quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Você tem um"Santo?"

"Mauricio, minha família por parte de mãe tem muitas perturbações espirituais. Nós, os filhos dela, temos igualmente muitos problemas que não sei dizer bem o que são. Temos tendência à depressão, ao isolamento, ficamos eufóricas de repente, com raiva, e quando uma entidade nos pega ficamos paralisadas ou desmaiamos. Fomos num terreiro e disseram que nós temos um santo e que se não fizermos um altar e zelar por ele nunca ficaremos bem. Isso é verdade?" (Anônima/Feira de Santana)

Não. Isso é não é verdade.
Infelizmente muitas pessoas distorcem as verdades espirituais e continuam, de propósito ou não, alimentando a ignorância e a superstição das pessoas.
Sua família e você não tem um "santo", mas sim um espírito perturbador e vingativo disposto a desarmonizar vocês psiquicamente, fisicamente e no dia a dia.
Um santo é um espírito evoluído e quando se aproxima das pessoas é para doar amor, paz e energias de harmonia, saúde e felicidade.
Um espírito que se aproxima e causa mal às pessoas jamais pode ser um santo, mas sim um espírito perturbado, inferior e provavelmente obsessor.
Se você fizer um altar em sua casa e cultuar esse espírito irá fortificar a influência que ele tem sobre você e sua família. Sua vida vai melhorar por um tempo, porque ele, na tentativa de enganá-la, irá se afastar um pouco para que tudo pareça bem, mas depois voltará, exigindo cada vez mais coisas estranhas e práticas inferiores. Não caia nessa armadilha.
Você e os membros de sua família precisam procurar ajuda num Centro Espírita Kardecista e se submeterem a um tratamento de desobsessão. Esse tratamento irá afastar esse espírito POR UM TEMPO dando a vocês um pouco de paz para que possam reavaliar atitudes e descobrirem por quê essa entidade perturbadora conseguiu lhes prejudicar.
Se vocês não descobrirem onde estão falhando, nenhum tratamento irá surtir efeito, porque vocês ficarão boas por um tempo, mas logo depois voltarão a ficar mal e a cada recaída ficarão pior.
Infelizmente famílias inteiras passam por esse problema e perdem tempo e dinheiro indo aos terreiros fazer oferendas e trabalhos diversos que de nada adiantam.
Não estou criticando a Umbanda, até porque a Umbanda verdadeira jamais irá orientar a pessoa com esse problema a gastar dinheiro para fazer oferendas e até sacrifícios de animais.
A obsessão nas famílias é mais frequente do que se imagina e nem sempre se dá dessa forma ostensiva. Muitas vezes os espíritos agem de maneira sutil, jogando um membro contra outro, espalhando a desconfiança, a fofoca, a disputa e o ódio que, se não forem contidos, terminará por separar e isolar todos os membros.
Por outro lado um espírito, por pior que seja, só conseguirá atingir alguém se essa pessoa der abertura.
Como é sua família?
 Vocês cultivam a espiritualidade e a fé?
 Evitam problemas entre si e buscam se compreender?
 O que vocês conversam em sua casa?
 Que tipo de assunto tratam?
Qual é o comportamento mental e moral dos membros de sua família?
As respostas a essas perguntas são a chave do que deixou a porta aberta para a obsessão entrar.
Faça essa pergunte e oriente sua família a viver no bem maior, cultivando a espiritualidade, a fé e principalmente o amor.
Esses são os principais ingredientes de defesa contra qualquer mal.

