O ser humano, indiscutivelmente, anseia por encontrar o prazer, ponto original da ambicionada felicidade, a qual merece destaque especial no processo evolutivo do Espírito encarnado.
Ele, o prazer, não deixa de ser um estímulo veemente para a criatura. Tanto isso se constitui numa realidade que, havendo uma frustração diante da busca, costuma-se dizer: “sou um azarado”, “não existe nenhum motivo para eu continuar vivendo”, “o melhor é desistir de tudo”...
Ignoram essas pessoas que a frustração não deixa de ser um item precioso no processo da nossa evolução, pois que, com ela, aprendemos a suportar o insucesso, passamos a perceber que nem tudo depende exclusivamente de nossas atitudes e ambições. Algo, muito além das nossas percepções, dirige nossos dias, nossos momentos...
De modo geral, estabeleceu-se que ser feliz é ter motivos para sorrir, mostrar-se bem-disposto, elegantemente vestido, aparecendo publicamente dentro de um veículo último tipo, preferencialmente estrangeiro, desfilando aprimorada sociabilidade, e por aí vai...
No entanto, atentemos para o fato de que tudo isso pode não passar de uma máscara afivelada à face dessas criaturas, escondendo sofrimentos, inseguranças, incertezas sobre si mesmas diante dos que as cercam.
O prazer tem sido direcionado para atendimentos imediatos onde os gozos mais fortes existam, tais como aqueles divertimentos estimulados pelo álcool, sexo, tabagismo e, naturalmente, as drogas aditivas e alucinógenas, perturbadoras.
Tal estado íntimo, alcançado pelo uso desses ingredientes, leva, é verdade, a diversões variadas, fortes e desnorteadoras, mas não ao real prazer, que pode ser vivido numa leitura saudável, na audição de uma boa música, em conversações agradáveis, numa convivência relaxante, em passeios e caminhadas pela praia ou pela mata...
O falso prazer, no final, exige da pessoa um repouso prolongado para refazimento energético, afetivo. Ele na verdade se perdeu, esvaziou-se de todas as características de gozo real.
O prazer precisa espraiar-se pelo sistema emocional da criatura, ao final dos momentos vividos que lhe deram origem, deixando-lhe sempre aquela sensação de bem-estar psicofísico, que podemos chamar de bem-estar espiritual.
Quantos esforços são despendidos na busca de um prazer, o qual, tão logo seja logrado, estiola-se, afrouxa toda a expectativa do ser, seu ânimo é jogado por terra, instalando-se a insatisfação, a frustração, o desânimo...
Os ilegítimos prazeres multiplicam-se até o grau de extravagâncias e aberrações, violências e agressividades, para substituírem um estado psicológico enfermiço de enfado que predomina em muitos seres, sempre surgindo nos instantes finais de suas buscas, pelo fato de não haverem preenchido, como era esperado, as reais necessidades de bem-estar que felicitam o Espírito empenhado na busca do verdadeiro prazer.
A história humana, de ontem e de hoje, notabilizou-se pela procura de divertimentos que tivessem continuidade, surgindo as lutas cruentas que terminavam em mortes nas arenas. Essas lutas persistem, com suas variações, nelas incluindo-se as lutas de animais sob os gritos dos jogadores que investem largos recursos para a vitória de seus animais “guerreiros”.
Nessas horas de criação de divertimentos, com jogos e violências, a imaginação do homem sempre se mostrou fértil e variável em atrativos, e quanto mais excitantes melhor. Foi aí que as pessoas começaram a perder o senso do prazer, transferindo-se para o divertimento da crueldade, da maldade, da falta de sensibilidade perante a dor do outro.
Hoje, passados séculos, a violência ainda se espraia mostrando uma face enegrecida pela ignorância no que diz respeito ao verdadeiro prazer, aquele tão bem exemplificado pelo Cristo de Deus, Jesus, cuja atuação visava única e exclusivamente o bem-estar espiritual.
Os divertimentos atuais ganham da mídia um excelente auxiliar porque está em jogo o lucro.
O aumento da variedade de divertimentos leva os seus praticantes incautos às fugas psicológicas, à indiferença quanto à dor alheia, à ausência de solidariedade, porque nesses momentos a instalação do egoísmo é temporariamente invencível, deixando, após sua passagem, um rastro de insaciedade, onde não pode, de forma alguma, existir o prazer.
A ignorância com relação ao que o homem é, seu desconhecimento de que a Deus não se engana, é o que leva a criatura desavisada a permanecer num estado de ignorância que não tem limites.
Somente a dor poderá fazer o que o amor não conseguiu. Infelizmente, esta é a grande e iniludível realidade diante dessa busca desenfreada do prazer, do gozo.
Mais do que natural que surjam, agora ou depois, vários,muitos processos conflituados na criatura no íntimo de sua personalidade e no âmago de sua individualidade.
Somente através de uma terapia em que a razão e o bom senso tenham fincado suas raízes profundas, podem ser ofertados àqueles que se encontram nessa faixa de buscar prazeres e gozos fora do quadro real da espiritualização.
Muito esforço ainda será cobrado aos enganados gozadores da vida, até que eles se encontrem, depare-se com o verdadeiro prazer – o espiritual –, e por uma razão muito simples: ele é um Espírito, filho de Deus, criado para a perfeição, portanto, para ser feliz.
Reformador Maio/09/ Por:Sérgio Ribeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário