segunda-feira, 6 de agosto de 2012

INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPÓREO

Estudando o Livro dos Espíritos
CAPÍTULO 9

I – Penetração No Nosso Pensamento Pelos Espíritos

456. Os Espíritos vêem tudo o que fazemos? Podem vê-lo, pois estais incessantemente rodeados por eles. Mas cada um só vê aquelas coisas a que dirige a sua atenção, porque eles não se ocupam das que não lhes interessam.
457. Os Espíritos podem conhecer os nossos pensamentos mais secretos?
Conhecem, muitas vezes, aquilo que desejaríeis ocultar a vós mesmos; nem atos, nem pensamentos podem ser dissimulados para eles.

457 a) Assim sendo, pareceria mais fácil ocultar-se uma coisa a uma pessoa viva, pois não o podemos fazer a essa mesma pessoa depois de morta? 

 Certamente, pois, quando vos julgais bem escondidos, tendes muitas vezes ao vosso lado uma multidão de Espíritos que vos vêem.


458. Que pensam de nós os Espíritos que estão ao nosso redor e nos observam ?
 
Isso depende. Os Espíritos levianos riem das pequenas traquinices que vos fazem, e zombam das vossas impaciências. Os Espíritos sérios lamentam as vossas trapalhadas e tratam de vos ajudar.II – Influência Oculta dos Espíritos Sobre os Nossos Pensamentos e as Nossas Ações
459. Os Espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações?
 Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes, porque muito freqüentemente são eles que vos dirigem.
460. Temos pensamentos próprios e outros que nos são sugeridos?
 Vossa alma é um Espírito que pensa; não ignorais que muitos pensamentos vos ocorrem, a um só tempo, sobre o mesmo assunto, e freqüentemente bastante contraditórios. Pois bem, nesse conjunto há sempre os vossos e os nossos, e é isso o que vos deixa na incerteza, porque tendes em vós duas idéias que se combatem.

461. Como distinguir os nossos próprios pensamentos dos que nos são sugeridos?
Quando um pensamento vos é sugerido, é como uma voz que vos fala. Os pensamentos próprios são, em geral, os que vos ocorrem no primeiro impulso.
De resto, não há grande interesse para vós nessa distinção e é freqüentemente útil não o saberdes: o homem age mais livremente; se decidir pelo bem, o fará de melhor vontade; se tomar o mau caminho, sua responsabilidade será maior.


462. Os homens de inteligência e de gênio tiram sempre suas idéias de si mesmos?
Algumas vezes as idéias surgem de seu próprio Espírito, mas freqüentemente lhes são sugeridas por outros Espíritos, que os julgam capazes de as compreender e dignos de as transmitir. Quando eles não as encontram em si mesmos, apelam para a inspiração; é uma evocação que fazem, sem o suspeitar.
Comentário de Kardec: Se fosse útil que pudéssemos distinguir os nossos próprios pensamentos daqueles que nos são sugeridos. Deus nos teria dado o meio de fazê-lo, como nos deu o de distinguir o dia e a noite. Quando uma coisa permanece vaga, é assim que deve ser para o nosso bem.


463. Diz-se algumas vezes que o primeiro impulso é sempre bom; isto é exato?
 Pode ser bom ou mau, segundo a natureza do Espírito encarnado. É sempre bom para aquele que ouve as boas inspirações.

464 Como distinguir se um pensamento sugerido vem de um bom ou de um mau Espírito?
 Estudai a coisa: os bons Espíritos não aconselham senão o bem; cabe a vós distinguir.

465. Com que fim os Espíritos imperfeitos nos induzem ao mal?
 Para vos fazer sofrer com eles.

465 . Isso lhes diminui o sofrimento?— Não, mas eles o fazem por inveja dos seres mais felizes.
465. Que espécie de sofrimentos querem fazer-nos provar?