Por Maurício de Castro

Pessoas que morrem mesmo estando vivas

A gente fica triste e chora pelas pessoas que morrem e vão para o mundo espiritual, mas eu tenho outra forma de tristeza: a de ver pessoas que morrem mesmo estando vivas.
Tenho notado que muitas pessoas estão mudadas, transformadas, diferentes e, infelizmente, para pior.
Você olha para aquela pessoa, para aquele amigo, para aquele parente e parece que não é mais a mesma pessoa que você conhecia. Parece que aquela alma alegre, interessante, original, que sorria com você, que compartilhava muitos momentos bons juntos, agora não existe mais. A impressão que dá é que aquela alma já não existe e que estamos de frente a um desconhecido.
É muito triste isso.
Claro que todos nós mudamos com o tempo, mas essa mudança deveria ser para melhor e não para pior.
Noto que algumas pessoas que antes eram alegres, brincalhonas, espontâneas, hoje estão tristes, estranhas, de carra amarrada ou deixaram de ser simples para se tornar esnobes, nariz empinado, metidas, que mal falam com a gente. Pessoas que viviam dentro de nossas casas compartilhando uma amizade, hoje mal nos dão um bom dia.
Eu fico me perguntando por que isso acontece e não acho uma resposta, principalmente porque não se trata de uma mudança pessoal, somente comigo, mas uma mudança geral, uma mudança de vida em forma de retrocesso para com o mundo.
Pessoas alegres se tornaram tristes, pessoas amigas hoje estão indiferentes, pessoas simples tornaram-se "importantes" demais para estar conosco.
Fico triste com isso mesmo sabendo que essas coisas fazem parte da caminhada evolutiva do espírito e que houve alguma coisa bastante séria para que esta mudança ocorresse.
Muitos dizem que foram os problemas da vida que as tornaram assim, mas essa justificativa não é válida, pelo menos pra mim.
Os problemas da vida é para que nos tornemos mais fortes, mais confiantes, mais seguros e consequentemente mais evoluídos.
Se os problemas da vida transformaram essas pessoas para pior é porque elas não souberam aproveitar bem o que a vida lhes trouxe como aprendizado.
Conheço muita gente que, mesmo tendo passado muita coisa ruim na vida, continuam sempre as mesmas e se mudaram foi para melhor. Mas me parece que a maioria faz o caminho inverso.
Você que está lendo esse texto, por favor, não se modifique para pior. Não tranque sua alma, não perca sua alegria, não deixe de ser você, não deixe de ser espontânea, não deixe de acreditar no ser humano e no amor.
Faça dos seus problemas alavancas de crescimento, onde você irá se tornar um ser humano cada vez mais forte, mais original, mais alegre e mais feliz.

Por Maurício de Castro-médium e escritor

O Paradoxo do mal Perpétuo

Zenão de Eléia (490-430 a.C.), era discípulo de Parmênides (século VI a.C.), cujas ideias sobre o movimento defendia em inteligentes paradoxos, conceitos que contrariam o senso comum.

