terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O Amor que Presenteia

Informa o evangelista Mateus (2:1) que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. A tradição evangélica o situa como reis e os nomeia Belchior, Baltazar e Gaspar.
Guiados por uma estrela, vinham homenagear o mensageiro divino, que chegara pela porta da humildade, nascendo numa estrebaria. Iniciava a jornada ensinando que o caminho para Deus passa, necessariamente, pela simplicidade e o despojamento das vaidades humanas.
Traziam presentes: ouro, incenso e mirra.
Três símbolos:
 O ouro, a realeza de Jesus. O incenso, sua elevada espiritualidade. A mirra (usada para embalsamar cadáveres), o sacrifício da própria vida, a fim de nos mostrar os caminhos para Deus.
A iniciativa foi a base para que se estabelecesse, nos séculos que se sucederam ao advento do Cristianismo, a tradição de presentear no Natal. Infelizmente, desvirtuada pelos interesses comerciais, transformou-se em obrigação.
Não oferecer os indefectíveis mimos aos familiares é quase uma ofensa. Ninguém se sente feliz se não recebê-los, particularmente as crianças. O ideal seria lembrar o aniversariante. Se a missão de Jesus foi nos ensinar os caminhos do Amor, que tal, amigo leitor, oferecer-lhe três amorosos presentes, à semelhança dos magos, envolvendo empenho por seguir-lhe os passos?
O primeiro presente de amor: o bom ânimo. Evangelho significa boa nova. É maravilhosa a notícia transmitida por Jesus!
Deus, o Criador, o Senhor todo poderoso, é nosso pai de infinito amor e misericórdia, a trabalhar, incessantemente, pela felicidade de seus filhos. Com um paizão assim não há por que ter medos, dúvidas, angústias, tormentos...
Estamos desempregados?
 Deus nos ajudará a encontrar uma ocupação com que prover a subsistência.
Trazemos o coração partido pelo relacionamento afetivo que não deu certo?
 Se juntarmos os pedaços, dispostos a seguir em frente, Deus o restaurará com perfeição, sem marcas.
Estamos doentes? 
Conscientes da proteção divina enfrentaremos com serenidade o mal, reconhecendo as funções educativas da enfermidade, que depura e sensibiliza a alma.
Mesmo ante as perspectivas de constrangimentos dolorosos, impostos pela Vida, no desdobramento de nossas provações, o bom ânimo é valioso testemunho de confiança em nosso Pai Celeste. É tão estranho alguém que acredita em Deus estar na fossa, quanto se dizer torturado pela sede alguém a nadar num lago de águas cristalinas.
O segundo presente de amor: o bom humor.
Exprime-se na capacidade de cultivar o sorriso, mesmo em situações difíceis. Melhor se consegue rir de si mesmo. Quem o faz jamais será infeliz.
Um homem dotado dessa virtude enfrentou grave problema circulatório. Teve que amputar uma perna. Tempos depois, nova complicação. Foi-se a outra perna. Os familiares ficaram preocupados. Naquela situação constrangedora certamente ficaria pra baixo. Viram logo que infundados eram seus temores. Tão logo passou a anestesia e despertou, virou-se para o médico:
– Doutor, estou preocupado!
– Diga o que é. Estou aqui para ajudá-lo.
– Ah! Doutor, receio que nada poderá fazer.
– É tão grave assim?
– Muito! É que agora, sem as duas pernas, não sei em que pé ficou a situação!
Pessoas assim, dispostas a rir de si mesmas, da própria adversidade, jamais serão infelizes.
Jesus geralmente é apresentado com expressão compungida, torturada, sofredor nato. Nada mais equivocado. O bom humor é uma característica do espírito superior. Os Evangelistas, sempre sucintos nas narrativas, não desciam aos detalhes, imprimindo a alguns episódios uma solenidade que certamente não existiu.
Certa feita (Lucas, 9:51-56), transitando pela Samaria, o grupo não encontrou ninguém disposto a oferecer pousada. Imediatamente João e Tiago, chamados irmãos boanerges, filhos do trovão, por seu caráter impulsivo, perguntaram a Jesus se não poderiam evocar o fogo do céu, para queimar aqueles infiéis.
Que tipo de reação poderia ter Jesus, diante de tal disparate?
Certamente, deu boas risadas, antes de advertir, sorridente:
– Gente, que é isso! Vim para salvar os homens, não para queimá-los!
Noutra oportunidade (Mateus, 14:25-31), os discípulos atravessavam de barco, à noite, o Tiberíades. Em dado momento viram um vulto que se aproximava, deslizando sobre as águas.
Um fantasma! Ficaram apavorados.
Logo viram que era Jesus. Certamente o Mestre sorriu, ante o medo dos companheiros. Simão Pedro, afoitamente, dispôs-se a ir ao seu encontro.
– Vem, Simão.
E ele foi, deu alguns passos, vacilou e começou a afundar.
– Senhor, salva-me!.
Jesus deu-lhe a mão e o sustentou, rindo, sem dúvida.
– Ah! homem de pouca fé!
O terceiro presente de amor: a boa vontade.
Trata-se da vontade de ser bom, o empenho por fazer algo em favor do próximo. É fundamental! Segundo os anjos, que fizeram a proclamação celeste no nascimento de Jesus (Lucas, 2:14), somente com seu exercício haverá paz entre os homens.
Jesus foi a personificação da boa vontade, a começar pelo doloroso mergulho na carne. Governador de nosso planeta, Espírito puro e perfeito, poderia guardar-se nas alturas, enviando um embaixador. No entanto, fez questão de comparecer pessoalmente, submetendo-se a imensos sacrifícios.
Após uma existência de dedicação ao Bem, pregado no madeiro da infâmia, cercado de impropérios, continuou a exercitar a boa vontade, pedindo a Deus que perdoasse a todos. Não sabiam o que estavam fazendo.
Depois voltou, materializando-se diante do atônito colégio apostólico. Tinha muito a reclamar dos companheiros. Um deles o traíra, outro o negara três vezes, e todos haviam fugido no momento extremo, vergonhosamente. Mas o Mestre não tocou no assunto. Limitou-se a saudá-los como nos dias venturosos do passado, convocando-os à gloriosa tarefa de disseminação de seus princípios.
Exercitou, como sempre, a boa vontade.
Que sejam muito felizes seus Natais, amigo leitor.
Sempre plenos de bênçãos e também de reflexões em torno do bom ânimo, do bom humor e da boa vontade, três presentes que Jesus muito apreciará, oferecidos com amor.
Com nossas dádivas estaremos contribuindo pela edificação de um Mundo melhor.
Se o fizermos, certamente estaremos nele, desde agora!

richardsimonetti@uol.com.br
Richard Simonetti

Nenhum comentário:

Postar um comentário