Os que decorrem de pertencer a uma ordem inferior e estar distante de Deus

466. Por que permite Deus que os espíritos nos incitem ao mal?— Os espíritos imperfeitos são os instrumentos destinados a experimentar a fé e a constância dos homens no bem. Tu, sendo Espírito, deves progredir na ciência do infinito, e é por isso que passas pelas provas do mal para chegar ao bem. Nossa missão é a de colocar-te no bom caminho, e quando más influências agem sobre ti, és tu que as chamas, , pelo desejo do mal, porque os Espíritos inferiores vêm em teu auxílio no mal, quando tens a vontade de o cometer; eles não podem ajudar-te no mal, senão quando tu desejas o mal. Se pés inclinado ao assassínio, pois bem, terás uma nuvem de espíritos que entreterão esse pensamento em ti; mas também terás outros que tratarão de influenciar-te para o bem, o que faz que se reequilibre a balança e te deixe senhor de ti.


467. Pode o homem se afastar da influência dos Espíritos que o incitam ao mal?
Sim, porque eles só se ligam aos que os solicitam por seus desejos ou os atraem por seus pensamentos.
468. Os Espíritos cuja influência é repelida pela vontade do homem renunciam às suas tentativas?
Que queres que eles façam? Quando nada têm afazer, abandonam o campo. Não obstante, espreitam o momento favorável, como o gato espreita o rato.


469. Por que meio se pode neutralizar a influência dos maus Espíritos? Fazendo o bem e colocando toda a vossa confiança em Deus, repelis a influência dos Espíritos inferiores e destruís o império que desejam ter sobre vós. Guardai-vos de escutar as sugestões dos Espíritos que suscitem em vós os maus pensamentos, que insuflam a discórdia e excitam em vós todas as más paixões. Desconfiai sobretudo dos que exaltam o vosso orgulho, porque eles vos atacam na vossa fraqueza. Eis porque Jesus vos faz dizer na oração dominical: “Senhor, não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal!”.


470. Os Espíritos que procuram induzir-nos ao mal, e que, assim, põem à prova a nossa firmeza no bem, receberam a missão de o fazer, e, se é uma missão que eles cumprem, terão responsabilidade nisso?
 Nenhum Espírito recebe a missão de fazer o mal; quando ele o faz, é pela sua própria vontade, e conseqüentemente terá de sofrer as conseqüências(1). Deus pode deixá-lo fazer para vos provar, mas jamais o ordena e cabe a vós repeli-lo.


471. Quando experimentamos um sentimento de angústia, de ansiedade indefinível ou de satisfação interior sem causa conhecida, isso decorre de uma disposição física?
E quase sempre um efeito das comunicações que, sem o saber, tivestes com os Espíritos, ou das relações que tivestes com eles durante o sono.


472. Os Espíritos que desejam incitar-nos ao mal limitam-se a aproveitar as circunstâncias em que nos encontramos ou podem criar essas circunstâncias?
 Eles aproveitam a circunstância, mas freqüentemente a provocam, empurrando-vos sem o perceberdes para o objeto da vossa ambição. Assim, por exemplo, um homem encontra no seu caminho uma certa quantia: não acrediteis que foram os Espíritos que puseram o dinheiro ali, mas eles podem dar ao homem o pensamento de se dirigir naquela direção, e então lhe sugerem apoderar-se dele, enquanto outros lhes sugerem devolver o dinheiro ao dono. Acontece o mesmo em todas as outras tentações.
III – Possessos
473. Pode um Espírito, momentaneamente, revestir-se do invólucro de uma pessoa viva, quer dizer, introduzir-se num corpo animado e agir em substituição ao Espírito que nele se encontra encarnado?
 Um Espírito não entra num corpo como entra numa cãs; ele se assimila a um Espírito encarnado que tem os seus mesmos defeitos e as suas mesmas qualidades, para agir conjuntamente; mas é sempre o Espírito encarnado que age como quer sobre a matéria de que está revestido. Um Espírito não pode substituir-se ao que se acha encarnado, porque o Espírito e o corpo estão ligados até o tempo marcado para o termo da existência material.