O mais famoso estabelece confronto entre Aquiles e uma tartaruga, em inusitada corrida.
Se o herói grego lhe desse vantagem inicial de alguns metros, jamais a alcançaria. Quando chegasse ao local de onde a tartaruga partira, ela estaria num ponto adiante; ao atingi-lo sua oponente teria caminhado mais… Assim, sucessivamente, ele sempre atrás.
Obviamente o engenhoso paradoxo de Zenão é atropelado pela realidade. Em breves instantes, o herói grego a ultrapassaria. Na prática, a teoria pode ser bem diferente.
Algo semelhante ocorre com a contestação à Lei de Causa e Efeito, enunciada pela Doutrina Espírita, segundo a qual estamos sujeitos a um mecanismo de ação e reação, que faz repercutir em nós o que fazemos aos outros.
Trata-se de uma norma divina conhecida desde que o Homem começou a cogitar dos porquês da vida. Está presente na milenar filosofia hindu, definida como carma ou a consequência das ações humanas.
Jesus também a enunciou, ao proclamar que a cada um será dado segundo suas obras. No entanto, há quem pretenda negar a Lei de Causa e Efeito enunciando um paradoxo: se mato alguém, alguém irá me matar para que eu receba de volta o mal praticado e resgate o meu débito. Meu algoz, por sua vez, deverá perecer nas mãos de um agressor; este será justiçado por outro, que defuntará nas mãos doutro… Assim, indefinidamente. Seria a perpetuação do mal. Esse paradoxo é desmontado pela Doutrina Espírita a partir de singela revelação: Deus não necessita do concurso humano para promover a justiça.
A prática do mal desequilibra nossa alma, gerando desajustes físicos e psíquicos que nos oprimem, impondo-nos dolorosas retificações. Naturalmente, a extensão de nossos comprometimentos e a intensidade dos depurativos cármicos dependerão de múltiplos fatores, que escapam à apreciação humana.
Dizem respeito à idade espiritual, o grau de inteligência e discernimento, as contingências e necessidades…
Não obstante, aprendemos a distinguir o certo do errado, o bem do mal, na medida em que recebemos de retorno as consequências de nossas ações.
Com objetivos educativos, a Lei de Causa e Efeito nos mostra o que devemos e o que não podemos fazer. Não importa se desconhecemos a origem de nossos males, gerados a partir de ações pretéritas, em reencarnações anteriores, ou se não temos consciência desse mecanismo. A lei funciona, em princípio, tendo por base os reflexos condicionados.
A criança foge instintivamente do fogo, não por noção de que pode queimar-se, mas porque desde remoto passado, em existências anteriores, andou às voltas com ele.
A jovem, hoje recatada e prudente, deve sua vocação para a virtude às impressões de que está impregnada sua memória espiritual, quanto às funestas consequências de um passado de promiscuidade e vícios nos domínios do sexo, em existências anteriores.
O chefe de família cuidadoso e responsável, traz a consciência desperta, em face de sofrimentos resultantes de sua omissão e infidelidade no pretérito.
É assim que, de existência em existência, de experiência em experiência, aprendemos a respeitar o semelhante e a cumprir os nossos deveres, deixando de brincar com o destino, como quem brinca com fogo, intuindo que poderemos nos queimar.
Destaque-se algo de suma importância: o conhecimento desse mecanismo acelera nossa evolução. Não precisamos sofrer queimaduras para saber que devemos ter cuidado com o fogo. Podemos nos valer da experiência alheia.
É o que nos proporciona a Doutrina Espírita, colocando-nos em contato com Espíritos sofredores que colhem no Além as consequências de seus desatinos na Terra.
Suas informações valem por oportunas advertências quanto aos cuidados que devemos ter, os caminhos que devemos percorrer, exercitando o Bem, a fim de evitar as dolorosas lições cármicas resultantes de nosso envolvimento com o mal.

