nos uns aos outros, na tentativa de ultrapassarmos a quem estiver no topo, local que desejamos alcançar.
Não é para isso que nascemos inúmeras vezes, pelo contrário. Temos a chance de renascer para superarmos estes pequenos percalços que teimamos em instalar em nosso caminho. Por isso, experimentamos diversas formas de materialmente ser. Já fomos loiros, morenos, negros. Já tivemos olhos e cabelos de cores e texturas diferentes. Já experimentamos ser pobres ou ricos, intelectuais ou ignorantes, já fomos o que hoje queríamos ser ou desprezamos ser.
O Pai, justo e amoroso, ensina-nos com sabedoria e delicadeza. Fornece-nos o que é necessário ao nosso crescimento. Não nos lança ao aprendizado sem olhar para as nossas necessidades, equipa-nos com os instrumentos necessários para que alcancemos nossos objetivos em cada jornada.
Tenhamos fé. Acreditemos em Seu amor e em Sua maestria de Pai e Educador. Caminhemos seguros e confiantes. Sem medo, olhemo-nos com amor para que possamos enxergar além das nossas faltas. Percebamos nossas virtudes e o caminho para o nosso aperfeiçoamento. Não foqueis nas inabilidades ou nas ausências, paralisando-se. Almejai o crescimento, utilizando o que tem e construindo o que não tem, não se prendendo a falsas necessidades. Muitas vezes uma falta é o passaporte para grandes voos na evolução.
Ficai atentos. Orai e vigiai. Acolhei-os carinhosamente. Respeitai quem sois. Agradecei por quem sois. O Pai caprichou na criação de seus filhos para que um dia todos eles estejam ao seu lado. Confiem em Seus desígnios.
Abraço carinhoso
Luanda

03/05/15
Leia mais: http://www.cacef.info/news/quem-verdadeiramente-

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Orai e Vigiai-Uma Recomendação

Orai e vigiai, recomendou-nos o Senhor Jesus e todos seus discípulos que vieram e veem depois dele.
 Por que será que esta recomendação é tão importante?

Ela é fortalecedora e renovadora! Ilumina o caminho para que nossos passos sigam em segurança. Os caminhos não são retos. Múltiplos são os percursos. Inúmeros são os obstáculos. Sob a escuridão será difícil alcançar o objetivo final. Será difícil atravessar as barreiras, vencer as vicissitudes.
A luz da oração fortalece os pensamentos e constrói melhor as emoções. Ilumina os caminhos, facilitando a visualização. Pensamentos fortes, e emoções sinceras e claras resultam em: aprendizado garantido e passos seguros e firmes para a jornada que futuramente será alcançada.
Este é o papel da oração. O de criar um caminho seguro até Deus. Não há nada mais lógico do que ser guiado por ele, através de suas orientações do percurso: a oração.
Orar é dialogar com Deus e com toda a sua obra. Dialogar é falar e ouvir. E como ouvir sem estar atento? E como saber o que falar, questionar sem ouvir?
Pois é chegada a hora do vigiar. Vigiar é ficar atento. É estar sensível à escuta dos sinais de Deus. É não se deixar persuadir por tantos outros ruídos que nos visitam durante todo o dia. Ruídos nem sempre agradáveis, saudáveis, politicamente corretos, ou, diremos melhor, satisfatoriamente corretos.
É além da ideia do bem e do mal. É muito mais profundo. É a relação do homem, do indivíduo consigo mesmo, com o Deus que habita dento de si, com sua consciência. Com o que acredita ser certo ou errado, ou melhor, satisfatório para si mesmo.
O vigiar vem do ato de estar interiormente atento. Atento, inicialmente ao interno. E, depois, a tudo que esteja ligado a ele. O externo só nos influencia se o nosso interno permitir.
Como ele está?
 O que tem pensado?
 Sentido?
 Está ciente de seus desejos?
 De seus planos?
De sua força? 
De sua Fé?
Fé, esta força maior que se amplia de acordo com o autoconhecimento, pois que é uma força interna, individual, ligada diretamente ao Senhor. Ela facilita o fazer da oração: o diálogo entre nós, conosco, com ele.
Por isso não há oração sem vigília. Por isso é uma prática tão recomendável. Somente por isso é tão importante para todos nós.
Que mais dizer, a não ser retomar a fala inicial. Orai e vigiai esta é uma recomendação do Pai, do Filho e dos amigos de Luz.

