domingo, 30 de setembro de 2012

As Colônias Espirituais

Luz de uma Nova Era
Os livros de André Luiz dão-nos informações
detalhadas a respeito da vida nas três
primeiras esferas espirituais. Segundo ele,
estas faixas vibratórias são formadas de
inúmeras cidadelas espirituais, umas maiores,
outras menores, onde se reúnem Espíritos em
condições evolutivas semelhantes.
As condições de sociabilidade das esferas
mais purificadas nos são totalmente
desconhecidas, no entanto, a vida nas regiões
mais próximas da crosta desenvolvem-se de
maneira semelhante:
a) Habitação:
 
há semelhança com a que existe
na Terra. No plano extra-físico vamos
identificar casas, hospitais, escolas, templos,
etc. Ernesto Bozzano em "A Crise da Morte"
afirma que a paisagem astral se compõe de
duas séries de objetivações do pensamento. A
primeira é permanente e imutável, por ser
objetivação do pensamento e da vontade de
entidades espirituais muito elevadas,
prepostas os governo das esferas espirituais.
A outra é, ao contrário, transitória e muito
mutável; seria a objetivação do pensamento
de cada entidade desencarnada, criadora do
seu próprio meio imediato.
Examinando o pensamento deste autor,
podemos aceitar que as construções das
colônias espirituais enquadram-se na
primeira série, enquanto a paisagem das
regiões umbralinas pertencem a segunda;
b) Vestuário:
a apresentação externa dos
Espíritos depende de sua força mental e de
seu desejo, pois eles são capazes de
modificarem a sua aparência por um
processo denominado ideoplastia.
Nem todos os Espíritos, no entanto, têm
condição evolutiva suficiente para plasmarem
suas vestes perispirituais, donde a
necessidade de roupas confeccionadas por
especialistas na área. André Luiz em "Nosso
Lar" mostra departamentos reservados a esta
tarefa;
c) Alimentação:
nem todos os Espíritos são
capazes de retirar do Fluido Cósmico
Universal a energia reparadora para as suas
células, daí a necessidade dos Espíritos
materializados, alimentarem-se de recursos
energéticos mais consistentes. Por esse
motivo, observam-se no mundo espiritual
alimentos a base de sucos, sopas e frutas;
d) Sono e Repouso:
 
quanto mais evoluído o
Espírito, menos necessita de repouso, para
reparar as suas energias. Espíritos inferiores
dormem à semelhança do homem encarnado;
e) Transporte:
 
os Espíritos superiores se
locomovem através de um processo
denominado volitação, onde transforma a sua
energia latente em energia cinética,
deslocando-se no espaço em altas
velocidades. No entanto, Espíritos existem,
que ainda não desenvolveram esta faculdade,
daí a necessidade de veículos para transporte
nas faixas espirituais mais próximas da Terra;
f) Linguagem:
a linguagem oficial entre os
Espíritos é a do pensamento. No entanto,
muitas almas ainda involuídas, não
conseguem se comunicar através do
pensamento, donde a necessidade de palavra
articulada. Assim sendo, vamos observar
colônias onde se fala o português, o inglês,
etc.;
g) Vida Social:
 
a vida social nas colônias
espirituais é intensa e tem como objetivo a
preparação dos Espíritos para o seu retorno a
Terra em nova roupagem física.
Estudam, trabalham, repousam e se divertem.
Há relatos de casamento, festas e jogos,
segundo hábitos e costumes da colônia. O
Maria João de Deus em "Cartas de Uma Morta"
afirma:
"Os saxões, os latinos, os árabes, os orientais,
os africanos, formam aqui grandes falanges à
parte, e em locais diferentes uns dos outros.
Nos núcleos de suas atividades conservam os
costumes que os caracterizavam e é
profundamente interessante verificar como
essas colônias diferem umas das outras."
Manoel Philomeno de Miranda em "Loucura e
Obsessão" lembra-nos:
"Católicos, protestantes e outros religiosos
após a morte, não se tornam espíritas ou
conhecedores da realidade ultra-tumular; ao
revés, dão curso aos seus credos, reunindo-se
em grupos e igrejas afins."
Cabe-nos lembrar que nem todas as cidadelas
espirituais têm uma orientação sadia, voltada
para o bem e para o equilíbrio das criaturas.
André Luiz em "Libertação" diz:
"Incapacitados de prosseguir, além do
túmulo, a caminho do Céu que não souberam
conquistar, os filhos do desespero
organizam-se em vastas colônias de ódio e
miséria moral, disputando entre si a
dominação da Terra."
Mas lembra também o benfeitor que, a
Misericórdia Divina não os desampara pois,
são observados e assistidos por entidades
luminosas;
h) Animais e Plantas:
 
o solo do mundo
espiritual, à semelhança do solo do planeta é
coberto por uma infinidade de plantas, flores
e hortaliças que são cultivadas, com muito
esmero, por mãos bondosas.
Os animais, como regra geral, reencarnam
quase imediatamente após a morte, no
entanto, em certas ocasiões, eles podem vir a
ser preparados por entidades especializadas
para serem utilizados em tarefas específicas.
Muitas vezes, no entanto, as descrições da
paisagem espiritual, quando falam de "formas
animalescas", estão se referindo a Espíritos
humanos em processo de deterioração de
seus corpos espirituais (licantropia ou
zoantropia), como também de "formas
ideoplásticas", fruto do pensamento e da
vontade de entidades viciosas do astral
inferior.
* * *

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Retrato de Jesus


Em Roma, no arquivo do Duque de Cesadini, foi encontrada uma certa carta de PÚBLIO LÊNTULUS, Procônsul da Galiléia, dirigida ao Imperador Romano, Tibério César, em virtude de este ter interpelado ao Senado Romano acerca do Cristo, de quem tanto lhe falavam. Eis a carta que é um retrato fiel de Jesus:
"Sabendo que desejais conhecer quanto vou narrar: existindo nos nossos tempos um homem, o qual vive atualmente de grandes virtudes, chamado Jesus, que pelo povo é inculcado profeta da verdade, e os seus discípulos dizem que é filho de Deus, criador do Céu e da Terra e de todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado; em verdade ó César, cada dia se ouve coisas maravilhosas desse Jesus; ressuscita os mortos, cura os enfermos, em uma só palavra: é um homem de justa estatura e é muito belo no aspecto.
Há tanta majestade no rosto, que aqueles que o vêem são forçados a amá-lo ou teme-lo. Tem os cabelos da cor da amêndoa bem madura, são distendidos até as orelhas, e das orelhas até às espáduas, são da cor da terra, porém mais reluzentes. Tem no meio da sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso nos Nazarenos; o seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno, nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face de uma cor moderada; o nariz e a boca são irrepreensíveis. A barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não muito longa, mas separada pelo meio; seu olhar é muito especioso e grave; tem os olhos graciosos e claros; o que surpreende é que resplandecem no seu rosto como os raios do sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque quando resplende, apavora, e quando ameniza faz chorar; faz-se amar e é alegre com gravidade. Diz -se que nunca ninguém o viu rir, mas, antes, chorar. Tem os braços e as mãos muito belos; na palestra contenta muito, mas o faz raramente e, quando dele alguém se aproxima, verifica que é muito modesto na presença e na pessoa. É o mais belo homem que se possa imaginar, muito semelhante a sua Mãe, a qual é de uma rara beleza, não se tendo jamais visto, por estas partes, uma donzela tão bela...
De letras, faz-se admirar de toda a cidade de Jerusalém; ele sabe todas as ciências e nunca estudou nada. Ele caminha descalço e sem coisas alguma na cabeça. Muitos se riem, vendo-o assim, porém em sua presença, falando com ele, tremem e admiram. Dizem que um tal homem nunca fora ouvido por estas partes. Em verdade, segundo me dizem os hebreus não se ouviram, jamais, tais conselhos, de grande doutrina, como ensina este Jesus; muitos judeus o têm como divino e muitos me querelam, afirmando que é contra a lei de tua Majestade.
Diz-se que este Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas, ao contrário, aqueles que o conhecem e com ele têm praticado, afirmam ter dele recebidos grandes benefícios e saúde, porém à tua obediência estou prontíssimo - aquilo que Tua Majestade ordenar será cumprido.
Vale, da Majestade Tua, fidelíssimo e obrigadíssimo.
L’indizione setima, luna seconda."
Públio Lêntulus

O que é Reforma Intima


 "A reforma íntima é a reforma o nosso eu, nosso íntimo. É a mudança para melhor, é elevar-se na condição humana deixando de ser egocêntrico e se tornando altruísta. É trocar atitudes erradas por atitudes corretas, erros por acertos que um dia se tornarão virtudes." 