Richard Simonetti -Orador e escritor espírita

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Na Vinha do Senhor

Instalado na casa modesta que seria, mais tarde, em Jerusalém, o primeiro santuário dos apóstolos, Simão Pedro refletia...
Recordava Jesus, em torno de quem havia sempre abençoado trabalho a fazer.
Queria ação, suspirava por tarefas a realizar e, por isso, orava com fervor.
Quando mais ardentes se lhe derramavam as lágrimas, com as quais suplicava do céu a graça de servir, eis que o Mestre lhe surge à frente, tão compassivo e sereno como nos dias inolvidáveis em que se banhavam juntos na mesma luz das margens do Tiberíades...
- Senhor! – implorou Simão – aspiro a estender-te as bênçãos gloriosas!... Deixei o lago para seguir-te! Disseste que nos farias pescadores de almas!... Quero testemunhar a divina missão do teu Evangelho de amor e luz!...
E porque o celeste visitante estivesse a fitá-lo em silêncio, Pedro acrescentou com a voz encharcada de pranto:
- Quando enviarás teu serviço às nossas mãos?
Entreabriram-se de manso os lábios divinos e o apóstolo escutou, enquanto Jesus se fazia novamente invisível:
- Amanhã...amanhã...
O antigo pescador, mais encorajado, esperou o dia seguinte.
Aguardando o mandato do Eterno Benfeitor, devotou-se à limpeza doméstica, desde o nascer do sol, enfeitando a sala singela com rosas orvalhadas do amanhecer.
Enlevado em doce expectativa, justamente quando se dispunha à refeição matutina, ensurdecedora algazarra atinge-lhe os ouvidos.
A porta singela, sob murros violentos, deixa passar um homem seminu, de angustiada expressão, enquanto lá fora bramem soldados e populares, sitiando o reduto.
O recém-chegado contempla Simão e roga-lhe socorro.
Tem lágrimas nos olhos e o coração lhe bate descompassado no peito.
O anfitrião reconhece-o.
É Joachaz, o malfeitor.
De longo tempo, vem sendo procurado pelos agentes da ordem.
Exasperado, Pedro responde, firme:
- Socorrer-te porquê? 
Não passas de ladrão contumaz...
E, de ouvidos moucos à rogativa, convoca os varapaus, entregando o infeliz, que, de imediato, foi posto a ferros, a caminho do cárcere.
Satisfeito consigo mesmo, o apóstolo colocava a esperança na obra que seria concedido fazer, quando, logo após, perfumada liteira lhe entregou à presença triste mulher de faces maceradas a contrastarem com a seda custosa em que buscava luzir.
Pedro identificou-a.
Era Júlia, linda grego-romana que em Jerusalém se fazia estranha flor de prazer.
Estava doente, cansada.
Implorava remédio e roteiro espiritual.
O dono da casa, porém, gritou resoluto:
- Aqui, não! O teu lugar é na praça pública, onde todos te possam lançar em rosto o desprezo e a ironia...
A infortunada criatura afastou-se, enxugando os olhos, e Pedro, contente de si próprio, Continuou esperando a missão do dia.
Algo aflito, ao entardecer, notou que alguém batia, insistente, à porta.
Abriu, pressuroso, caindo-lhe aos pés o corpo inchado de Jarim, o bêbado sistemático, seminconsciente, pedia refúgio contra a malta de jovens cruéis que o apedrejavam.
Pedro não vacilou.
- Borracho! Infame! – vociferou, revoltado – não ofendas o recinto do Mestre com o teu vômito!...
E, quase a pontapés, expulsou-o sem piedade.
Caiu a noite imensa sobre a cidade em extrema secura.
Desapontado, ao repetir as últimas preces, Simão meditava diante de tocha bruxuleante, quando o Mestre querido se destacou da névoa...
- Ah! Senhor! – clamou Pedro, chorando – aguardei todo o dia, sem que me enviasses a prometida tarefa!...
- Como não? – disse o Mestre, em tom de amargura. – Por três vezes roguei-te hoje cooperação sem que me ouvisses...
E ante a memória do companheiro que recordava e compreendia tardiamente, Jesus continuou:
- De manhã, enviei-te Joachaz, desventurado irmão nosso mergulhado no crime, que o ajudasses a renovar a própria existência, mas devolveste-o à prisão... Depois do meio-dia, entreguei-te Júnia, pobre irmã dementada e doente, para que a medicasses e esclarecesses, em meu nome: contudo, condenaste-a ao vilipêndio e ao sarcasmo... À noitinha, mandei-te Jarim, desditoso companheiro que o vício ensandece; no entanto, arremeteste contra ele os próprios pés...
-Senhor! – soluçou o apóstolo – grande é a minha ignorância e eu não sabia... Compadeceste de mim e ajuda-me com a tua orientação!...
Jesus afagou-lhe a cabeça trêmula e falou, generoso:
- Pedro, quando quiseres ouvir-me, lembra-te de que o Evangelho tem a minha palavra...
Simão estendeu-lhe os braços, desejando retê-lo junto do coração, mas o Cristo Sublime como que se ocultava na sombra, escapando-lhe à afetuosa carícia...
Foi então que o ex-pescador de Cafarnaum, cambaleando, buscou os apontamentos que trazia consigo e, abrindo-os ao acaso, encontrou o Versículo 12, do Capítulo 9 das anotações de Mateus, em que o Mestre da Vida assevera, convincente: -“Os sãos não precisam de médico, mas sim os doentes.”


 Irmão X - Do livro: Contos Desta e Doutra Vida: Francisco Cândido Xavier
Fonte: CA Caminhos de Luz