474. Se não há possessão propriamente dita, quer dizer, coabitação de dois Espíritos no mesmo corpo, a alma pode encontrar-se na dependência de um outro Espírito, de maneira a se ver por ele subjugada ou obsedada a ponto de ser sua vontade, de alguma forma, paralisada?
 Sim, e são esses os verdadeiros possessos; mas ficai sabendo que essa denominação não se efetua jamais sem a participação daquele que sofre, seja por sua fraqueza, seja pelo seu desejo. Freqüentemente se têm tomado por possessos criaturas epiléticas ou loucas, que mais necessitam de médico do que de exorcismo.

Comentário de Kardec: A palavra possesso, na sua acepção vulgar, supõe a existência de demônios, ou seja, de uma categoria de seres de natureza má, e a coabitação de um desses seres com a alma, no corpo de um indivíduo. Mas, como não há demônios nesse sentido, e como dois Espíritos não podem habitar simultaneamente o mesmo corpo, também não há possessos, segundo a idéia ligada a essa palavra. Pela expressão possesso não se deve entender senão a dependência absoluta da alma em relação a Espíritos imperfeitos que a subjuguem.

475. Pode uma pessoa por si mesma afastar os maus Espíritos e se libertar do seu domínio?
Sempre se pode sacudir um jugo, quando se tem uma vontade firme.

476. Não pode acontecer que a fascinação exercida por um mau Espírito seja tal que a pessoa subjugada não a perceba? Então, uma terceira pessoa pode fazer cessar a sujeição e, nesse caso, que condição deve ela preencher?

Se for um homem de bem, sua vontade pode ajudar, apelando para o concurso dos bons Espíritos, porque, quanto mais se é um homem de bem, mais poder se tem sobre os Espíritos imperfeitos, para os afastar, e sobre os bons, para os atrair. Não obstante, essa terceira pessoa seria importante se aquele que está subjugado não se prestasse a isso, pois há pessoas que se comprazem numa dependência que satisfaz, os seus gostos e os seus desejos. Em todos os casos, aquele que não tem o coração puro não pode ter nenhuma influência; os bons Espíritos o desprezam e os maus não o temem.

477. As fórmulas de exorcismo têm qualquer eficácia contra os maus Espíritos?
Não; quando esses Espíritos vêem alguém toma-las a sério, riem e se obstinam.

478. Há pessoas animadas de boas intenções e nem por isso menos obsedadas; qual o melhor meio de se livrarem dos Espíritos obsessores? Cansar-lhes a paciência, não dar nenhuma atenção às suas sugestões,b mostrar-lhes que perdem tempo; então, quando eles vêem que nada têm a fazer, se retiram.


479. A prece é um meio eficaz para curar a obsessão?

A prece é um poderoso socorro para todos os casos, mas sabei que não é suficiente murmurar algumas palavras para obter o que se deseja. Deus assiste aos que agem, e não aos que se limitam a pedir. Cumpre, portanto, que o obsedado faça, de seu lado, o que for necessário para destruir em si mesmo a causa que atrai os maus Espíritos.

480. Que se deve pensar da expulsão dos demônios, de que se fala no Evangelho?

Isso depende de interpretação. Se chamais demônio a um mau Espírito que subjuga um indivíduo, quando a sua influência for destruída, ele será verdadeiramente expulso. Se atribuís uma doença ao demônio, quando a tiverdes curado, direis também que expulsastes o demônio. Uma coisa pode ser verdadeira ou falsa, segundo o sentido que se der às palavras. As maiores verdades podem parecer absurdas, quando não se olha senão para a forma e quando se toma a alegoria pela realidade. Compreendei bem isto e procurai retê-lo, que é de aplicação geral.
Fonte:Instituto Chico Xavier

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