20 EXERCÍCIOS PARA A REFORMA ÍNTIMA:

1 - Executar alegremente as próprias obrigações.

2 - Silenciar diante da ofensa.

3 - Esquecer o favor prestado.

4 - Exonerar os amigos de qualquer gentileza para conosco.

5 - Emudecer a nossa agressividade.

6 - Não condenar as opiniões que divergem da nossa

7 - Abolir qualquer pergunta maliciosa ou desnecessária.

8 - Repetir informações e ensinamentos sem qualquer azedume.

9 - Treinar a paciência constante.

10 - Ouvir fraternalmente as mágoas dos companheiros sem biografar nossas dores.

11 - Buscar sem afetação o meio de ser mais útil.

12 - Desculpar sem desculpar-se.

13 - Não dizer mal de ninguém.

14 - Buscar a melhor parte das pessoas que nos comungam a experiência.

15 - Alegrar-se com a alegria dos outros.

16 - Não aborrecer quem trabalha.

17 - Ajudar espontaneamente.

18 - Respeitar o serviço alheio.

19 - Reduzir os problemas particulares.

20 - Servir de boa mente quando a enfermidade nos fira.

O aprendiz da experiência terrena que quiser e puder aplicar-se, pelo menos, a alguns dos vinte exercícios aqui propostos, certamente receberá do Divino Mestre, em plena escola da vida, as mais distintas notas no curso da Caridade.

pelo Espírito Scheilla – Do livro: Ideal Espírita, Médium: Francisco Cândido Xavier – Espíritos Diversos

domingo, 23 de setembro de 2012

Consulta aos espíritos

Francisco Cândido Xavier
Temos recebido, de várias procedências, acenadas por amigos nossos, solicitações endereçadas aos Benfeitores Espirituais a respeito da cremação. Isso tem sido objeto de muitas conversações nossas.
Na reunião de ontem, O Livro dos Espíritos nos deu para estudo a questão 164. Nos comentários veio à tona a mesma interrogação: o que dizem os amigos desencarnados sobre a cremação ao invés do sepultamento dos mortos? No final de nossas atividades nosso caro Emmanuel escreveu sobre o assunto a página "Cremação".
CREMAÇÃO
De quando em quando, amigos da Terra nos inquirem com respeito aos resultados possíveis da cremação que tenhamos porventura experimentado após o afastamento do corpo denso.
E efetivamente o assunto se reveste de significação e proveito, pelas repercussões do processo crematório no plano espiritual.
Por muito se examine, no mundo, a presença da morte física, conferindo-se-lhe foros de igualdade em quaisquer circunstâncias, o óbito não é idêntico no caminho de todos.
Qual ocorre no berço, quando o renascimento estabelece condições diferentes, do ponto de vista orgânico, para cada um de nós, a separação do veículo terrestre está revestida de características originais para cada indivíduo. Além da existência comum na Terra, nem todas as criaturas se observam imediatamente exoneradas da inquietação e do trauma, da ansiedade ou do apego exagerado a si próprias.
Temos companheiros que, na desencarnação pelo fogo se liberam de improviso de qualquer conexão com os recursos que usufruíram na experiência material. Entretanto, encontramos outros, em vasta maioria, que embora a lenta desencarnação progressiva que atravessaram, se reconhecem singularmente detidos nas impressões e laços da vida material, notadamente nas primeiras cinquenta horas que se seguem à derradeira parada cardíaca no carro fisiológico. Fácil observar, em vista disso, que o período de espera, no espaço razoável de setenta e duas horas, entre o enrijecimento do corpo físico e a cremação respectiva, é tempo valioso para a generalidade de todos aqueles que se encontram em trânsito de uma vida para outra.
Isso é compreensível porque se muitos irmãos dispensam semelhante cuidado, desde os primeiros instantes de silêncio no cérebro, outros, aos milhares, se observam vinculados aos tecidos inertes de que já se desvencilharam, no anseio, embora vão, de revivescê-los. À face do exposto, nós, os amigos desencarnados, nada poderíamos aventar fundamentalmente contra a cremação. No entanto, entendendo que os nossos amigos - os homens da Esfera Física - ainda não dispõem de instrumento para analisar os graus de extensão e de intensidade do relacionamento entre o espírito recém-desencarnado e os resíduos sólidos que lhes pertenceram no mundo, consideramos justo que se lhes rogue o citado período de repouso, a favor dos chamados mortos, em câmara fria que lhes conserve a dignidade da forma. Depois disso o sepultamento ou a cremação nada mais representam, para a alma, que a desagregação mais lenta ou mais rápida das estruturas entretecidas em agentes físicos, das quais se libertou.

Emmanuel
Livro – Caminhos de Volta

Por Sérgio Ribeiro 

sábado, 22 de setembro de 2012

O Batismo


Moisés, o célebre legislador hebreu, no intuito de orientar o seu povo nos mais rudimentares preceitos de higiene, estabeleceu, além das leis de natureza político-religiosas, uma série de medidas que visavam defender a saúde daquele povo ainda inculto e agreste. Com efeito, o Velho Testamento recomenda lavar as mãos, os copos, os pratos, as camas, a roupa, etc., enfim, uma série de medidas de feição religiosa, cuja finalidade era formar certos hábitos indispensáveis à saúde do povo. Ora, o batismo judaico era, em última análise, uma dessas medidas de higiene, e, nesse ponto, ninguém tem maior autoridade para dizê-lo do que Flávio Josefo, célebre historiador 'judeu do 1º século. Profundo conhecedor das seitas religiosas do seu povo, diz, referindo-se a João, "chamado o Batista", que "a imersão na água (o batismo), agradável a Deus, era feita, não para a remissão dos pecados, mas para purificar, o corpo, desde que a alma tivesse sido purificada por uma via justa." (Antiguidades XVIII, 5, 2)
A lavagem das roupas era também considerada um dos meios de santificação, mesmo antes da revelação do Sinai (Êxodo, XIX :10) e os rabis ligavam a isso o dever de banhar-se por imersão completa (Lev., XV:5; Números, XIX:7, etc.)
Lendo os preceitos religiosos de outros povos antigos, chega-se à conclusão de que o batismo não começou com o Batista nem o batismo teve origem propriamente no povo judeu. Na antiga Babilônia, na índia, na China, etc., o batismo, no adulto ou na criança, de modo geral, se assemelhava ao batismo judaico-cristão. Mesmo entre os antigos pagãos, astecas, incas, etc., o batismo era praticado muito antes da influência do Cristianismo. Entre os pagãos, de onde provavelmente se originou o batismo que hoje se faz nas igrejas, a cerimônia, em geral, tinha lugar logo após o nascimento, ocasião em que o recém-nascido recebia o nome, sendo então colocado sob a proteção dos deuses.
De acordo com os ensinos rabínicos, o batismo era praticado no antigo Judaísmo como meio de penitência, a fim de poderem pronunciar, em perfeita pureza, o nome de Deus nas orações. Os essênios, sem dúvida por isso, costumavam batizar-se, isto é, banhar-se, todos os dias pela manhã (The Jewish Encyclopedia, Isidore Singer, 2º vol., pág. 500).
O batismo de João era, pois, um velho preceito de caráter religioso, que lembrava a ideia de purificação, cuja finalidade era evitar a propagação de doenças, sobretudo da lepra, comum entre os judeus daquela época. Jesus mesmo reconhecera a sua necessidade, tanto que, embora ele próprio não batizasse, os seus discípulos batizavam ainda mais que João (João, 4-:2). O próprio Batista via na tradição do batismo da água uma medida indispensável à saúde daquele povo que vivia em promiscuidade num país quente seco e poeirento. Jesus mesmo, para não escandalizar, pede ao Batista para ser batizado dizendo: "Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda justiça" (Mat., 3:15). É claro que Jesus não tinha nenhum "pecado original" .
Para Jesus o batismo tinha significação espiritual. Quando dois dos seus discípulos se aproximaram dele, e pediram que, no seu reino, lhes permitisse assentar-se um à sua direita e o outro à sua esquerda, Jesus respondeu: "Não sabeis o que pedis; podeis vós beber o cálice que eu bebo e ser batizado com o batismo com que sou batizado?" Eles responderam: "Podemos". Mas Jesus, como se já esperasse essa resposta, disse: "Em verdade vós bebereis o cálice que eu beber, e sereis batizados com o batismo com que sou batizado; mas assentar-se à minha direita ou à minha esquerda, não me pertence a mim conceder, senão àqueles para quem está preparado." (Marcos, 10:35-40) Compreende-se, pois, que Jesus aí não se refere ao batismo da água, mas às dificuldades e às lutas que teria de enfrentar. O cálice e o batismo simbolizam a vitória do seu Espírito diante das dificuldades terrenas. Não têm outra significação as suas palavras: "quem crer e for batizado será salvo", isto é, quem vencer a batalha da vida, quem vencer o mundo como ele venceu, alcançará a paz. A HISTÓRIA DO BATISMO DA ÁGUA PARA “LAVAR O PECADO ORIGINAL” É PURA INVENÇÃO DA IDADE MÉDIA.

