terça-feira, 29 de setembro de 2015

Olhos Atentos

Diante da morte.
O marido falecera num acidente. A viúva dera testemunho de sua fé no velório, mostrando-se resignada e contida, embora, intimamente, sentisse seu mundo desabar. Uma amiga a abraçou.
– Não há nada que possa amenizar sua dor. Sei quem foi seu marido e o que ele representava para você, luz em seu caminho. Tudo o que posso lhe oferecer, minha querida, é a minha solidariedade. Vim chorar com você.
E chorou com a amiga e esteve com ela todos os dias, e oraram juntas até que os valores da solidariedade e da fé estancaram a fonte das lágrimas, para que ela retomasse sua vida, em suspenso desde a morte do amado.
No lar.
Um homem comentava com o amigo que sua esposa parecia muito nervosa. Ele concordou.
– É verdade. Minha cara-metade anda irritada, soltando os cachorros...
– Algum problema?
– Não é nada. Está em TPM.
– Tensão pré-menstrual?
– Não, teste de paciência para o marido.
– Está sendo aprovado?
– Sem problema. É só passar zíper na boca; dizer sim, querida, e orar.
Um problema que afeta muitas mulheres, encarado de forma filosófica e bem-humorada pelo marido, o que lhe permitia manter a serenidade, mesmo que ela a tivesse perdido, ajudando-a a reencontrá-la.
Na escola.
Aconteceu. Em plena sala de aula o menino de nove anos viu formar-se pequena poça debaixo de sua carteira, enquanto sua calça ficava molhada com o xixi incontrolado.
Um mico irreparável. Os meninos iriam rir dele pelo resto da vida. Nunca mais as meninas falariam com ele. Seu coração parecia querer sair-lhe pela boca, tal o seu nervosismo.
A professora vinha em sua direção. Certamente vira o que acontecera. Desejou com todas as forças de sua alma que o chão se abrisse debaixo de seus pés e ele sumisse. No auge do desespero, viu uma menina, Susie, que surgiu inesperadamente, carregando um aquário cheio d’água que ficava num canto da sala. Aparentemente descuidada, tropeçou na professora e despejou a água no colo do menino.
Ele fingiu irritação, mas estava mesmo aliviado. Ao invés de objeto de ridículo, os colegas se compadeciam dele, sem perceber o que tinha acontecido. A professora providenciou-lhe camisa e short, enquanto sua roupa secava. Ao final do dia, quando esperavam o ônibus escolar, o menino caminhou até Susie e sussurrou:
– Você fez aquilo de propósito, não foi?
Ela respondeu sorrindo:
– Sim, eu também fiz xixi na calça uma vez!
Em qualquer lugar, em qualquer situação, em qualquer horário, sempre há algo que podemos fazer em benefício do próximo. Há anos mantenho contato com pessoas que procuram o Centro Espírita Amor e Caridade, em Bauru, em busca de cura para seus males, solução para seus problemas, alento para suas vidas…
Participam, não raro, de cursos de Espiritismo e Mediunidade. Noto, invariavelmente, que as que se saíram melhor, superando suas angústias e habilitando-se à felicidade, foram as que aprenderam a lição fundamental: felicidade é sinônimo de servir.
É a disposição de manter olhos atentos ante as carências alheias, identificando com a lucidez da solidariedade os tsunamis ocultos que assolam a alma humana, sem jamais deixar passar a oportunidade de algo fazer em seu benefício.

Por Richard Simonetti
Contato: richardsimonetti@uol.com.br

Queixas

Quanto mais você se queixa e fala sobre seus problemas mais eles aumentam. Não importa se são problemas amorosos, financeiros, familiares ou de saúde. Falar neles e viver se queixando aumenta-lhes a carga energética negativa e tudo vai ficando pior em vez de se resolver.
Se quiser que seus problemas se resolvam pare de falar neles e evite a queixa. Claro que você às vezes precisa desabafar com alguém, buscar orientação, dividir suas dores. Mas só! Fazer disso um hábito, uma rotina só vai deixar sua vida pior sem proveito para ninguém. Além disso as pessoas não gostam daqueles que vivem se queixando, pois a energia de quem se queixa é pesada e deprime quem está por perto.
A palavra é uma energia viva e atuante.
Quanto mais você falar de suas doenças, de sua crise financeira, da falta de amor, das relações que estão confusas e de suas dificuldades, mais estará atraindo essas coisas e outras diversas.
Fale de coisas boas e positivas. De saúde, amor, paz, da esperança em dias melhores, de Deus, da sua fé.
Seja otimista, acredite no sucesso, pense que, seja quais forem seus problemas, a vida vai resolver quando chegar a hora. Esqueça as coisas que não pode ainda mudar e viva em paz. Esse é o segredo daqueles que vivem felizes.

