Luiz César ouvia consternado a revelação do doutor Orestes. Possuía suficiente conhecimento para saber que se tratava de um problema sério.
– Maligno?
– Provavelmente não. De qualquer forma só saberemos com certeza após o exame anatomopatológico.
– É preciso operar?
– Sim. Quanto mais crescer, mais complicada a remoção. As dores acentuar-se-ão e ela poderá experimentar uma paralisia das pernas.
– Há riscos?
– Toda cirurgia envolve alguns, embora tenhamos progredido muito. Vamos cortar uma região delicada e não sabemos exatamente até que ponto a tumoração entranhou-se no tecido nervoso. Impossível garantir que não haverá sequelas.
– Podemos esperar alguns dias? Gostaria de preparar minha esposa adequadamente. Ela confia muito nos recursos de ajuda que podem ser mobilizados no Centro Espírita que frequentamos. Sentir-se-á mais segura.
– Está bem. Marcaremos a cirurgia para dentro de duas semanas, mesmo porque há exames preliminares.
À noite, em reunião íntima no Centro, com a presença de tarefeiros ligados aos serviços de assistência espiritual, Luiz César expôs o problema, acentuando:
– Conto com a colaboração de todos. O caso é grave, mas tenho certeza de que se unirmos nossas vibrações criaremos condições ideais para que tudo corra da melhor forma possível, considerando, naturalmente, os compromissos cármicos de minha esposa, cuja extensão desconhecemos.
Elói, um dos diretores da instituição, sempre muito objetivo e dinâmico, sugeriu:
– Vamos todos colaborar, não apenas por exercício de caridade, mas, sobretudo, como intransferível dever. Talita é uma companheira dedicada e amiga. Sugiro que não fiquemos apenas em boas intenções. Vamos compor equipes que se revezarão. Nossa irmã receberá passes magnéticos pela manhã e à noite. Onde estivermos, formaremos uma corrente de vibrações no horário em que os passistas escalados estiverem realizando o seu trabalho. Será nossa Operação Talita', mobilizando todos os servidores desta casa.
A proposta foi recebida com entusiasmo. Durante duas semanas a programação foi cumprida fielmente, envolvendo dezenas de pessoas que, de longe ou de perto, garimpavam em seu tempo minutos preciosos de participação vibratória.
Quanto à paciente, comportava-se com serenidade e confiança, favorecendo a plena assimilação dos recursos mobilizados por benfeitores encarnados e desencarnados.
Na data aprazada a nova consulta.
– Então, Talita – perguntou o médico – está preparada?
– Sim, doutor, confiante em Deus e no senhor.
– Ótimo. Faremos hoje o último exame radiológico, confirmando a posição do tumor. Operaremos no início da noite.
Algumas horas depois era feita a internação hospitalar. Já acomodados no apartamento, marido e mulher receberam a visita do doutor Orestes, que trazia o resultado das radiografias. Muito sério, perguntou:
– Afinal, Luiz César, que tipo de preparo você fez em sua esposa?
– Nada que pudesse prejudicá-la. Apenas mobilizamos recursos espirituais em seu benefício. Algum problema?
– Sim. Não podemos operar.
Luiz César sobressaltou–se:
– Aumentou o tumor?
O médico abriu-se em largo sorriso:
– Pelo contrário: regrediu! Não há mais o que operar.
Tomados de emoção, marido e mulher abraçaram-se, enquanto o doutor Orestes despedia-se a dizer, com expressão marota:
– Não sei o que fizeram. Só lhes peço que não espalhem a fórmula ou terei que fechar meu consultório.
***
Quando um grupo de pessoas dispõe-se a unir seus melhores sentimentos, vibrando em benefício de alguém, fazendo-o deforma disciplinada e perseverante, forma-se um imenso potencial de socorro, favorecendo a atuação decisiva de benfeitores espirituais. Os prodígios do Céu chegam, não raro, pela passarela da boa-vontade estendida pelos que vivem na Terra.
Richard Simonetti