José Monteiro Lima
Reformador (FEB) Novembro 1946

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A EFICÁCIA DA PRECE EM FAVOR DO SUICIDA

A oração é um recurso mental de poder extraordinário.
Podemos orar pelos encarnados e pelos desencarnados, por nós mesmos e pelos outros.
Através da oração não podemos mudar o curso dos resgates necessários, em nós ou nos outros, mas podemos confortar e ser confortados. Quando bem utilizada, ela amplia a nossa receptividade, favorecendo aos bons Espíritos, nos inspirarem.
Quantos problemas poderiam ter morrido no nascedouro, se o recurso da oração sincera tivesse sido utilizado!
A oração feita com amor gera ondas mentais, que se propagam no espaço em direção ao alvo para o qual é endereçada. No caso específico de Espíritos sofredores, ela proporciona alívio e conforto espiritual.
No entanto, muitas pessoas, mesmo aquelas que são conhecedoras do poder da oração, externam certa dúvida, quando se trata de orar pelos que se suicidaram.
Certamente supõem que o suicida, sofredor de dores inimagináveis, como descrevem algumas obras espíritas, permanecendo longo período em total perturbação, dispensariam o recurso da oração.
É como se imaginassem um determinismo, que a oração não poderia mudar.
Comete grande equívoco quem defende esta tese. É no mínimo uma prova de desconhecimento a respeito do assunto.
Os efeitos da prece acontecem através de mecanismos não totalmente conhecidos por nós, humanos.
Os relatos feitos por desencarnados, que foram vítimas de suicídio, comprovam a eficácia da prece e revelam ser uma importante caridade, realizada em benefício destes sofredores.
Ela é um recurso algumas vezes esquecido, porém, poderoso em qualquer circunstância.
Claro que não podemos interpretá-la como um recurso mágico para isentar o devedor do débito.
Mas com certeza lhe dará conforto e forças para reagir, impedindo, em alguns Espíritos, o prolongamento desnecessário do seu sofrimento.
Para melhor esclarecimento a respeito do assunto, consideraremos duas situações, colhidas do livro Memórias de um Suicida, ed. FEB, recebido mediunicamente por Yvonne do Amaral Pereira:
a) Espíritos resgatados das zonas de sofrimento, em recuperação nas colônias espirituais – comentário de Camilo Cândido Botelho:
Da Terra, todavia, não eram raras as vezes que discípulos de Allan Kardec [...] emitiam pensamentos caridosos em nosso favor, visitando-nos frequentemente através de correntes mentais vigorosas que a Prece santificava, tornando-as ungidas de ternura e compaixão, as quais caíam no recesso de nossas almas cruciadas e esquecidas, quais fulgores de consoladora esperança! (Op. cit., cap. Jerônimo de Araújo Silveira e família, p. 105-106.)
b) Espíritos ainda não resgatados – comentário de Yvonne Pereira:
Certa vez, há cerca de vinte anos, um dos meus dedicados educadores espirituais – Charles – levou-me a um cemitério público do Rio de Janeiro, a fim de visitarmos um suicida que rondava os próprios despojos em putrefação. [...] Estava enlouquecido, atordoado, por vezes furioso, sem se poder acalmar para raciocinar, insensível a toda e qualquer vibração que não fosse a sua imensa desgraça! [...] E Charles, tristemente, com acento indefinível de ternura, falou:
– “Aqui, só a prece terá virtude capaz de se impor! Será o único bálsamo que poderemos destilar em seu favor, santo bastante para, após certo período de tempo, poder aliviá-lo...” [...] (Op. cit., cap. Os réprobos, Nota da médium no 3, p. 49.)
De acordo com o exposto, não poderá restar dúvida sobre a eficácia da prece. E no caso específico do suicídio, podemos afirmar que é o único recurso de que nós, encarnados, dispomos para, com certeza, aliviar o sofrimento imenso causado por tão enganosa solução.
Abaixo, transcrevemos um trecho do diálogo entre Divaldo Pereira Franco e o Espírito de um suicida, que sofreu vários anos os efeitos dolorosos da sua precipitada ação (do livro O Semeador de Estrelas de Suely Caldas Schubert):
[...] Dei-me conta, então, que a morte não me matara e que alguém pedia a Deus por mim.
Lembrei-me de Deus, de minha mãe, que já havia morrido. Comecei a refletir que eu não tinha o direito de ter feito aquilo, passei a ouvir alguém dizendo:
“Ele não fez por mal. Ele não quis matar-se”. Até que um dia esta força foi tão grande que me atraiu; aí eu vi você nesta janela, chamando por mim.
– Eu perguntei – continuou o Espírito – quem é? Quem está pedindo a Deus por mim, com tanto carinho, com tanta misericórdia? Mamãe surgiu e esclareceu-me:
– É uma alma que ora pelos desgraçados.
– Comovi-me, chorei muito e a partir daí passei a vir aqui, sempre que você me chamava pelo nome.
Dá para perceber, nestes dois exemplos, que a oração, também para os casos de suicídio, tem o poder de lenir a dor e aplacar o desespero da vítima. Nestas condições, poderá acontecer a mudança gradativa dos painéis mentais (gerados pelo sentimento de culpa), à medida que surge o arrependimento sincero, proporcionando aos samaritanos da Espiritualidade resgatarem a vítima, que ainda se encontre nas regiões de sofrimento, para uma colônia espiritual.
Reformador Nov.09

Por Sérgio Ribeiro

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

“O TEMOR DA MORTE”

