sábado, 14 de maio de 2011

DOÇURA

    "Nem bem o sol nascera, e a minúscula Formiga já estava trabalhando, como fazia todos os dias. O inverno estava chegando, e os suprimentos deveriam durar até a Primavera. Muita coisa havia por fazer, e não cabiam divagações dentro de sua mente.
    Enquanto carregava um peso, dez vezes superior ao seu próprio peso, tentava vencer os obstáculos do terreno, e se esforçava muito para superar a distância que a separava do formigueiro. Neste instante, o vento soprou bem forte, e a lufada carregou consigo, a folhinha que ela carregava. Depois de se recuperar do susto que levou, voltou-se e foi buscar a folha novamente. Começou tudo outra vez.
    No alto da frondosa árvore, sob a qual estava o formigueiro, havia uma grande colmeia, onde as abelhas trabalhavam sem cessar. Menos uma delas. Esta, olhava atentamente a pequena Formiga, e admirava a persistência dela. No fundo, eram semelhantes. Cada qual sabia dentro de si, quais as tarefas que deveriam cumprir, e jamais reclamavam do seu destino.
    A Abelha, que se alimentava da beleza, e do perfume das flores, habituada com a serenidade, sentiu dentro de si, pesar, por aquele pequenino ser. Os dias da Formiga eram tão iguais. Desde que passara a observá-la, jamais a vira descansando, ou admirando as belezas que havia em volta dela. O mundo era mais vasto, do que o caminho que ela percorria todos os dias. Via o esforço tremendo que a Formiga fazia, e se perguntou se teria a mesma força e persistência.
    Mais uma lufada de vento, e outra vez a folhinha que a Formiga carregava, voou ao longe. E novamente, lá foi ela, buscá-la outra vez. Nesta hora, a Abelha percebeu que a Formiguinha olhava para o alto. Seguiu o olhar dela, e viu que olhava para o Céu. Certamente estaria pedindo ao Pai de Todas as Coisas, para que jamais apagasse a chama que trazia dentro de si; aquela certeza que todos os seres vivos têm, que mostra o que devem fazer.
    Seria uma oração? Seria um pedido de ajuda? A Abelha, mãe do alimento mais doce, criado pela generosa Vida, tomou uma decisão. Havia recebido a tarefa de criar o mais puro de todos os alimentos, e nada que existisse, se comparava ao mel, que ela fabricava.
    Entrou na colmeia, e com a ajuda das outras abelhas, veio carregando um grande favo de mel. Segurando firmemente, levantaram vôo, e o deixaram a poucos centímetros do formigueiro. Em instantes, um pequeno filete de mel, começou a escorrer, e abriu caminho, entrando no formigueiro.
    Que grande alvoroço aconteceu a seguir!! A Formiguinha voltou apressada, para ver aquele grande milagre. Seu pedido havia sido atendido. Pedira ao Generoso Pai, uma prova de seu Infinito amor, e eis que Ele trouxera do Céu, o mais sublime sabor de doçura.
    Houve uma grande festa, onde todas as formigas se esbaldaram e se lambuzaram, naquela delícia. Mais tarde, quando satisfeitas, voltaram ao trabalho, armazenando no interior do formigueiro, o restante do mel.
    Sorridente, a Abelha, lá do alto, suspirou profundamente. Não havia nada mais doce, do que compartilhar alimentos. E se todos os seres olhassem para os que estão mais abaixo, e repartissem o que guardam, com toda certeza, haveria muito mais festas sobre a Terra.

(Mommentum ad Infinitum)
 
    Este texto dedico a todos que sabem distribuir seus alimentos. A todos que já aprenderam a olhar para os que vêm atrás. Para os que a sorte não favoreceu. Aos que são agradecidos, e derramam doçura na vida de seus irmãos. Que lindo sentimento nasce no coração, quando podemos ajudar alguém. E muitas vezes, não nos custa nada. O mundo está carente de gestos. Parabéns a você, que tem sempre uma boa palavra, um sorriso amigável, ou um gesto de bondade. Obrigada por tornar o mundo, um lugar melhor.
    Tenha a certeza de que, lá do alto, o Pai de Todas as Coisas vê o seu esforço, e derrama na sua vida, muitas alegrias.
Um grande abraço a todos.

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