O Outro Lado da Festa

Os preparativos para a grande festa estão sendo providenciados há meses.
As escolas de samba preparam, ao longo do ano, as fantasias com que os integrantes irão desfilar nas largas avenidas, em meio às arquibancadas abarrotadas de espectadores.
Os foliões surgem de diversos pontos do planeta, trazendo na bagagem um sonho em comum: “cair na folia”.
Pessoas respeitáveis, cidadãos dignos, pessoas famosas, se permitem “sair do sério”, nesses dias de carnaval.
Trabalhadores anônimos, que andam as voltas com dificuldades financeiras o ano todo, gastam o que não têm para sentir o prazer efêmero de curtir dias de completa insanidade.
Malfeitores comuns se aproveitam da confusão para realizar crimes nefastos, confundidos com a massa humana que pula freneticamente.
Jovens e adultos se deixam cair nas armadilhas viscosas das drogas alucinantes.
Esse é o lado da festa que podemos observar deste lado da vida. Mas há outro lado dessa festa tão disputada: o lado espiritual.
Narram os Espíritos Superiores que a realidade do carnaval, observada do além, é muito diferente e lamentavelmente mais triste. Multidões de Espíritos infelizes também invadem as avenidas num triste espetáculo de grandes proporções. Malfeitores das trevas se vinculam aos foliões pelos fios invisíveis do pensamento, em razão das preferências que trazem no mundo íntimo.
A sintonia, no Universo, como a gravitação, é lei da vida. Vive-se no lugar e com quem se deseja psiquicamente. Há um intercâmbio vibratório em todos e em tudo. E essa sintonia se dá pelos desejos e tendências acalentados na intimidade do ser e não de acordo com a embalagem exterior.
E é graças a essa lei de afinidade que os espíritos das trevas se vinculam aos foliões descuidados, induzindo-os a orgias deprimentes e atitudes grotescas de lamentáveis conseqüências.
Espíritos infelizes se aproveitam da onda de loucura que toma conta das mentes, para concretizar vinganças cruéis planejadas há muito tempo.
Tramas macabras são arquitetadas no além túmulo e levadas a efeito nesses dias em que momo reina soberano sobre as criaturas que se permitem cair na folia.
Nem mesmo as crianças são poupadas ao triste espetáculo, quando esses foliões das sombras surgem para festejar momo.
Quantos crimes acontecem nesses dias... quantos acidentes, quanta loucura...
Enquanto nossos olhos percebem o brilho dos refletores e das lantejoulas nas avenidas iluminadas, a visão dos espíritos contempla o ambiente espiritual envolto em densas e escuras nuvens criadas pelas vibrações de baixo teor.
E as conseqüências desse grotesco espetáculo se fazem sentir por longo prazo. Nos abortos realizados alguns meses depois, fruto de envolvimentos levianos, nas separações de casais que já não se suportam mais depois das sensações vividas sob o calor da festa, no desespero de muitos, depois que cai a máscara...
Por todas essas razões vale a pena pensar se tudo isso é válido. Se vale a pena pagar o alto preço exigido por alguns dias de loucura.
Os noticiários estarão divulgando, durante e após o carnaval, a triste estatística de horrores, e esperamos que você não faça parte dela.
Você sabia?
Você sabia que muitas das fantasias de expressões grotescas são inspiradas pelos espíritos que vivem em regiões inferiores do além?
É mais comum do que se pensa, que os homens visitem esses sítios de desespero e loucura durante o sono do corpo físico, através do que chamamos sonho.
Enquanto o corpo repousa, o espírito fica semi-liberto e faz suas incursões no mundo espiritual, buscando sempre os seres com os quais se afina pelas vibrações que emite.
Assim, é importante que busquemos sintonizar com as esferas mais altas, onde vivem espíritos benfeitores que têm por objetivo nos ajudar a vencer a difícil jornada no corpo físico.

(Equipe de redação do Momento Espírita, baseado nos capítulos 6 e 23 do livro “Nas Fronteiras da Loucura”, ed. Leal.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O Tigre

O entrevistador ouvia as queixas do consulente, no serviço de atendimento fraterno, no Centro Espírita:
– O problema é a minha mulher. Mal-humorada, neurótica, agressiva, vive a tumultuar o ambiente do lar. Implica comigo, com os filhos, com a serviçal, com os vizinhos, com os cachorros… É um tormento!
– Meu amigo – ponderava o atendente –, não seria razoável considerar a virtudes de sua esposa, deter-se nos aspectos positivos de seu comportamento, a favorecer o entendimento? Há um princípio de psicologia segundo o qual as pessoas comportam-se da maneira como as vemos. Identificar virtudes é uma forma de desenvolvê-las. Estar sempre apontando mazelas e imperfeições é a melhor maneira de exacerbá-las.
O consulente arregalou os olhos, surpreendido com aquela tentativa de conciliação em relação ao que lhe parecia inconciliável, e disparou:
– O senhor fala assim porque não conhece minha mulher. Duvido fosse esse o seu discurso se passasse uma semana com ela!
O entrevistador sorriu, paciente.
– Se a sua esposa fosse vitimada por grave enfermidade, o que o senhor faria? Criticaria sua condição? Exigiria que se curasse?
– Claro que não! Seria um criminoso se o fizesse. É a mãe de meus filhos e por sinal cuida muito bem deles.
– Ótimo. Assim considerando, já imaginou que sua esposa está enferma, com um tipo grave de doença?
– Como assim?
– Doença da alma, meu amigo. Pessoas irascíveis, agressivas, têm a alma enferma. São mais carentes de auxílio do que a vítima de enfermidade física. Esta pede cuidados. O doente da alma pede mais que isso: paciência, tolerância, compreensão… Imagine um alienado mental a xingá-lo e maltratá-lo. Certamente você relevará, considerando sua insanidade. Por que não fazer o mesmo com sua esposa?
– Só há um detalhe. Minha mulher não é um doente mental. Sabe muito bem o que faz. Por isso irrito-me com ela.
– Sim, ela pode ter consciência de suas ações, porém não tem controle sobre suas emoções, incapaz de discernir, de conter seus impulsos. O tigre que ainda existe em nós, resíduo de estágios primitivos da animalidade, acorda com facilidade nela, levando-a a exercitar essa agressividade, uma insanidade momentânea, com a qual fere as pessoas do círculo familiar.
– É uma boa imagem. O problema é que, em se tratando de minha mulher, o tigre nunca dorme.
– Então trate de sedá-lo. Ninguém consegue ser agressivo o tempo todo, se durante todo o tempo convive com pessoas capazes de oferecer tranquilizantes como a serenidade e a brandura.
Diz André Luiz que quando as pessoas perdem o controle, deixando-se dominar pela cólera, descem a estágios primitivos de comportamento, liberando uma agressividade perigosa, capaz de produzir estragos, como um tigre feroz a movimentar-se em espaço livre. A mídia vive a destacar ações criminosas induzidas pelo tigre:
– O marido matou a esposa que o deixou.
– O assaltante fuzilou a vítima que reagiu ao assalto…
– O homem assassinou o motorista que provocou um acidente com seu carro...
– O grupo de pessoas linchou o criminoso…
– O filho apunhalou o pai…
– A esposa jogou ácido no marido…
– O aluno agrediu o professor…
Os exemplos são incontáveis, sempre envolvendo o tigre à solta. Uma perguntinha, amigo leitor:
– Por que metade dos casamentos acaba antes de completados sete anos?
Certamente você evocará vários motivos, envolvendo pouca afinidade, divergência de ideias, incompatibilidade de gênios, dificuldades financeiras e até interferência da sogra.
Esses e outros problemas estão apenas na periferia do furacão que destrói o casamento. O epicentro é o tigre que os cônjuges não conseguem manter adormecido. Quando ele acorda, marido e mulher falam e fazem o que é irreparável, acumulando tensões e ressentimentos que desembocam no divórcio.
Por isso, o melhor que podemos fazer, nos momentos em que os ânimos se exaltam no lar, será seguir o sábio conselho:
Orar muito e pedir a Deus, com todas as forças de nossa alma, que nos ajude a manter adormecido o tigre que mora em nós.