Abraço carinhoso, Josué.
12.04.15
 http://www.cacef.info/news/orai-e-vigiai-uma-recomendacao

A Criação sob o olhar de Luanda

Na manhã do terceiro dia, Ele percebeu que o mundo estava pronto. Mas olhando atentamente para sua criação percebeu que algo lhe faltava. Desejou que tivesse mais vida. E assim o ornamentou com diversas cores. Plantas, flores e frutos cobriram a terra e o resultado deixou o Senhor dos mundos feliz.
Ficou admirando-o com carinho. Com o amor de quem faz com cuidado. De quem admira e sorri para o resultado da materialização da sua vontade. Com o olhar de quem quer proteger o que criou.
Então, deu-lhe um grande abraço, energizando sua criação que estava viva. Porém, sentiu-se só. Desejou repartir com outrem a maravilha que agora tinha em seus braços. Quem convidaria para estar ao seu lado?
Pensou em seres que pudessem preencher todas as extensões do novo mundo. Que pudesse aproveitar as águas, os solos, as matas e o céu. E pensando em cada uma destas estruturas, criou-os com peculiaridades necessárias a cada ambiente, acrescentando detalhes para que cada um dos seres convidados à vida pudesse viver adequadamente em seu habitat.
Quanta beleza, quanto movimento, quantos lindos sons foram surgindo, encantando o Senhor que continuava a amar a construção que vinha fazendo. Amava intensamente cada criatura criada. E quanto mais amava mais criava. E quanto mais criava, mas aperfeiçoava-se na sua capacidade de criação.
Animais de muitas cores passaram a percorrer a terra que produziu. Caminhavam pelos espaços embelezando e aproveitando o que o Senhor os havia dado e, felizes, agradeciam o presente da existência. Comunicavam-se e tentavam conviver em harmonia. Mas com o passar do tempo, esta prática tornou-se difícil, pois foram crescendo em número e já não comportavam os espaços que eram seus. E foram penetrando nos espaços alheios de forma educada e gentil no início. Porém, depois, de forma agressiva e dominadora.
O Senhor entristeceu. Não queria tira-lhes a vida. Não queria reduzir as espécies. Não queria perder nenhum dos seus filhos, assim os considerava: filhos. Então, percebeu que era preciso ensinar-lhes como dividir. Como compartilhar e conviver.
 Mas como faria isso?
Amou-os muito mais do que já os amava, acreditando que a luz do seu amor os iluminaria. E ao amá-los cada vez mais, desejou que eles estivessem mais perto de Si. Então, construiu um caminho, iluminado para que chegassem até Ele. E respeitou-os, respeitando o tempo necessário de cada um para chegar ao seu encontro.
Mas não ficou a esperar de braços cruzados. Olhos atentos de pai guiavam-no para ações necessárias que orientasse, protegesse e auxiliasse cada um deles em sua travessia.
Sofria toda vez que via um de seus filhos pegar o caminho errado, o que atrasaria a sua chegada, mas compreendia e respeitava suas escolhas. E, embora não se intrometesse em suas decisões, encaminhava-lhes de pequenos a grandes sinais para que a lembrança do caminho até Ele permanecesse em seus planos de vida.
E, tomado pela alegria, comemorava a cada chegada. A cada passo que os aproximava. A cada decisão que os trazia de volta para o caminho de encontrá-Lo.
Através desta forma distinta de contar-lhes sobre a Criação, convido-os a refletir sobre o Amor do Pai, sobre nossa relação com Ele e sobre os seus ensinamentos. A não expressão do nome do Senhor Jesus não indica sua inexistência e nem a do seu papel como nosso maior exemplo. Sua presença se faz presente. Chamei-o de Amor. E, inspirada pelo contador de histórias que Ele foi, deixei a história da criação tomar vida, através das minhas impressões e sentimentos, e caminhar até vocês para que possamos refletir. E proponho, como uma oração, um caminhar de acordo com as Leis de Amor do Pai e com os exemplos do Filho.
Que possamos fazer o mesmo. Amar o Pai e desejar reencontrá-lo. E diante deste amor, respeitar e compreender o tempo de cada um em sua caminhada a Deus, incluindo o nosso próprio tempo.
Que possamos caminhar juntos lado a lado, auxiliando-nos mutuamente no que for preciso para alcançar o objetivo maior: encontrar o Pai.
Que possamos amar muito. Cada vez mais, aperfeiçoando o nosso ser.
Que possamos conviver em harmonia, respeitando o espaço um dos outros.
Que nosso olhar seja atento, para que possamos reconhecer os sinais que o Pai carinhoso nos envia.
Que sejamos firmes em nossas escolhas, não desviando a responsabilidade dos nossos erros (ler dificuldade) a outrem ou até ao Pai, porque só assim, ao reconhecê-los, podemos corrigi-los. Poderemos fazer diferente.
Que deixemos o Amor do Pai nos penetrar e iluminar, guiando nossos passos, nossos sentimentos, nossos desejos e nossas atitudes.
Que possamos amar uns aos outros como Eles nos orientaram, compreendendo, respeitando, perdoando, auxiliando, cuidando uns dos outros.
Que o Pai vos abençoe hoje e sempre.

