Diante da morte.
O marido falecera num acidente. A viúva dera testemunho de sua fé no velório, mostrando-se resignada e contida, embora, intimamente, sentisse seu mundo desabar. Uma amiga a abraçou.
– Não há nada que possa amenizar sua dor. Sei quem foi seu marido e o que ele representava para você, luz em seu caminho. Tudo o que posso lhe oferecer, minha querida, é a minha solidariedade. Vim chorar com você.
E chorou com a amiga e esteve com ela todos os dias, e oraram juntas até que os valores da solidariedade e da fé estancaram a fonte das lágrimas, para que ela retomasse sua vida, em suspenso desde a morte do amado.
No lar.
Um homem comentava com o amigo que sua esposa parecia muito nervosa. Ele concordou.
– É verdade. Minha cara-metade anda irritada, soltando os cachorros...
– Algum problema?
– Não é nada. Está em TPM.
– Tensão pré-menstrual?
– Não, teste de paciência para o marido.
– Está sendo aprovado?
– Sem problema. É só passar zíper na boca; dizer sim, querida, e orar.
Um problema que afeta muitas mulheres, encarado de forma filosófica e bem-humorada pelo marido, o que lhe permitia manter a serenidade, mesmo que ela a tivesse perdido, ajudando-a a reencontrá-la.
Na escola.
Aconteceu. Em plena sala de aula o menino de nove anos viu formar-se pequena poça debaixo de sua carteira, enquanto sua calça ficava molhada com o xixi incontrolado.
Um mico irreparável. Os meninos iriam rir dele pelo resto da vida. Nunca mais as meninas falariam com ele. Seu coração parecia querer sair-lhe pela boca, tal o seu nervosismo.
A professora vinha em sua direção. Certamente vira o que acontecera. Desejou com todas as forças de sua alma que o chão se abrisse debaixo de seus pés e ele sumisse. No auge do desespero, viu uma menina, Susie, que surgiu inesperadamente, carregando um aquário cheio d’água que ficava num canto da sala. Aparentemente descuidada, tropeçou na professora e despejou a água no colo do menino.
Ele fingiu irritação, mas estava mesmo aliviado. Ao invés de objeto de ridículo, os colegas se compadeciam dele, sem perceber o que tinha acontecido. A professora providenciou-lhe camisa e short, enquanto sua roupa secava. Ao final do dia, quando esperavam o ônibus escolar, o menino caminhou até Susie e sussurrou:
– Você fez aquilo de propósito, não foi?
Ela respondeu sorrindo:
– Sim, eu também fiz xixi na calça uma vez!
Em qualquer lugar, em qualquer situação, em qualquer horário, sempre há algo que podemos fazer em benefício do próximo. Há anos mantenho contato com pessoas que procuram o Centro Espírita Amor e Caridade, em Bauru, em busca de cura para seus males, solução para seus problemas, alento para suas vidas…
Participam, não raro, de cursos de Espiritismo e Mediunidade. Noto, invariavelmente, que as que se saíram melhor, superando suas angústias e habilitando-se à felicidade, foram as que aprenderam a lição fundamental: felicidade é sinônimo de servir.
É a disposição de manter olhos atentos ante as carências alheias, identificando com a lucidez da solidariedade os tsunamis ocultos que assolam a alma humana, sem jamais deixar passar a oportunidade de algo fazer em seu benefício.
Por Richard Simonetti
Contato: richardsimonetti@uol.com.br
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