.Richard Simonetti- Escritor e Orador Espírita

Inimigos Ocultos

Mencionamos, com muita freqüência, que os inimigos exteriores são os piores expoentes de perturbação que operam em nosso prejuízo. Urge, porém, olhar para dentro de nós, de modo a descobrir que os adversários mais difíceis são aqueles de que não nos podemos afastar facilmente, por se nos alojarem no cerne da própria alma.
Dentre eles, os mais implacáveis são:
- o egoísmo, que nos tolhe a visão espiritual, impedindo vejamos as necessidades daqueles que mais amamos;
- o orgulho, que não nos permite acolher a luz do entendimento, arrojando-nos a permanente desequilíbrio;
- a vaidade, que nos sugere a superestimação do próprio valor, induzindo-nos a desprezar o merecimento dos outros;
- o desânimo, que nos impele aos precipícios da inércia;
- a intemperança mental, que nos situa na indisciplina;
- o medo de sofrer, que nos subtrai as melhores oportunidades de progresso, e tantos outros agentes nocivos que se nos instalam no Espírito, corroendo-nos a energias e depredando-nos a estabilidade mental.
Para a transformação dos adversários exteriores contamos, geralmente, com o amparo de amigos que nos ajudam a revisar relações, colaborando conosco na constituição de novos caminhos; entretanto, para extirpar os que moram em nós, vale tão-somente o auxílio de DEUS, com o laborioso esforço de nós mesmos.
Reportando-nos aos inimigos externos, advertiu-nos JESUS que é preciso perdoar as ofensas setenta vezes sete vezes, e decerto que para nos descartarmos dos inimigos internos – todos eles nascidos na trevas da ignorância – prometeu-nos o Senhor: “conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres”, o que equivale dizer que só estaremos a salvo de nossas calamidades interiores, através de árduo trabalho na oficina da educação.

 Emmanuel - Do livro: Alma e Coração: Francisco Cândido Xavier

CE -Caminhos de Luz

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Ideias

Otávio Pereira, antigo orientador da sementeira evangélica, presidia simpática associação espiritista. Certa feita, violenta reação lhe assaltou a direção pacífica e produtiva.
– Aquelas diretrizes “carro de boi” – criticavam alguns – não serviam.
– Era necessário criar vida nova, dentro da Instituição, projetando-a além das quatro paredes – pontificavam outros.
– Otávio é orientador antiquado – asseveravam muitos – e vive circunscrito a preces, passes, comentários religiosos e sessões invariáveis.
Surpreendido, mas sereno, Pereira assentou medidas para a realização de uma assembléia, onde os companheiros pudessem opinar livremente.
Concordava com os méritos do movimento e ele mesmo – repetia bondoso e humilde – seria o primeiro a colaborar na renovação imprescindível.
Constituída a grande reunião, o velho condutor assumiu a presidência dos trabalhos e abriu o debate franco, rogando aos amigos expusessem as idéias de que se faziam portadores.
O primeiro a falar foi o Senhor Fonseca que, enxugando frequentemente o suor da larga testa, expôs o plano de um orfanato modelar, através do qual a agremiação pudesse influenciar o ânimo do povo.
Finda a explanação veemente e florida, Pereira indagou, sem afetação, se o autor da ideia estava disposto a dirigir-lhe a realização, mas Fonseca afirmou, sem preâmbulos, que não contava com tempo para isso. Era empregado de uma companhia de seguros, e oito bocas, em casa, aguardavam dele o pão de cada dia.
Em seguida, levantou-se Dona Malvina e falou largamente sobre a conveniência de fundarem uma escola, à altura moral da casa, com setores de alfabetização e ensino profissional.
Interpelada, porém, pelo orientador, quanto ao empenho de sua responsabilidade feminina no empreendimento, exclamou, célere:
– Oh! eu? que graça! Tenho idéias, mas não tenho forças... Sou uma pecadora, um Espírito delinqüente! Não tenho capacidade para ajudar ninguém.
Logo após, toma a palavra o Senhor Fernandes, que encareceu a edificação de um departamento para a cura de obsidiados; contudo, quando Pereira lhe pediu aceitasse a incumbência da orientação, Fernandes explicou, desapontado:
– A ideia é minha, mas eu não disse que posso executá-la. Estou excessivamente fraco e, além disso, sinto-me inapto. Sou um doente, e há muito tempo estou de pé, em razão do socorro da Misericórdia Divina.
Mal havia terminado, ergueu-se o irmão Ferreira, que lembrou a organização de um trabalho metódico de assistência aos enfermos e necessitados, com uma pessoa responsável e abnegada à frente da iniciativa.
Quando pelo mentor da instituição foi consultado sobre as probabilidades de sua atuação pessoal no feito em perspectiva, Ferreira informou, sem detença:
– Minha ideia resultou de inspiração do Alto, entretanto, sou portador de um carma pesado. Tenho a resgatar muitos crimes de outras encarnações. Não posso, não tenho merecimento...
E, de cérebro a cérebro, as idéias pululavam, sublimes e coloridas, entusiásticas e fascinantes, mas, de boca em boca, as confissões de ineficiência se sucediam, multiformes.
Alguns se revelavam doentes, outros cansados, muitos se declaravam absorvidos de inquietações domésticas e não poucos se diziam dominados por monstruosas imperfeições.
A assembléia parecia trazer fogo no raciocínio e gelo no sentimento.
Quando os trabalhos atingiram a fase final, depois de compridas conversações, sem proveito, Pereira, sorrindo, comentou breve :
– Meus irmãos, nossa casa, sem dúvida, precisa movimentar-se, avançar e progredir; entretanto, como poderá o corpo adiantar-se, quando as mãos e os pés se mostram inertes? Todos possuímos idéias fulgurantes e providenciais, todavia, onde está a nossa coragem de materializá-las? Quando os membros se demoram paralíticos, o pensamento não faz outra coisa senão imaginar, orar, vigiar e esperar... Sou o primeiro a reconhecer o imperativo de nossa expansão, lá fora, no grande mundo das consciências, no entanto, até que sejamos o conjunto harmonioso de peças vivas, na máquina da caridade e da educação, como veículos irrepreensíveis do bem, não disponho de outro remédio senão aguardar o futuro, no Espiritismo das quatro paredes...
E, diante da estranha melancolia que dominou a sala, apagou-se o brilho faiscante das idéias, sob o orvalho das lágrimas com que Pereira encerrou a sessão.