“O Céu e Inferno” de Allan Kardec, em seu Cap. II, traz à baila um tema sobre o qual muitos ainda evitam falar...
“O homem, seja qual for a escala de sua posição social, desde selvagem, tem o sentimento inato do futuro; diz-lhe a intuição que a morte não é a última fase da existência e que aqueles cuja perda lamentamos não estão irremissivelmente perdidos.
A crença da imortalidade é intuitiva e muito mais generalizada do que a do nada. Entretanto, a maior parte dos que nele creem apresentam-se nos possuídos de grande amor às coisas terrenas e temerosos da morte! Por quê?
Este temor é um efeito da sabedoria da Providência e uma consequência do instinto de conservação comum a todos os viventes. Ele é necessário enquanto não se está suficientemente esclarecido sobre as condições da vida futura, como contrapeso à tendência que, sem esse freio, nos levaria a deixar prematuramente a vida e a negligenciar o trabalho terreno que deve servir ao nosso próprio adiantamento.
Assim é que, nos povos primitivos, o futuro é uma vaga intuição, mais tarde tornada simples esperança e, finalmente, uma certeza apenas atenuada por secreto apego à vida corporal.
À proporção que o homem compreende melhor a vida futura, o temor da morte diminui; uma vez esclarecida a sua missão terrena, aguarda-lhe o fim, calma, resignada e serenamente. A certeza da vida futura dá-lhe outro curso às ideias, outro fito ao trabalho; antes dela, nada que se não prenda ao presente; depois dela, tudo pelo futuro sem desprezo do presente, porque sabe que aquele depende da boa ou da má direção deste.
A certeza de reencontrar seus amigos depois da morte, de reatar as relações que tivera na Terra, de não perder um só fruto do seu trabalho, de engrandecer-se incessantemente em inteligência, perfeição, dá-lhe paciência para esperar e coragem para suportar as fadigas transitórias da vida terrestre. A solidariedade entre vivos e mortos faz-lhe compreender a que deve existir na Terra, onde a fraternidade e a caridade têm desde então um fim e uma razão de ser, no presente como no futuro.
Para libertar-se do temor da morte é mister poder encará-la sob o seu verdadeiro ponto de vista, isto é, ter penetrado pelo pensamento no mundo espiritual, fazendo dele uma idéia tão exata quanto possível, o que denota, de parte do Espírito encarnado, um tal ou qual desenvolvimento e aptidão para desprender-se da matéria.
No Espírito atrasado, a vida material prevalece sobre a espiritual. Apegando-se às aparências, o homem não distingue a vida além do corpo, esteja embora na alma a vida real; aniquilado aquele, tudo se lhe afigura perdido, desesperador.
Se, ao contrário, concentrarmos o pensamento, não no corpo, mas na alma, fonte da vida, ser real, a tudo sobrevivente, lastimaremos menos a perda do corpo, antes fonte de misérias e dores. Para isso, porém, necessita o Espírito de uma força só adquirível na madureza.
O Temor da Morte decorre, portanto, da noção insuficiente da vida futura, embora denote também a necessidade de viver e o receio da destruição total, igualmente o estimula, secreto anseio pela sobrevivência da alma, velado ainda pela incerteza.
Este Temor decresce, à proporção que a certeza aumenta e desaparece quando esta é completa.”
Finaliza Kardec, “Os espíritas não temem a morte por não terem dúvidas sobre o futuro, encaram sua aproximação a sangue-frio, como quem aguarda a libertação pela porta da vida e não pela porta do nada. ”
Por Sérgio Ribeiro

Visão Espírita sobre o Aborto


1 - Viver é o primeiro de todos os direitos
naturais do homem.
Ninguém tem o direito de atentar contra a
vida do seu semelhante, nem de fazer o que
quer que possa comprometer-lhe a
existência. 
2 - A matéria é o instrumento de que o
espírito se serve e sobre o qual, ao mesmo
tempo, exerce a sua ação. 
O espírito encarna para cumprir desígnios
divinos e, ao mesmo tempo, vai-se
desenvolvendo intelectual e moralmente,
através das provas e expiações que a vida
terrena lhe enseja. 
Pela reencarnação, a justiça divina concede ao
espírito realizar, em novas existências, aquilo
que não pôde fazer ou concluir nas
existências anteriores. 
3 - A ligação do espírito à matéria com que irá
formar seu corpo físico se dá desde a
concepção (e) e é feita através do perispírito,
o seu corpo espiritual, fluídico.
 
4 - É crime a provocação do aborto, em
qualquer período da gestação, porque
impede uma alma de passar pelas provas a
que serviria de instrumento o corpo que se
estava formando. Quem induz ou obriga ao
aborto ou o executa é igualmente
responsável espiritualmente . 
5 - O aborto só é aceitável quando o
nascimento da criança puser em perigo a vida
de sua mãe. 
6 - O aborto eugênico é um erro porque o
corpo, deficiente ou não, é sempre valioso
instrumento para a evolução do espírito. 
7 - O aborto não se justifica nem mesmo na
gestação ocasionada por estupro.
Espiritualmente , o reencarnante é filho de
Deus e não do estuprador, que apenas
contribuiu para a formação de seu corpo
físico. É inocente da ação agressora. Não deve
ser responsabilizado por ela e nem vir a
sofrer em conseqüência dela. Muito menos
perder seu direito à vida.
 Se, após nascida a criança, a mãe não puder
ou não quiser criá-la, poderá oferecê-la à
adoção. Muitos desejam perfilhar uma
criança.
8 - Além dos prejuízos físicos e psíquicos que
costuma trazer à gestante, o aborto delituoso
acarreta, ainda, conseqüências espirituais.
Ex: - O espírito que sofreu o abortamento
pode ficar imantado à gestante em clima de
mágoa e angústia ou desejando se vingar da
agressão que não o deixou viver.
Ficar lesada no perispírito, na região
correspondente ao centro reprodutor não
usado corretamente.
Perda da oportunidade de receber como filho
um espírito amigo e benévolo que viria ajudá-
la na encarnação, ou alguém a quem devia
ajuda e recomposição por erros anteriores.
9 - Quem já praticou aborto, ou foi por ele
responsável, e quer se recuperar ante as leis
divinas, não reincida mais nessa prática e
procure fazer o bem.
Ex: favorecer a vida de outras crianças, ajudar
outros a viverem.
"O amor (caridade) cobre a multidão dos
pecados" (I Pedro, 4:8)

A Obra de André Luís na visão dos Espíritos

OS PRIMEIROS TRÊS LIVROS
Francisco Cândido Xavier, não obstante as inúmeras responsabilidades familiares, profissionais, doutrinárias e caritativas, comparecia entre os anos de 1934 e 1952 ao Culto do Evangelho no Grupo Doméstico Arthur Joviano, na sede da Fazenda Modelo de Pedro Leopoldo, realizado semanalmente pela família do Dr. Rômulo Joviano, sempre às terças-feiras.
Nessas ocasiões inesquecíveis, um verdadeiro tesouro de bênçãos espirituais vertia dos planos da espiritualidade maior através da mediunidade de Chico Xavier, não somente para confortar os presentes, mas, e principalmente, para legar à posteridade um testemunho inequívoco do próprio trabalho da psicografia que se materializava na Terra sob a forma dos livros que vinham surgindo para o esclarecimento de todos.
Durante aqueles 18 anos de convívio íntimo, o reduto do lar da família Joviano foi o pouso abençoado na face do mundo, onde os Espíritos Superiores, e notadamente Emmanuel e Neio Lúcio, vinham dar notícias da obra espiritual em andamento, opinando e deixando para nós a sua própria visão sobre os vários livros escritos naquela época.
Este valioso material, após a desencarnação de Chico Xavier, foi entregue por Wanda Amorim Joviano aos nossos cuidados para que pudéssemos publicá-lo, possibilitando à comunidade espírita cristã tomar ciência das luminosas assertivas de Emmanuel e Neio Lúcio acerca dos livros mediúnicos da lavra de Chico Xavier. Dentro deste escopo, muito relevante é a opinião dos dois mensageiros do Além sobre a obra que o Espírito André Luiz escrevia.
Assim é que vamos ter conhecimento de que em 31 de março de 1943 Emmanuel faz a primeira menção a um novo amigo (André Luiz), escrevendo que “ele viria trazer-nos pequena série de impressões da vida além-túmulo, vendo no empreendimento uma realização muito interessante e proveitosa”.
Sobre “Nosso Lar”, escreve Emmanuel, encarecendo “o valor da experiência que nos é trazida, e a excelência de semelhante serviço”, dizendo que “o autor pretendia oferecer todos os detalhes possíveis de sua permanência numa colônia de transição, apenas uma dentre as milhares de colônias dessa natureza, e tão diversas entre si, quanto aos pormenores de organização, quanto são as cidades que rodeiam a face da Terra”.
Neio Lúcio já alertava que “os melhores trabalhos são os que proporcionam os valores educativos para o espírito imortal que vai vencer a morte e transpor os séculos”. Escreveu o benfeitor que “as sugestões deste livro são imensas e valem como programas valiosos para todos os departamentos de atividades na Terra”.
Sem que nós sintamos, diante de sua leitura, nossa mente se desloca para as esferas mais altas.”
Ao término da psicografia de “Nosso Lar”, Emmanuel comparece em 8 de setembro daquele mesmo ano expressando sua satisfação, “desejando que André Luiz continue desfazendo certos enganos e colocando a responsabilidade do homem no lugar devido”. Reconhece que “não é fácil atender aos esforços dessa natureza no serviço de amor às construções espirituais.”
Em 8 de dezembro de 1943 é Neio Lúcio quem escreve satisfeito pelo início da grafia de “Os Mensageiros”, “pedindo a Jesus permita a André Luiz a edificação de mais um detalhe da construção espiritual já mentalizada pelos que nos orientam das esferas mais altas, uma vez que o trabalho educativo é muito grande nessas páginas iniciadas com ‘Nosso Lar’”. Elas preparam de modo mais eficiente, gravam noções mais reais dos esforços dos desencarnados.
O espírito de compreensão se fará mais produtivo, mais espontâneo, face a essas revelações curtas, mas singularmente expressivas!”
E continua Neio Lúcio:
“Sobre ‘Os Mensageiros’, as teses são as mais complexas, os assuntos mais palpitantes”.
É um mundo novo para a responsabilidade individual. Diz ainda que este esforço fora muito estudado pelos planos mais altos antes da organização que se alcançou. São observações de caráter universalista.
Para a educação espiritual do indivíduo encarnado, ‘Os Mensageiros’ apresenta ilações muito graves pela exatidão dos conceitos a que chegou André Luiz, aproveitando todas as possibilidades de simplificação ao seu alcance. Concluindo o benfeitor que vivemos uma época de grandes revelações interiores. “O livro é serviço valioso pelos detalhes técnicos que oferece, relativamente ao trabalho de intercâmbio e cooperação entre o plano espiritual e o plano da carne.”
Emmanuel, em 1o de novembro de 1944, escreve que “cada página de André Luiz tem de ser muito estudada para observarmos até que ponto podemos ser úteis nesses adiantamentos da verdade. Daí a necessidade de vagar e maturação de cada raciocínio. Há que obedecer outros que no mais além nos dirigem e que desejam com justiça saber o que estamos fazendo com os ensinamentos que nos dão. Estabelecer a média do que deve ser dito com as possibilidades gerais de todos aqueles aos quais o trabalho se destina é serviço que se efetua depois de muitos exames, sugestões, retoques do assunto e várias discussões. É um relatório quase da vida dos homens encarnados na esfera dos que se encontram fora dos círculos carnais e vice-versa, e as afirmações requerem muita medida. Somos trabalhadores entre maiores espirituais e crianças do entendimento. É indispensável atender a todos, sem ferir a nenhum.” E completa, antecipando a chegada de “Missionários da Luz”: “Estamos discutindo a melhor maneira de sua tese relativa à oração.”
Em 31 de janeiro de 1945, Emmanuel escreve que “Missionários da Luz” não está distante do término e completa: “Urge simplificar para não complicar e reduzir o alimento com proveito para que não haja distúrbios na assimilação.”
Mais adiante, em 11 de abril de 1945, escreve Emmanuel: “‘Missionários da Luz’ é trabalho novo que reputamos de muita importância para despertar consciências adormecidas. Urge arrebatar as concepções gerais ao campo menos digno do menor esforço. Impossível a preponderância de tais ilusões. É por isto que desejamos fazer soar o sino da realidade. Nem céu, nem mundos felizes imediatos, mas ‘nós mesmos’, com as nossas virtudes e defeitos, edificações e deficiências, bracejando nas águas da luta universal por nos fazermos dignos do Pai que nos deu a vida. Semelhante serviço é roteiro para as consciências mais avisadas, que estejam efetivamente interessadas em espiritualização.”
Em 18 de abril do mesmo ano, Chico Xavier termina a psicografia de “Missionários da Luz” e o Espírito Neio Lúcio, expressando a sua satisfação, escreve: “Essas páginas são toques de alarme espiritual, despertando corações e consciências”. Muitos amigos espirituais prestaram a ele o concurso de que podiam dispor, a fim de que o seu livro fosse terminado e entregue à circulação das ideias renovadoras. Com o tempo, observarão as vivas claridades que jorram dessa fonte. As narrativas de ‘Nosso Lar’ e os esclarecimentos de ‘Os Mensageiros’ constituem como que um curso de introdução ao entendimento das atividades do homem além do túmulo, que, em ‘Missionários da Luz’ foram destacadas com muito critério e observações legítimas.
“Vocês observarão que extraordinários caminhos se desenham para o pensamento, abrindo-lhe esferas novas de serviço salvador.”

Fonte: livros “Sementeira de Luz”, de Chico Xavier, pelo Espírito Neio Lúcio, e “Deus Conosco”, também de Chico, pelo Espírito Emmanuel.
Por Sérgio Ribeiro

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

SOMOS TODOS IGUAIS

“O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do Senhor: basta ao discípulo ser como o mestre e ao servo como o Senhor."
Aos olhos do Senhor eterno são iguais todas as condições sociais; conseguintemente, o senhor não é mais do que o servo. Só tem maior valor aquele que pratica, com humildade, a lei de amor que vos é ensinada. Só será igual ao mestre em moral aquele que praticar a moral.
Compreendam bem os homens, no seu princípio, no seu objetivo e nas suas consequências, a lei natural e divina da reencarnação, que lhes vem ensinar serem a vida humana e as condições sociais, para cada um deles, uma provação, ou uma expiação.
Compreendam e não esqueçam nunca que, pela pluralidade das existências e conformemente ao grau de culpabilidade, as provações e as expiações, tendo por fim a purificação e o progresso são apropriadas às faltas cometidas nas encarnações precedentes. Assim, por exemplo, o senhor de ontem, duro e arrogante, que faliu nas suas provas como senhor fossem quais fossem, dentro da ordem social, sua posição ou seu poder na terra, é o escravo, o servo, ou o criado de amanhã. O sábio que ontem, materialista e orgulhoso, abusou da sua inteligência, da sua ciência, para desencaminhar os homens, para perverter as massas populares, é o cego, o idiota ou o louco de amanhã. O orador de ontem, que abusou gravemente da palavra para arrastar os homens ou os povos a erros profundos, é o surdo-mudo do dia seguinte. O que ontem dispôs da saúde, da força, ou da beleza física e gravemente abusou de tudo isso, é o sofredor, o doente, o raquítico, o deserdado da natureza, o enfermo de amanhã. Se é certo que os corpos procedem dos corpos, não menos certo é que são apropriados às provações e às expiações por que o Espírito haja de passar e que a encarnação se dá no meio e nas condições adequados ao cumprimento de tais provações e expiações. É o que explica como e porque, na mesma família, dois filhos, dois homens, nascidos do mesmo pai e da mesma mãe, se encontram em condições físicas tão diversas, tão opostas. De igual modo a diferença nas provações, a disparidade do avanço realizado nas existências precedentes explicam porque e como, do ponto de vista moral ou intelectual, esses dois irmãos se acham em condições tão diversas, tão opostas.
Compreenda o homem e não esqueça nunca que o mais próximo e mais querido parente de ontem, que o mais caro amigo da véspera podem vir a ser e são muitas vezes o estranho, o desconhecido do dia seguinte, que ele a todo instante poderá encontrar, acolher ou repelir.
Que, pois, os homens, cientes e compenetrados de que a vida humana e as condições sociais são provações e ao mesmo tempo meio e modo de amparo e de concurso recíproco nas vias da reparação e do progresso, pratiquem a lei de amor, partilhando mutuamente o que possuam de natureza material ou intelectual, dando aquele que tem ao que não tem, dando de coração o auxílio do coração, dos braços, da bolsa, da inteligência, da palavra e sobretudo do exemplo. Então, quando tal se verificar, estarão cumpridas em toda verdade, sob os auspícios e a prática da fraternidade recíproca e solidária, estas palavras de Jesus:
—”Basta ao discípulo ser como o mestre e ao servo como o senhor”.
Os Quatro Evangelhos – Roustaing livro II pag. 192
Por Sérgio Ribeiro