O Sustento do Corpo e do Espírito

Certo aprendiz, em conversa com o professor, queixou-se de grande incapacidade para reter as lições.
Sentia-se sonolento, desmemoriado...
Ao cabo de alguns instantes de leitura, esquecia de todo os textos mais importantes, ainda mesmo os que se referissem às suas mais prementes necessidades.
Que fazer para evitar a perturbação?
Travou-se então entre os dois o seguinte diálogo:
– Meu filho, quando tens sede, foges do copo d’água?
– Impossível. Morreria torturado.
– Quando nu, abandonas a veste?
– De modo algum. Não dispenso o agasalho.
– Esqueces de levar o alimento à boca, ao te apresentarem a refeição?
– Nunca. Como poderia andar sem comer?
– Pois também não podes viver sem educação - concluiu o orientador. – Lembra-te dessa verdade e estarás acordado para os ensinamentos de nossos mestres.
O mentor do grupo esboçou silencioso gesto de bom humor e salientou:
– Nossa alma precisa estudar e conhecer, tanto quanto nosso corpo necessita de respirar e nutrir-se...

(Do livro "Antologia da Criança"- Meimei, Francisco Cândido Xavier)
 http://www.cacef.info/news/o-sustento-do-corpo-e-do-espirito/?

sexta-feira, 1 de maio de 2015

O Exame de Caridade

Vinham de longe, explicaram atenciosos. Judeus prestigiosos da Fenícia, moravam em Sidon. Já haviam bebido a cultura egípcia e grega, tanto quanto a filosofia dos persas e babilônios. O anúncio da Boa Nova chegara-lhes aos ouvidos. Desejavam servir nas fileiras do Novo Reino, combatendo a licenciosidade dos costumes, na avareza dos ricos e na revolta dos pobres. Aceitavam o Deus único e pretendia, consagrar-lhe a vida.
De quando em quando, os recém-chegados retificavam as dobras das irrepreensíveis túnicas de linho alvo ou acentuavam, de leve, o apuro das sandálias.
O Senhor ouviu-lhes as informações com admirável benevolência.
Cada qual falou, por sua vez, comentando as angústias do problema social na poderosa cidade de que provinham e, após encarecerem a necessidade de transformações políticas no cenário do mundo, esperaram, curiosos, a palavra do Cristo, que lhes afirmou, bondoso:
- Está escrito: - Amarás o Senhor, Nosso Deus e Nosso Pai, de todo o coração, e não farás dele imagens abomináveis; eu, porém, acrescento – fugi igualmente à idolatria de vossos próprios desejos, aniquilai o exclusivismo e não vos entronizeis na mentira, porque estaríeis lesando a Sublime Divindade.
Recomenda Moíses: - Não tomarás o nome do Todo-Poderoso em vão; esclareço-vos, contudo, que ninguém deve menoscabar o nome do próximo na maledicência, na calúnia, no verbo inútil ou desleal.
Determina o Decálogo: - Santificarás o dia de sábado; exorto-vos, entretanto, a não converterdes semelhante artigo em escora da ociosidade sistemática. Respeitando a pauta necessária da natureza, não a transformeis em hosanas à preguiça dissolvente.

Manda o texto antigo: - Venera teu pai e tua mãe nos laços consangüíneos; todavia, é imperioso reconhecer a necessidade de respeito a todos os homens dignos, onde estiverem, olvidando-se no bem geral as fronteiras de raça, família, cor e religião, compreendendo-se que acima dos limites impostos pelo sangue, na Terra, prevalecem os imperativos sagrados da Família Universal.
Reza a lei do passado: - Não matarás; eu, porém, vos digo que não se deve matar em circunstância alguma e que se faz indispensável a vigilância sobre os nossos impulsos de oprimir os seres inferiores da Natureza, porque, um dia, responderemos à Justiça do Criador Supremo pelas vidas que consumimos. Pede o venerável testamento: - Não cometerás adultério; asseguro-vos, no entanto, que o adultério não atinge somente o corpo de nossas irmãs em Humanidade, mas também a carne e a alma de todos os homens que se esqueceram de caminhar retamente.
Aconselha o grande legislador: - Não furtarás; digo-vos, contudo que não se deve roubar, não somente objetos valiosos e valores em dinheiro, mas também não nos cabe furtar o tempo do Senhor, nem distrair os minutos dos servos aplicados de suas obras.
Consta na velha aliança: - Não dirás falso testemunho conta o teu próximo; declaro-vos, porém, que é imprescindível guardar boa-vontade e amor no coração, irradiando-os em pensamento.
Assinala a revelação antiga: - Não cobiçarás a casa do teu próximo, nem desejarás a sua mulher, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento; eu, porém, vos afianço que nos compete a obrigação de procurar a luz, o bem e felicidade, trabalhando sem desânimo e servindo a todos sem descanso,inacessíveis à peçonha do ódio, da inveja, do ciúme, do despeito e da discórdia, portadores que são de veneno e treva para o Espírito.
Fez o Mestre pequeno intervalo na prelação, reparando que os visitantes da Fenícia se mantinham pálidos e confundidos.
Nesse ínterim, a sogra de Pedro reclamou-lhe a presença num quarto próximo: e Jesus, rogando ligeira licença, prometeu prosseguir nos ensinamentos novos, por mais alguns instantes; todavia, em voltando pressuroso aos ouvintes, debalde procurou os consulentes, movimentado os olhos ternos e lúcidos.

Na sala silenciosa não havia ninguém...

 Irmão X - Do livro: Pontos e Contos: Francisco Cândido Xavier.