Por Maurício de Castro-escritor mediúnico

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Um Alerta aos Espíritas

Semana passada conversei com uma amiga que está ficando descrente do Espiritismo por causa dos muitos médiuns mentirosos que tem encontrado, dos espíritas que mesmo com muitos anos de doutrina continuam sem melhorar em nada no aspecto moral e pela fantasia com que muitos espíritas encaram a doutrina. Ela se diz desestimulada para prosseguir e pensa em abandonar de vez a frequência ao centro.
Embora pareça um caso isolado, isso ocorre com mais frequência do que se pode imaginar. Conheço inúmeras pessoas que deixaram a doutrina espírita pelos mesmos motivos.
É realmente lastimável a postura de muitos espíritas no dia a dia. Muitos permanecem arrogantes, orgulhosos, personalistas, elitistas, materialistas, de coração duro, déspotas no lar, disputando o posto de donos da verdade e alguns profundamente intolerantes.
Você irá dizer: ninguém é perfeito! O que é uma grande verdade. Contudo, cabe ao espírita a transformação moral no grau máximo que ele possa fazer, muito mais do que os membros de outras religiões, porque o Espiritismo é uma doutrina sem dogmas, sem alegorias, figuras de linguagem ou ensinamentos dúbios. Tudo é muito claro. As comunicações que os espíritos superiores nos dão não são apenas belas, mas também práticas, sem rodeios, tudo muito fácil de se entender. Assim sendo o espírita tem o dever moral de ser melhor a cada dia muito mais do que qualquer outra pessoa. Não é pra ser melhor que os outros, mas ser melhor dentro de si, transformando-se em uma pessoa simples, verdadeiramente humilde, centrada, pé no chão, auxiliando a quem precisa dentro dos seus limites, sendo um homem de bem, deixando as coisas materiais em segundo plano e buscando mais a vida espiritual.
Não adianta a pessoa pregar a humildade numa palestra e na rua ser arrogante, no trabalho ser esnobe, no dia a dia querer passar por cima dos outros.
Allan Kardec dizia que o espírita que não se transforma moralmente está prejudicando a doutrina muito mais que ajudando e seria melhor que dela se afastasse. Isso porque o exemplo tem o poder de arrastar multidões muito mais que as palavras por mais bonitas que elas sejam.
Quanto aos médiuns mentirosos e trapaceiros esse é um problema que o espírita terá que lidar usando o bom senso. Como se faz isso?
A única forma de saber se um médium está sendo verdadeiro ou mistificando é estudando profundamente sobre o assunto. É preciso saber como funciona o intercâmbio mediúnico, em que condições ele se dá, e como a moral do médium interfere nesse processo.
Como saber se um médium está mentindo ou falando a verdade? É preciso analisar sua postura moral, seu desinteresse material, seu desprendimento das coisas do mundo e seu grau de vaidade, porque há muitos médiuns que não se interessam em dinheiro, mas se interessam em receber elogios e brilhar por causa de sua mediunidade. Para um bom observador, isso não é difícil.
Contudo, saber se um médium mente ou não, não é tão importante. O mais importante é a sua transformação moral, o seu estudo, a sua postura perante a doutrina. O que importa se ele mente? O que importa é você não mentir nem enganar jamais. Cada dará conta apenas de si mesmo no tribunal da própria consciência.
Fica a reflexão.