terça-feira, 11 de setembro de 2012

TEMPESTADES DA VIDA

Há noites muito escuras em que o vento violento e ruidoso traz a tempestade inclemente.
Os trovões e os relâmpagos invadem a madrugada como se fossem durar para sempre.
Não há como ignorar os sentimentos que tomam de assalto nossos frágeis corações.
O medo e a incerteza tiram nosso sono, e passamos minutos infindáveis, imaginando o pior, temerosos de que o céu possa, de um momento para o outro, cair sobre nossas cabeças.
Sem, no entanto, qualquer aviso, o vento vai se acalmando, as gotas de chuva começam a cair com menos violência e o silêncio volta a imperar na noite.
Adormecemos sem nos dar conta do final da intempérie, e quando acordamos, com o sol da manhã a nos beijar a fronte, nem sequer nos recordamos das angústias da noite.
Os galhos caídos na calçada, a água ainda empoçada na rua, nada, nenhum sinal é suficientemente forte para que nos lembremos do temporal que há poucas horas nos assustava tanto.
Assim ainda somos nós, criaturas humanas, presas ao momento presente.
Descrentes, a ponto de quase sucumbir diante de qualquer dificuldade, seja uma tempestade ou revés da vida, por acreditar que ela poderia nos aniquilar ou ferir irremediavelmente.
Homens de pouca fé, eis o que somos.
Há muito tempo fomos conclamados a crer no amor do pai, soberanamente justo e bom, que não permite que nada que não seja necessário e útil nos aconteça.
Mesmo assim continuamos ligados à matéria, acreditando que nossa felicidade depende apenas de tesouros que as traças roem e que o tempo deteriora.
Permanecemos sofrendo por dificuldades passageiras, como a tempestade da noite, que por mais estragos que possa fazer nos telhados e nos jardins, sempre passa e tem sua indiscutível utilidade.
Somos para Deus como crianças que ainda não se deram conta da grandiosidade do mundo e das verdades da vida.
Almas aprendizes que se assustam com trovões e relâmpagos que, nas noites escuras da vida, fazem-nos lembrar de nossa pequenez e da nossa impotência diante do todo.
Se ainda choramos de medo e não temos coragem bastante para enfrentar as realidades que não nos parecem favoráveis ou agradáveis, é porque em nossa intimidade a mensagem do cristo ainda não se fez certeza.
Nossa fé é tão insignificante que ante a menor contrariedade bradamos que Deus nos abandonou, que não há justiça.
Trata-se, porém, de uma miopia espiritual, decorrente do nosso desejo constante de ser agraciados com bênçãos que, por ora, ainda não são merecidas.
Falta-nos coragem para acreditar que Deus não erra, que esta característica não é dele, mas apenas nossa, caminhantes imperfeitos nesta rota evolutiva.
Falta-nos humildade para crer que, quando fazemos a parte que nos cabe na tarefa, tudo acontece na hora correta e de forma adequada.
As dores que nos chegam e nos tocam são oportunidades de aprendizado e de mudança para novo estágio de evolução.
Assim como a chuva, que embora nos pareça inconveniente e assustadora, em algumas ocasiões, também os problemas são indispensáveis para a purificação e renovação dos seres.
Por isso, quando tempestades pesarem fortemente sobre nossas cabeças, saibamos perceber que tudo na vida passa, assim como as chuvas, as dores, os problemas.
Tudo é fugaz e momentâneo.
Mas tudo, também, tem seu motivo e sua utilidade em nosso desenvolvimento.
Equipe de Redação do Momento Espírita.

MORTES PREMATURAS

Quando a morte ceifa nas vossas famílias, arrebatando, sem restrições, os mais moços antes dos velhos, costumais dizer: Deus não é justo, pois sacrifica um que está forte e tem grande futuro e conserva os que já viveram longos anos cheios de decepções; pois leva os que são úteis e deixa os que para nada mais servem; pois despedaça o coração de uma mãe, privando-a da inocente criatura que era toda a sua alegria.
Humanos, é nesse ponto que precisais elevar-vos acima do terra-a-terra da vida, para compreenderdes que o bem, muitas vezes, está onde julgais ver o mal, a sábia previdência onde pensais divisar a cega fatalidade do destino. Por que haveis de avaliar a justiça divina pela vossa?
Podeis supor que o Senhor dos mundos se aplique, por mero capricho, a vos infligir penas cruéis? Nada se faz sem um fim inteligente e, seja o que for que aconteça, tudo tem a sua razão de ser. Se perscrutásseis melhor todas as dores que vos advêm, nelas encontraríeis sempre a razão divina, razão regeneradora, e os vossos miseráveis interesses se tornariam de tão secundária consideração, que os atiraríeis para o último plano.
Temos aqui o início de uma manifestação do Espírito Sanson, recebida na Sociedade de Estudos Espíritas de Paris, presidida por Allan Kardec. Consta do capítulo V, item 21, de O Evangelho segundo o Espiritismo, sob o subtítulo “Perda de pessoas amadas. Mortes prematuras”.
Se estabelecêssemos uma gradação para as dores morais que afligem os seres humanos, certamente a mais intensa, mais angustiante, seria a da mãe que vê um filho partir prematuramente, nos verdes anos da infância, no despertar da adolescência, no entusiasmo da juventude.
O grande lenitivo está na fé, concebendo o elementar: Deus sabe o que faz. Significativo exemplo está na famosa expressão de Jó, o patriarca judeu, que após morrerem não um, mas todos os seus filhos, sete varões e três mulheres, e perder todos os seus haveres, ele, que era muito rico, proclamou, convicto (Jó, 1-21):
Deus deu, Deus tirou! Bendito seja o seu santo nome.
O problema é que raros têm fé legítima.
Cultivam precária confiança, que não resiste aos embates da adversidade.
Por isso,muitas mães, debruçadas sobre o esquife de um filho que resumia suas alegrias e esperanças, indagam angustiadas:
– Por que, Senhor? Por que fez isso comigo? O que fiz para merecer esse castigo?!
Esse questionamento não é bom, porquanto conduz facilmente ao desespero e à revolta, que apenas multiplicam angústias, sem chance para a consolação.
A vida torna-se um fardo muito pesado quando nos debatemos ante o inexorável.
Matematicamente falando, acrescentamos dores à alma, quando subtraímos a fé.
Um confrade, espírita da velha guarda, homem lúcido e inteligente, costumava dizer:
– É preciso ter sempre um pé atrás, não apenas em relação à nossa morte, mas, também, quanto à morte de um ente querido, particularmente um filho.
Parecia adivinhar que seria chamado a esse testemunho, porquanto um filho, jovem inteligente e empreendedor, com brilhante futuro pela frente, faleceu repentinamente.
E o nosso companheiro deu testemunho de que estava preparado tanto ele quanto a esposa, comportando-se com muita serenidade e equilíbrio, a imitar o exemplo de Jó.
Esse pé atrás na vida, para não se desequilibrar diante da morte, equivale a fortalecer a nossa fé, transcendendo a mera crença com o conhecimento da realidade.
É importante conceber que Deus existe; que seus desígnios são sábios e justos; que Ele trabalha sempre pelo nosso bem, mesmo quando males aconteçam; que seu olhar misericordioso está sobre nós.
Nem sempre, porém, será o bastante.
Para que a nossa fé ultrapasse os limites da mera crença, adquirindo consistência para resistir aos embates da vida, é fundamental que se estribe no conhecimento.
Em relação às mortes prematuras, somente a Doutrina Espírita, a nos oferecer uma visão objetiva do mundo espiritual, pode nos consolar de forma perfeita, sem dúvidas, sem vacilações, mostrando-nos por que ocorrem.
À luz abençoada da Doutrina Espírita, podemos considerar o assunto em vários aspectos:
Aborto.
Por que mulheres que anseiam pela maternidade experimentam sucessivas frustrações?
Geralmente estamos diante de problemas cármicos, a partir de comprometimentos em existências anteriores.
A causa – quem diria! – é o mesmo aborto.
Não o espontâneo, mas o induzido.
A mulher que se recusa ao compromisso da maternidade, expulsando o filho que estagia em seu corpo, às portas da reencarnação, comete uma autoagressão. Produz desajustes em seu perispírito, o corpo espiritual, em área correspondente à natureza de seu delito.
Em vida futura, mais amadurecida, a ansiar pela maternidade, terá problemas. Grávida, não conseguirá segurar a gestação do filho que anseia, na mesma proporção em que expulsou, outrora, filhos de seu seio.
O problema pode estar, também, no reencarnante.
Se foi um suicida, traz sérios comprometimentos perispirituais que poderão repercutir no corpo em formação, a promover o aborto.
Fracassos sucessivos, tanto da gestante quanto do reencarnante, os ensinarão a valorizar e respeitar a vida.
Infância.
Às vezes consuma-se a reencarnação, não obstante os problemas do Espírito de passado comprometedor, mas de forma precária.
Vulnerável a males variados, em face da debilidade orgânica, logo retornará à Espiritualidade.
André Luiz reporta-se a um suicida, que se matou ingerindo veneno, no livro Entre a Terra e o Céu, psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Em nova existência, saúde frágil, desencarnou aos sete anos.
Um mentor espiritual explicou que aquela breve experiência na carne fora sumamente útil ao Espírito, livrando-o de parte de seus desajustes, e que ele deveria reencarnar em breve, na mesma família, já em melhores condições.
A morte prematura pode ser, também, um convite ao cultivo de valores espirituais.
No livro Atravessando a Rua, comento a experiência de um casal que reencarnou com a tarefa de cuidar de crianças, numa instituição assistencial. No entanto, envolvidos pelos interesses imediatistas, ambos andavam distraídos de sua missão.
Então, um mentor espiritual que os assistia, preocupado com sua deserção, reencarnou como seu filho.
Foi aquela criança maravilhosa, inteligente, sensível, que faz a felicidade dos pais, que passam a gravitar em torno dela.
Consumando a intenção de despertar os pais, ele desencarnou na infância, deixando-os desolados, desiludidos, deprimidos.
Encontraram lenitivo a partir do momento em que se entregaram de corpo e alma a crianças num orfanato, exatamente como fora planejado.
O mentor viera apenas para ajudá-los a corrigir o desvio de rota.
Fica a pergunta, amigo leitor:
O que acontece com o Espírito na morte prematura?
Normalmente, um retorno tranquilo.
O que dificulta nossa readaptação à pátria espiritual é o apego à vida física, os comprometimentos com a ambição, as paixões, os vícios...
O Espírito literalmente entranha-se na vida física, o que lhe impõe sérias dificuldades, até mesmo para perceber sua nova condição.
Já o jovem nem sempre tem esses comprometimentos.
É alguém que desperta para a vida, que ainda não se envolveu.
Será logo acolhido e amparado pelos mentores espirituais, por familiares desencarnados.
O grande problema dos que partem nessa condição é a reação dos que ficam.
Desespero, revolta, rebeldia são focos pestilentos de vibrações desajustadas, que atingem em cheio o passageiro da Eternidade, causando-lhe aflições e desajustes, já que nos primeiros tempos de vida espiritual tende a permanecer ligado psiquicamente à família.
E o que é pior – na medida em que os familiares insistem nas lembranças, quando a desencarnação ocorreu em circunstâncias trágicas, induzem o Espírito a reviver, em tormento, todas aquelas emoções.
Há uma mensagem famosa de uma jovem que desencarnou no incêndio do Edifício Joelma, psicografada por Francisco Cândido Xavier, dirigida à sua mãe.
Após dizer-lhe que fora muito bem amparada e que sua morte atendera a compromissos cármicos, pediu à mãe que não ficasse recordando do incêndio nem a contemplasse, na tela de sua mente, morrendo queimada.
– Cada vez que a senhora me vê assim, é assim que me sinto.
O final da mensagem de Sanson é bastante significativo e deve merecer nossa reflexão:
Em vez de vos queixardes, regozijai-vos quando praz a Deus retirar deste vale de misérias um de seus filhos.
Não será egoístico desejardes que ele aí continuasse para sofrer convosco? Ah! Essa dor se concebe naquele que carece de fé e que vê na morte uma separação eterna. Vós, espíritas, porém, sabeis que a alma vive melhor quando desembaraçada do seu invólucro corpóreo. Mães sabei que vossos filhos bem-amados estão perto de vós; sim, estão muito perto; seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, a lembrança que deles guardais os transporta de alegria, mas também as vossas dores desarrazoadas os afligem, porque denotam falta de fé e exprimem uma revolta contra a vontade de Deus.
Vós, que compreendeis a vida espiritual, escutai as pulsações do vosso coração a chamar esses entes bem-amados e, se pedirdes a Deus que os abençoe, em vós sentireis fortes consolações, dessas que secam as lágrimas; sentireis aspirações grandiosas que vos mostrarão o porvir que o soberano Senhor prometeu.
(Op. cit., cap. V, item 21.)
RICHARD SIMONETTI
Reformador Ago/09

