Hugh era seu segundo nome e era assim que o pai o chamava. Tinha cabelos castanhos, olhos ingênuos e sorriso fácil.
Oi, falou um homem se aproximando. Sou amigo de seu pai. Vamos dar uma festa para ele e preciso lhe fazer algumas perguntas a fim de saber que presentes comprar para ele. Você pode me ajudar?
Hugh acompanhou o homem até um trailer estacionado a duas quadras e viajaram para fora da cidade. As ruas foram desaparecendo.
Acho que entrei na rua errada, falou o homem. E entregou um mapa ao menino para que procurasse localizar a rodovia principal.
O garoto se debruçou sobre o mapa e então sentiu uma dor aguda nas costas, como uma picada de abelha. Depois outra picada e começou a se contorcer.
O homem estava com um furador de gelo na mão e o foi espetando. Não eram espetadas profundas mas doíam muito e Hugh ficou apavorado.
Depois, ele largou a arma e voltou a dirigir. Chegaram em uma estrada de terra.
Vamos saltar, falou o motorista. Aliviado por sair do trailer, o menino caminhou um pouco e se sentou frente a um matagal. Os ferimentos não eram graves mas ele sentia a dor do medo.
Ele não viu seu agressor vir em sua direção, apontar a arma. Tampouco sentiu a bala entrar por sua têmpora esquerda.
Seis dias depois, Hugh foi encontrado. Depois de passar quase uma semana inconsciente, o menino despertou e se arrastou até a estrada, onde um motorista o apanhou.
Havia perdido o olho esquerdo mas estava vivo.
Pelos três anos seguintes, ele dormia quase todas as noites ao pé da cama dos pais e qualquer barulho o assustava.
Acreditou que jamais teria uma vida normal. Então, ele descobriu um templo religioso perto de sua casa. Sentiu-se tocado pela mensagem cristã de esperança e perdão, que parecia lhe falar direto ao coração.
Pela primeira vez ele percebeu que sua sobrevivência não deveria ser fonte de medo e de ódio, mas de inspiração para viver.
Dezenove anos depois, Hugh encontrou face a face o seu agressor. Era um homem que estava morrendo em uma cama. Idoso, pesava trinta quilos.
Hugh sempre pensava em como reagiria se um dia encontrasse aquele monstro frente a frente. E agora, só podia lhe estender a mão e ajudá-lo a viver de forma razoável os últimos dias. Passou a visitá-lo.
Três semanas depois, o agressor morreu enquanto dormia. Naquela tarde, Hugh lhe falara da sua própria fé e da esperança de que ele também pudesse crer em Deus, na Imortalidade.
Nesse dia, Hugh se deu conta que conseguira perdoar o seu agressor.
Perdoa sempre. Passada a ocorrência que te feriu, retorna para a tua vida, com entusiasmo e renovação.
O agressor é sempre alguém em desequilíbrio, necessitando da medicação da bondade para se recuperar.
Perdoa e ilumina-te ainda hoje.
Redação do Momento Espírita,
Joanna de Ângelis, Divaldo Pereira
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