quinta-feira, 16 de abril de 2015

Folhas ao vento

A situação da família era terrível...

Seis filhos, o mais velho, 12 anos; o menor, nos braços de sua mãe, apenas alguns meses.
Pais e filhos cansados, famintos, sem casa, sem dinheiro, sem esperança...
Pouca bagagem, em malas surradas, muita amargura no coração.
– Que é isso, minha gente? Vieram da Guerra? – pergunta, penalizado, o atendente do albergue onde procuram pousada.
– Pois é, seu moço – responde o chefe da família – viemos de Minas. Eu tinha emprego, casa para morar, filharada na escola. Até que não estava mal... Mas um dia o patrão ficou bravo, gritou comigo e eu mandei ele pro inferno. Quase bati, porque homem nenhum fala assim comigo, não!

***
Que tristeza!
Toda uma família em penúria, porque o “machão” não levou desaforo para casa...
Muitos casamentos são desfeitos, muita gente vai parar na prisão, pelo mesmo motivo.
Um momento de cólera, uma reação de ódio, uma agressão, e temos a existência complicada.
Não há nenhum mérito em responder ao mal com o mal, à ofensa com a violência, à má palavra com o palavrão.
Qualquer animal faz isso.
Se dermos um pontapé num cachorro, ele nos responderá com uma dentada.
O cavalo aprontará um coice...
Só os homens de verdade estão dispostos a compreender, mantendo a calma.
Enquanto não treinarmos esse tipo de coragem, jamais seremos donos de nós mesmos.
Estaremos sempre influenciados pelo comportamento das pessoas próximas, como folhas ao vento.

Richard Simonetti

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