Por Sérgio Ribeiro

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Medo da morte

Um homem transitava por estrada deserta, altas horas.
Noite escura, sem luar, estrelas apagadas... Seguia apreensivo. Por ali ocorriam, não raro, assaltos... Percebeu que alguém o acompanhava.
Olá! Quem vem aí? - perguntou, assustado.
Não obteve resposta. Apressou-se, no que foi imitado pelo perseguidor. Correu... O desconhecido também.
Apavorado, em desabalada carreira, tão rápido quanto suas pernas o permitiam, coração a galopar no peito, pulmões em brasa, passou diante de um poste de luz.
Olhou para trás e, como por encanto, o medo desapareceu. Percebeu que seu perseguidor era apenas um velho burro, acostumado a acompanhar andarilhos.
A história assemelha-se ao que ocorre com a morte.
A imortalidade é algo intuitivo na criatura humana. No entanto, muitos têm medo, porque desconhecem inteiramente o processo e o que os espera no Mundo Espiritual.
O Espiritismo é o poste de luz que ilumina os caminhos misteriosos do retorno, afugentando temores sem fundamento e constrangimentos perturbadores.
De forma racional, esclarece acerca da sobrevivência da alma, descerrando a cortina que separa os dois mundos.
Com a Doutrina Espírita aprendemos a encarar com serenidade a morte, que chamamos de desencarnação, porquanto ninguém morre.
Isso é muito importante, fundamental mesmo, já que se trata da única certeza da existência humana: todos desencarnaremos um dia.
A Terra é uma oficina de trabalho para os que desenvolvem atividades edificantes, em favor da própria renovação.
Um hospital para os que corrigem desajustes nascidos de viciações pretéritas.
Uma prisão, em expiação dolorosa, para os que resgatam débitos relacionados com crimes cometidos em existências anteriores.
Uma escola para os que já compreendem que a vida não é simples acidente biológico, nem a existência humana uma simples jornada recreativa. Mas não é o nosso lar. Este está no plano espiritual, onde poderemos viver em plenitude, sem limitações impostas pelo corpo carnal.
Compreensível, pois, que nos preparemos, superando temores e dúvidas, inquietações e enganos, a fim de que, ao chegar a nossa hora, estejamos habilitados a um retorno equilibrado e feliz.
O primeiro passo é o de tirar da morte o aspecto fúnebre, mórbido, temível, sobrenatural... Há condicionamentos milenares nesse sentido.
Existem pessoas que simplesmente se recusam a conceber o falecimento de um familiar ou o seu próprio.
Transferem o assunto para um futuro remoto. Por isso se desajustam quando chega o tempo da separação.
Onde está, ó morte, o teu aguilhão? - pergunta o Apóstolo Paulo, a demonstrar que a fé raciocinada supera os temores e angústias da grande transição, dando-nos a compreensão de que o fenômeno chamado morte nada mais é do que o passaporte para a verdadeira vida.
O Espiritismo, se estudado, nos proporciona uma fé inabalável. O conhecimento de tudo o que nos espera, e a disposição de lutarmos para que nos espere o melhor.
* * *
Um dos maiores motivos de sofrimento no além túmulo, é o apego aos bens terrenos.
Muitas pessoas não aceitam as normas estabelecidas pela aduana do túmulo, que não nos permite levar os bens materiais no momento em que passamos para o outro lado.
Isso demonstra que tais pessoas ainda não entenderam que os bens materiais nos são emprestados por Deus como meio de progresso, e que os teremos que devolver, mais cedo ou mais tarde.
É importante que reflitamos sobre isso, não nos deixando possuir pelos bens dos quais somos apenas usufrutuários.
Um dos motivos de sofrimento dos que ficam, é o fato de não terem se dedicado o quanto deviam àqueles dos quais se despedem.
Por isso, convém que, enquanto estamos a caminho, façamos o melhor que pudermos aos nossos afetos, para que o remorso não nos dilacere a alma depois.

Redação do Momento Espírita, com base no livro
Quem tem medo da morte?, de Richard Simonetti,
ed. Ceac. Em 19.12.2008. (KARDEC ONLINE)

Exercício do Bem

Comumente inventamos toda a espécie de pretextos para recusar os deveres que nos constrangem ao exercício do Bem.
Amolentados no reconforto e instalados egoisticamente em vantagens pessoais, no imediatismo do mundo, ignoramos que é preciso agir e servir na solidariedade humana; todavia, derramamos desculpas a rodo, escondendo teimosia e mascarando deserção.
Confessamo-nos incompetentes.
Alegamos cansaço.
Afirmamo-nos sem tempo.
Declaramo-nos enfermos.
Destacamos a necessidade de vigilância na contenção do vicio.
Reclamamos cooperação.
Aqui e ali, empregamos expressões cronificadas que nos justifiquem a fuga, como sejam “muito difícil”, “impossível”, “melhor esperar”, “vamos ver” e ponderamos vagamente quanto aos arrependimentos que nos amarguram o coração e complicam a vida, em face de sentimentos, idéias, palavras e atos infelizes a que, em outras ocasiões, nos precipitamos de maneira impensada.
Na maioria das vezes, para o Bem, exigimos o atendimento a preceitos e cálculos, enquanto que, para o mal, apenas de raro em raro, imaginamos conseqüências.
Entretanto, o conhecimento do Bem para que o Bem se realize é de tamanha importância que o apostolo Tiago afirma no versículo 17 do capitulo 4 de sua carta no Evangelho:
“Todo aquele que sabe fazer o Bem e não o faz comete falta.”
E dezenove séculos depois dele, os Instrutores desencarnados que supervisionaram a Obra de Allan Kardec desenvolveram o ensinamento ainda mais, explicando na Questão 642 de “O Livro dos Espíritos”:
“Cumpre ao homem fazer o Bem, no limite de suas forças, porquanto responderá pelo mal que resulte de não haver praticado o Bem.”
O Espiritismo, dessa forma, definindo-se não apenas como sendo religião da Verdade e do Amor, mas também da Justiça e Responsabilidade, vem esclarecer-nos que responderemos, não só pelo mal que decorra do nosso comodismo, não praticando o Bem que nos cabe fazer.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

É Impossível ser feliz sozinho

Você já imaginou se todas as pessoas fossem idênticas a você, neste mundo?
Todos tivessem pensamentos iguais, sentimentos iguais, gostos iguais aos seus?
Ninguém para lhe contrapor uma idéia, ninguém que contrariasse seus desejos, e muitos que agissem exatamente como você.
E se todas as pessoas gostassem dos mesmos filmes, dos mesmos alimentos, das mesmas festas, dos mesmos times de futebol, dos mesmos carros, e de frequentar os mesmos lugares?
Será que a vida teria graça?
Ou será que isso seria um real motivo para a infelicidade?
Imagine se todos vestissem roupas das mesmas cores, dos mesmos modelos, da mesma marca. Isso causaria tédio.
Se todos fôssemos idênticos não haveria graça nem crescimento.
Nós precisamos uns dos outros para sermos felizes. Precisamos de pessoas que pensem diferente, que sintam diferente, que ajam diferente, porque é a soma das diferenças que produz a felicidade.
Precisamos trocar experiências, discutir idéias, concordar e discordar.
É essa dinâmica da vida que nos dá motivos para viver e crescer realmente.
Por isso as diferenças são salutares, são incentivo e estímulo para o nosso progresso.
A felicidade é uma propriedade do Espírito, mas só é conquistada na vida de relação.
As emoções que sentimos só são possíveis porque existe o outro.
Se não houvesse o outro não teríamos como avaliar nossos sentimentos.
Sem o inter-relacionamento seríamos ilhas, isoladas, e a vida não teria sentido.
Podemos afirmar, então, que a felicidade é uma conquista social.
Por tudo isso, vale a pena pensar na importância das pessoas em nossa vida, por mais problemáticas que elas sejam.
São elas que dão significado à vida e nos permitem a felicidade. Portanto, as pessoas são mais importantes que os bens materiais e o dinheiro.
Imagine que você tivesse muito dinheiro, a casa de seus sonhos, com a mobília mais sofisticada possível, roupas maravilhosas e comida abundante.
Mas tudo isso ao preço de nunca mais ver ou ser visto por qualquer ser humano. Você ficaria contente? Ou será que enlouqueceria?
Só se é feliz em sociedade.
Como disse o poeta Antônio Carlos Jobim, é impossível ser feliz sozinho.
De que adianta ter beleza, dinheiro, bens, se não tiver olhos para contemplar a beleza, companhia para gastar o dinheiro e alguém para admirar nossos bens?
Assim também acontece no campo dos sentimentos.
De que adianta ter a mente mais brilhante, o coração mais afetuoso sem ninguém para dividir esses tesouros?
E somente podemos interagir dessa forma com outras pessoas. Não podemos trocar idéias com coisas ou animais.
As coisas não interagem e os animais não trocam idéias... Restam os seres humanos.
É com eles que construímos e dividimos a nossa felicidade.
Por isso é importante que o outro seja diferente. Não há crescimento sem antagonismos. Se todos fôssemos iguais não haveria progresso.
É na harmonia dessas diferenças que está a beleza da relação entre os seres racionais. Do homo sapiens.
Pense nisso. Analise sua vida de relação. Observe como o contato com as outras pessoas lhe possibilita ser feliz.
E lembre-se sempre: as pessoas não são e nem podem ser idênticas a você.
A felicidade não é um lugar aonde chegaremos um dia, é uma forma de vida, é uma maneira de caminhar.

Redação do Momento Espírita, com base em Seminário coordenado por
Cosme Massi, realizado na Federação Espírita do Paraná, em 19/04/2004.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 10, ed. Fep.
Em 11.05.2009.

domingo, 2 de setembro de 2012

Os efeitos do perdão

Dentre os ângulos do perdão, um existe dos mais importantes,
que nos cabe salientar: os resultados dele sobre nós mesmos,
quando temos a felicidade de desculpar.
Muito frequentemente interpretamos o perdão como sendo
simples ato de virtude e generosidade, em auxílio do ofensor,
que passaria a contar com a absoluta magnanimidade da vítima;
acontece, porém, que a vítima nem sempre conhece até que ponto
se beneficiará o agressor da liberalidade que flui do comportamento,
porquanto não nos é dado penetrar no íntimo mais íntimo dos outros
e, por outro lado, determina a bondade
se relegue ao esquecimento os detritos de todo mal.
Urge perceber, no entanto, que, quando conseguimos desculpar
o erro ou a provocação de alguém contra nós,
exoneramos o mal de qualquer compromisso para conosco,
ao mesmo tempo que nos desvencilhamos
de todos os laços suscetíveis de apresar-nos a ele.
Pondera semelhante realidade e não te admitas carregando
os explosivos do ódio ou os venenos da mágoa que destroem a existência
ou corroem as forças orgânicas, arremessando a criatura
para a vala da enfermidade ou da morte sem razão de ser.
Efetivamente, conhecerás muitas vezes
a intromissão do mal em teu caminho, mormente se te consagras
com diligência e decisão à seara do bem, mas não te permitas
a leviandade de acolhê-lo e transportá-lo contigo,
à maneira de lâmina enterrada por ti mesmo no próprio coração.
Ante ofensas quaisquer, defende-te, pacifica-te e restaura-te, perdoando sempre.
Nas trilhas da vida, somos nós próprios quem acolhe em primeiro lugar
e mais intensivamente os resultados da intolerância,
quando nos entrincheiramos na dureza de alma.
Sem dúvida, é impossível saber, quando venhamos a articular o perdão
em favor dos outros, se ele foi corretamente aceito
ou se produziu as vantagens que desejávamos; entretanto,
sempre que olvidemos o mal que se nos faça, podemos reconhecer,
de pronto, os benéficos efeitos do perdão conosco,
em forma de equilíbrio e de paz agindo em nós.
Chico Xavier / Emmanuel (espírito)