sábado, 7 de junho de 2014

O Sonho do Materialista

Havia, faz bastante tempo, no mesmo hospital em que eu trabalhava, um colega, médico como eu, que gostava de pilheriar com a minha crença espírita. Fazia perguntas absurdas e, quando havia pessoas por perto, mesmo estranhas, gostava de promover até mesmo zombaria. Naturalmente aquelas brincadeiras causavam-me muito mal. Mantinha-me, tanto quanto me era possível, em oração e jamais revidei as provocações.
Certa feita, caminhava apressadamente por um dos corredores do hospital, para atender a um doente, quando ecoou de longe aquela voz provocadora: “Olá, macumbeiro!” Quase todos que estavam por ali riram. Parei, irritado, disposto a revidar. Mas consegui controlar-me, felizmente.
Um dia, ao chegar ao hospital, recebi a notícia dolorosa de que os pais daquele colega haviam desencarnado em condições muito trágicas. Foram vítimas de uma brutal colisão de automóveis.
Apressei-me em prestar minha solidariedade ao colega. Falei-lhe, então, da vida no além-túmulo, afirmando-lhe que seus pais estavam vivos, apenas desencarnados, e que ficasse certo de que, quando chegasse o momento oportuno, ele os reencontraria. Embora ele fosse materialista, pude observar que se emocionara.
Não demorou muito, e, em certa manhã, fui procurado por ele, dizendo-me que queria relatar estranhos sonhos que, nas últimas noites, tinha com o pai.
Demonstrei o maior interesse e pedi mesmo que contasse os sonhos, ajuntando, com o objetivo de consolá-lo, observações acerca da sobrevivência da alma e da comunicabilidade entre “vivos” e “mortos”.
Narrou-me o colega que, num dos sonhos, estava em um local cercado de edifícios, quando lhe apareceu o pai, que dizia estar bem e mostrando um dos prédios, em que fora internado.
Perguntando pela mãe, esclareceu que ela estava em outro local onde ele não tinha acesso, mas que estava ainda melhor do que ele.
Meu colega acrescentou que se lembrou de perguntar se o pai estava satisfeito, recebendo esta resposta: “A única coisa de que não gosto aqui é ser levado, às dezoito horas de todos os dias, para junto de todos e ter de rezar!”
Fiquei emocionado e contei ao colega as narrativas do médico André Luiz, através da psicografia de Chico Xavier, a respeito da oração coletiva de todos os habitantes da cidade espiritual “Nosso Lar”, na hora do crepúsculo, dando veracidade ao que, para ele, seria apenas um sonho.
Acredito que uma fecunda semente foi lançada em seu campo evolutivo e, certamente, a partir daí, a germinação processar-se-á e o colega encontrará o caminho da luz.

Americo Domingos Nunes Filho

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