 Irmão X - Do livro: Contos e Apólogos: Francisco Cândido Xavier

Fonte: Caminho da Luz

domingo, 1 de fevereiro de 2015

A Alma Também

Casas de saúde espalham-se em todas as direções com o objetivo de sanar as moléstias do corpo e não faltam enfermos que lhes ocupem as dependências.
Entretanto, as doenças da alma, não menos complexas, escapam aos exames habituais de laboratório e, por isso, ficam em nós, requisitando a medicação, aplicável apenas por nós mesmos.
Estimamos a imunização na patologia do corpo.
Será ela menos importante nos achaques do espírito?
Surpreendemos determinada verruga e recorremos, de imediato, à cirurgia plástica, frustrando calamidades orgânicas de extensão imprevisível.
Reconhecendo uma tendência menos feliz em nós próprios é preciso ponderar igualmente que o capricho de hoje não extirpado será hábito vicioso amanhã e talvez criminalidade em futuro breve.
Esmeramo-nos por livrar-nos da neurastenia capaz de esgotar-nos as forças.
Tratemos também de nossa afeição temperamental para que a impulsividade não nos induza à ira fulminatória.
Tonificamos o coração, corrigindo a pressão arterial ou ampliando os recursos das coronárias a fim de melhorar o padrão de longevidade. Apuremos, de igual modo, o sentimento para que emoções desregradas não nos precipitem nos desvãos passionais em que se aniquilam tantas vidas preciosas.
Requintamo-nos, como é justo, em assistência dentária na proteção indispensável.
Empenhemo-nos de semelhante maneira, na triagem do verbo para que a nossa palavra não se faça azorrague de sombra.
Defendemos o aparelho ocular contra a catarata e o glaucoma. Purifiquemos igualmente o modo de ver. Preservamos o engenho auditivo contra a surdez.
No mesmo passo, eduquemos o ouvido para que aprendamos a escutar ajudando.

A Doutrina Espírita é instituto de redenção do ser para a vida triunfante. A morte não existe.
Somos criaturas eternas. Se o corpo, em verdade, não prescinde de remédio, a alma também.

(André Luiz / Chico Xavier

Leia mais: http://www.cacef.info/news/a-alma-tambem