Por Mauricio de Castro-escritor e médium

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Drogas

"Mauricio, não sei mais o que fazer, estou desesperada. Meu filho é viciado em drogas, apronta muito chegando a vender objetos da casa para comprar cocaína. Já o internamos duas vezes, ele melhora, mas depois volta ao vício. Estou pensando em levá-lo a tratamento num Centro Espírita. Será que lá ele obterá a cura?" (G F)
O problema do vício em drogas é ainda mais complexo do que se imagina e do que os especialistas no assunto pensam e dizem a respeito. Com todo respeito que devemos ter à Psicologia e à Psiquiatria, elas são insuficientes para tratar um problema dessa gravidade porque se limitam aos conflitos da personalidade e da química orgânica, sem levar em conta os antecedentes espirituais da pessoa, dos conflitos que trouxe das outras reencarnações e, principalmente, dos espíritos que estão ao seu redor, obsediando-o de maneira simbiótica, o que agrava ainda mais o caso.
A maioria dos viciados em drogas nesta encarnação são reincidentes, ou seja, já tinham esse mesmo vício, sob formas diferentes em suas vidas anteriores. Antes de nascerem de novo, fazem um tratamento espiritual de reabilitação e prometem que, na próxima vida, irão resistir à tentação e vencer.
Para isso escolhem a família certa para esse fim. Alguns, pelo grave medo de recaírem no vício, escolhem reencarnar em famílias cujas religiões trazem regras rígidas de conduta, acenam com o pecado e com o medo do Satanás, para, pelo temor, não voltarem ao vício.
Outros desejam testar as próprias resistências e pedem para nascer numa família sem regras de conduta, em meio a viciados ou pedem para, em determinado momento da existência serem tentados mais uma vez pelo apelo da droga, a fim de que possam resistir. Só um espírito que sofreu muito pelo abuso das substâncias químicas é que tem força suficiente para vencer a tentação na hora que ela chega.
Seu filho só vai vencer o vício quando quiser, quando achar que ele está custando caro e tomar consciência de que precisa mudar. Sem ele querer e despertar para isso, nada se pode fazer.
Internações compulsórias são válidas e necessárias para evitar o perigo de morte por overdose ou por meio de traficantes, mas a internação em si, não resolve o problema, que está no espírito.
Toda pessoa viciada em drogas sofre de um enorme vazio existencial.
É preciso que os pais prestem atenção em seus filhos nesse sentido porque desde pequenos eles já demonstram propensão ao vício pela inquietude, por crises de apatia, desânimo e tristeza sem causa aparente.
O espírito de uma pessoa viciada perdeu-se de si mesmo e por isso sente falta de algo que nem elas mesmas sabem o que é. Quando usam o tóxico sentem-se completos, preenchidos, porque a droga traz essa ilusão, então é fácil mergulhar no vício, cuja saída será extremamente difícil.
Além disso, há, em torno dessas pessoas, espíritos viciados ou vingativos, inimigos do passado que tramam suas quedas por meio da droga, induzindo-os a irem a determinados lugares, a ter determinadas ideias, etc.
Se você quer que seu filho se liberte, a ajuda no Centro Espírita é muito boa, porém será preciso levá-lo a querer a libertação. Esse é um caminho espinhoso porque só se liberta de um vício quem faz a grande viagem ao interior da alma para buscar o que está perdido.
Amigos espirituais estão prontos a ajudar, mas é preciso querer.
Não desanime, lute, busque ajuda espiritual. Um dia tudo vai passar.
Por Maurício de Castro-escritor mediúnico

Horas Dífíceis

Provável estejas atravessando as horas difíceis que não aguardavas.
Querias o empréstimo de recursos amoedados, para acertar os próprios negócios e os amigos falharam.
Perdeste todos os haveres num investimento que te parecia importante e que resultou em fracasso.
Colocaste todas as esperanças num filho querido que te trocou por aventuras inferiores.
Pessoas amadas deixaram-te a sós, afastando-se junto daqueles mesmos que te recebiam apreço e confiança.
Companheiros de ontem surrupiam-te hoje as vantagens e os bens.
Apoiavas-te no afeto e na dedicação de alguém que a morte transferiu de plano, impondo-te desajuste e solidão.
Se essas horas de crise te surgiram na existência, não te desanimes e nem te desesperes.
Ergue a fronte para o alto e conta com Deus.

Emmanuel -Chico Xavier

Tudo está certo

Não se iluda com as aparências.
 Você está no lugar certo, na hora certa e com as pessoas certas. Tudo sempre está certo da maneira como está. Mesmo que você esteja sofrendo com sua situação atual tudo tem um propósito maior, uma justificativa que só lá na frente você irá entender. A vida trabalha em ciclos que se cumprem sempre. Não adianta tentar forçar algo quando o ciclo já acabou, como também não adianta querer sair de uma situação que não está ainda resolvida. Só quando aprendemos a lição que a Vida quer nos ensinar é que podemos sair de um ciclo doloroso e encontrar dias radiosos de felicidade e paz. Peça a Deus que lhe mostre o que você precisa saber para que tudo mude. Forçar a barra e sair de uma situação sem tem assimilado a lição fará com que encontre outra situação igual mais adiante. É por isso que para muitas pessoas os problemas se repetem. Aprender é fechar um ciclo e iniciar outro melhor. Pense nisso e uma ótima quinta-feira.

