Minha querida filha:
Deus abençoe a vocês todos, concedendo-lhes muita saúde, alegria e paz.
Suas preces e pensamentos me buscam, na vida espiritual, como vivos apelos do coração.
Nossas lágrimas de saudade se confundem.
Morrer, minha filha, não é descansar, porque o amor, principalmente das mães, é sempre uma aflição permanente do espírito.
Ainda não pude habituar-me á idéia de que nos separamos, no mundo, apesar de sentir-me amparada, incessantemente, por minha mãe e pelo carinho de seu pai.
Quando você se encontra a sós, pensando... pensando... muitas vezes, sou atraída por suas meditações, e, em sua companhia, revejo nossos dias escuros e difíceis em minha viuvez iniciante. Uma ansiedade dolorosa me constrange o coração, nesses encontros...
É que desejava fazer-me visível aos seus olhos e acariciar seus cabelos, como em outro tempo. Em vão, procuro dizer a você, que estou viva, que a morte é ilusão. Inutilmente busco um meio de arrancá-la das reflexões tristes, arrebatando-a das sombras intimas, para restituir seu espírito à alegria; mas sou forçada a receber suas perguntas doloridas e esperar...
Filha do meu coração, rogo-lhe se reanime.
Não estamos separadas para sempre.
O túmulo é apenas uma porta que se abre no caminho da vida, da vida que continua sempre vitoriosa.
Quando você puder, interesse-se pelos estudos da alma eterna.
Guarde a sua fé em Deus, como lâmpada acesa para todos os caminhos do mundo.
Tudo na terra é passageiro.
Ainda ontem estávamos juntas, conversando, unidas, quanto aos nossos problemas; e, hoje, tão perto pelo coração, mas tão longe pelos olhos da carne, uma da outra, somos obrigadas a colocar a saudade e a recordação no lugar da presença e da comunhão mais intima, em nossa alma.
Tenha paciência, minha filha, e nunca perca a serenidade.
Estarei com você, em todos os seus passos.
Abraçados às suas orações e às lembranças carinhosas, que me fortalecem para a jornada nova, e rogando a você muita tranqüilidade e confiança em deus, sou a mamãe muito amiga, que vive constantemente com você pelo coração.
Pelo Espírito Noemia - Do livro:Relicário de Luz: Francisco Cândido Xavier
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