Por Mauricio de Castro - Escritor mediúnico

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Não deixem que suguem sua energia

Existem situações em que nós, infelizmente, nos deixamos levar pelo outro. Assumimos a responsabilidade por terceiros e nossos centros de força passam a trabalhar para eles. Esse fenômeno é conhecido como vampirismo. Você não imagina como isso é péssimo para sua evolução. Você fica estagnada e se anula, abastecendo o outro com a sua energia.
É possível, sim, ir contra essa influência. Deixar-se influenciar depende somente de sua postura, atitude e modo de encarar a vida. Porque não existe essa história de vítima. Ninguém vai sugar sua energia se você não deixar. O vampiro só existe se a pessoa for “vampirizável“.
Preste atenção. Cada vez que você se depara com um vampiro, seu sistema sente e dá um sinal de alerta. E ele tem a capacidade de expulsar essas interferências. Então, assuma seu sexto sentido para dar um chega pra lá na negatividade. Só assim você conquistará a paz e chegará aonde quer. Mas prepare-se, pois existem várias versões de vampiros, que podem estar entre os amigos, no trabalho ou mesmo na família. Até você pode se identificar com alguns deles. Olha só:
Vampiro cobrador.
Ele já chega cobrando, antes de cumprimentar: “Poxa, você nem me telefonou!” E, se você é cobrável, começa a se desculpar e acaba sob o domínio dele. Cede de primeira e ele rapidinho a coloca na condição de devedora. Pronto, é o suficiente para a aura dele engatar na sua. Resultado: bate uma sensação de fraqueza, perda de energia. Chega a dar tontura. E como cortar essa influência? Reagindo! Não dê atenção às cobranças. A defesa é questão de posse. A melhor tática para lidar com vampiro é encará-lo e falar a verdade, ainda que seja deselegante. Não se deixe constranger.
Vampiro crítico.
É todo questionador: “Mas você vai sair assim?”, “Menina, como você fez aquilo?” Ele critica, e você, para agradar, se justifica, permitindo que ele seja seu juiz. É impressionante, qualquer crítica nos afeta! Não queremos que pensem mal da gente, e isso é uma dificuldade de se impor. Pense: “Tenho minha visão e é ela que vale. O que o outro pensa não importa”. Assuma e se banque já, para que o outro não roube seu entusiasmo.
O vampiro reclamador
Queixa-se de tudo e quer sua atenção. Você comenta qualquer coisa, diz que precisa ir, mas ele te segura e insiste em reclamar. Daí, você se coloca no lugar dele e dá dicas de como ser otimista. É isso o que ele quer. O coitadinho precisa de seu socorro, sua companhia, sua vida. Esse tipo é comum entre os idosos. Reclamam que se doaram a vida toda para os outros, mas pagaram caro. E fazem joguinho: “Vai sair e me deixar sozinho?”. Com pena e achando que é sua responsabilidade, você cede. Grande tolice!
O vampiro desesperado
O mais comum, mimado, mas não “ajudável”, pois nunca faz nada por si. Ele quer que você faça tudo por ele e ainda arma escândalo, faz barulho e se desespera tanto que acaba te deixando aflita. Daí, ele fica aliviado, e você, agitada e ansiosa, com a aura dominada pela energia negativa.
O vampiro adulador
Vem cheio de elogios: “Obrigado por existir. Você é a pessoa mais maravilhosa que conheço!” Logo em seguida, vem a dentada. E por que ele quer pôr o seu ego lá em cima? Porque, quando mexe com sua vaidade, você não enxerga mais nada e se rende a qualquer pedido. Basta uma puxadinha de saco e você fica totalmente dominada. Cuidado!
O vampiro impotente
A frase típica deste tipo é: “Eu não consigo”. Ele já chega com um ar de que nada dá certo. Se você tenta levantá-lo, ele reforça sua impotência. Uma vez, eu estava com uma pessoa assim e, logo que percebi sua postura, disse: “Sua vida está uma droga e acho que você não quer melhorá-la. Está falando isso com tanto prazer!”. Quando você bate de frente, o sujeito empalidece, perde o rumo. É o que basta para não se deixar sugar.
Por fim, há o vampiro desencarnado, ou o encosto. Você está sentindo-se bem e, do nada, fica irritada, crítica, começa a se cobrar ou sente outro desconforto. Se acontecer algo assim, pare e se pergunte: “Por que estou sentindo isso?”. Quando você descobre que se trata de um vampiro desencarnado, a questão está quase resolvida. Alguns encostos percebem que você se ligou e vão embora. Uma pena que, na maioria das vezes, a gente não se dê conta da existência deles. Por isso, antena ligada. Para se defender, entenda que esse estado de ânimo não é seu

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Sentimentos

Não é errado sentir raiva, ódio, inveja ou rancor por pessoas e coisas. O que é errado é usar esses sentimentos de maneira destruidora. Todos os sentimentos são naturais e fazem parte do ser humano. Foi Deus quem nos fez assim e se fomos criados com esses sentimentos é porque eles tem uma função. Nada está errado na natureza. Quem não sente raiva diante de uma injustiça? Quem não sente ódio quando é desprezado, humilhado, passado para trás ou traído? Quem não sente rancor quando alguém mexe no nosso ponto mais fraco? Quem não sente indignação diante do quadro lastimável do mundo atual?
Não é errado sentir nada, pois tudo faz parte de nossa natureza.
Deus nos dotou desses sentimentos para que nós os usássemos como mola propulsora de nosso progresso.
O que acontece é que os usamos para agredir, violentar, matar e transformar o mundo num cenário ainda pior.
O ódio é para ser transformado em firmeza, coragem e força.
A raiva é para ser usada como estímulo para o trabalho e força para as realizações.
A inveja como vontade de produzir melhor e o rancor para alicerçar novas conquistas.
Ódio não é para matar.
Raiva não é para agredir.
Inveja não é para destruir.
Rancor não é para faltar com o perdão.
Todos os sentimentos existem por uma função nobre, basta que saibamos usar.
Conheço pessoas que usaram a força da raiva e do ódio para o progresso e hoje o ódio foi transformado em conquista e prosperidade.
Conheço gente que por uma raiva de uma humilhação recebida, acordou para a vida e resolveu sair do comodismo e progredir.
Não vamos condenar esses sentimentos, nem cultivá-los para o mal.
Nada é mal em si mesmo. Cada um é que põe o mal que há em si mesmo sobre as coisas.

Por Maurício de Castro- escritor e médium

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Tragédia no Circo

Naquela noite, da época recuada de 177, o “concilium” de Lião regurgitava de povo.
Não se tratava de nenhuma das assembléias tradicionais da Gália, junto ao altar do Imperador, e sim de compacto ajuntamento.
Marco Aurélio reinava, piedoso, e. Embora não houvesse lavrado qualquer rescrito em prejuízo maior dos cristãos, permitira se aplicassem na cidade, com o máximo rigor, todas as leis existentes contra eles.
A matança, por isso, perdurava, terrível.
Ninguém examinava necessidades ou condições. Mulheres e crianças, velhos e doente, tanto quanto homens válidos e personalidades prestigiosas, que se declarassem fiéis ao Nazareno, eram detidos, torturados e eliminados sumariamente.
Através do espesso casario, a montante da confluência do Ródano e do Saône, multiplicavam-se prisões, e no sopé da encosta, mais tarde conhecida como colina de Fourviére, improvisara-se grande circo, levantando-se altas paliçadas em torno de enorme arena.
As pessoas representativas do mundo lionês eram sacrificadas no lar ou barbaramente espancadas no campo, enviando-se os desfavorecidos da fortuna, inclusive grande massa de escravos, ao regozijo público.
As feras pareciam agora entorpecidas, após massacrarem milhares de vítimas, nas mandíbulas sanguinolentas. Em razão disso, inventavam-se tormentos novos.
Verdugos inconscientes ideavam estranhos suplícios.
Senhoras cultas e meninas ingênuas eram desrespeitadas antes que lhes decepassem a cabeça, anciães indefesos viam-se chicoteados até a morte. Meninos apartados do reduto familiar eram vendidos a mercadores em trânsito, para servirem de alimárias domésticas em províncias distantes, e nobres senhores tombavam assassinados nas próprias vinhas.
Mais de vinte mil pessoas já haviam sido mortas.
Naquela noite, a que acima nos referimos, anunciou-se para o dia seguinte a chegada de Lúcio Galo, famoso cabo de guerra, que desfrutava atenções especiais do Imperador por se haver distinguido contra a usurpação do general Avídio Cássio, e que se inclinava agora a merecido repouso.
Imaginaram-se, para logo, comemorações a caráter.
Por esse motivo, enquanto lá fora se acotovelavam gladiadores e jograis, o patrício Álcio Plancus, que se dizia descendente do fundador da cidade, presidia a reunião, a pedido do Propretor, programando os festejos.
- Além das saudações, diante dos carros que chegarão de Viena – dizia, algo tocado pelo vinho abundante -, é preciso que o circo nos dê alguma cena de exceção... O lutador Setímio poderia arregimentar os melhores homens; contudo, não bastaria renovar o quadro de atletas...
- A equipe de dançarinas nunca esteve melhor – aventou Caio Marcelino, antigo legionário da Bretanha que se enriquecera no saque.
- Sim, sim... – concordou Álcio – instruiremos Musônia para que os bailados permaneçam à altura...
- Providenciaremos um encontro de auroques – lembrou Pérsio Níger.
- Auroques! Auroques!... – clamou a turba em aprovação.
- Excelente lembrança! – falou Plancus em voz mais alta – mas, em consideração ao visitante, é imperioso acrescentar alguma novidade que Roma não conheça...
Um grito horrível nasceu da assembléia;
- Cristãos às feras! cristãos às feras!
Asserenado o vozerio, tornou o chefe do conselho:
- Isso não constitui novidade! E há circunstâncias desfavoráveis. Os leões recém-chegados da África estão preguiçosos...
Sorriu com malícia e chasqueou:
- Claro que surpreenderam, nos últimos dias, tentações e viandas que o própio Lúculo jamais encontrou no conforto de sua casa...
Depois das gargalhadas gerais, Álcio continuou, irônico:
- Ouvi, porém, alguns companheiros, ainda hoje, e apresentaremos um plano que espero resulte certo. Poderíamos reunir, nesta noite, aproximadamente mil crianças e mulheres cristãs, guardando-as nos cárceres... E, amanhã, coroando as homenagens, ajuntá-las-emos na arena, molhada de resinas e devidamente cercada de farpas embebidas em óleo, deixando apenas passagem estreita para a liberação das mais fortes. Depois de mostradas festivamente em público, incendiaremos toda a área, deitando sobre elas os velhos cavalos que já não sirvam aos nossos jogos... Realmente, as chamas e as patas dos animais formarão muitos lances inéditos...
- Muito bem! Muito bem! – reuniu a multidão, de ponta a ponta do átrio.
- Urge o tempo – gritou Plancus – e precisamos do concurso de todos.. Não possuímos guardas suficientes.
E erguendo ainda mais o tom de voz:
- Levante a mão direita quem esteja disposto a cooperar.
Centenas de circunstantes, incluindo mulheres robustas, mostraram destra ao alto, aplaudindo em delírio.
Encorajado pelo entusiasmo geral, e desejando distribuir a tarefa com todos os voluntários, o dirigente da noite enunciou, sarcástico e inflexível:
- Cada um de nós traga um... Essas pragas jazem escondidas por toda a parte... Caçá-las e exterminá-las é o serviço da hora...
Durante a noite inteira, mais de mil pessoas, ávidas de crueldade, vasculharam residências humildes e, no dia subsequente, ao Sol vivo da tarde, largas filas de mulheres e criancinhas, em gritos e lágrimas, no fim de soberbo espetáculo, encontraram a morte, queimadas nas chamas alteadas ao sopro do vento, ou despedaçadas pelos cavalos em correria.
Quase dezoito séculos passaram sobre o tenebroso acontecimento... Entretanto, a justiça da Lei, através da reencarnação, reaproximou todos os responsáveis, que, em diversas posições de idade física, se reuniram de novo para dolorosa expiação, a 17 de dezembro de 1961, na cidade brasileira de Niterói, em comovedora tragédia num circo.

Irmão X do livro cartas de Crônicas-Chico Xavier
 CaminhosLuz.com.br