terça-feira, 12 de novembro de 2013

Velho Trauma

Recomendações:
− Só me enterrem quando começar a cheirar mal!...
− Não me sepultem. Quero ser cremado!...
− Cumpram rigorosamente o prazo de vinte e quatro horas para o enterro. Não importam as circunstâncias de minha morte!...
Em palestras sobre a morte, a pergunta frequente:
− Se eu passar por um transe letárgico e despertar no túmulo, o que acontecerá comigo?
A resposta jocosa:
− Nada de especial. Simplesmente morrerá em poucos minutos, por falta de oxigênio.
Incrível a preocupação das pessoas com a possibilidade de serem enterradas vivas, alimentada por velhas lendas de cadáveres estranhamente virados no esquife quando este é aberto, meses ou anos após a inumação.
Talvez fatos dessa natureza tenham ocorrido nos séculos passados, particularmente por ocasião de epidemias ou de batalhas.
Ante da quantidade de corpos a serem sepultados, passava-se por cima desse elementar cuidado de verificar se o indivíduo estava realmente morto.
Nossos ancestrais terão confundido, não raro, a letargia com a morte, condenando as vítimas de sua ignorância a um desencarne por asfixia.
Na atualidade, é praticamente impossível enterrar alguém vivo, desde que a família peça a presença de um médico (o que no Brasil é imposto por lei, já que não se pode providenciar o sepultamento sem o atestado de óbito firmado por profissional da Medicina e este não pode fazê-lo sem o competente exame do defunto).
O médico constatará facilmente se o candidato ao atestado está realmente morto ou em estado letárgico. Na letargia, não cessam as funções vitais. O organismo permanece em funcionamento, mas de forma latente, imperceptível à observação superficial.
Com o estetoscópio ele verificará tranquilamente se há circulação sanguínea, sustentada pelos batimentos cardíacos. Se ocorre uma parada cardíaca, a morte se consuma em quatro minutos. O exame oftálmico também é conclusivo. Verificando-se a midríase, uma ampla dilatação da pupila, sem resposta aos estímulos luminosos, o falecimento está consumado.
Em boa parte, os temores a respeito do assunto têm origem em problemas de desligamento, já que é muito comum o Espírito permanecer preso ao corpo por algumas horas ou dias, após o sepultamento, por despreparo para a morte.
Considerando que certamente todos já passamos por essa desagradável experiência em vidas anteriores, guardamos nos refolhos da consciência traumas que se manifestam no temor de sermos enterrados vivos.
Dois recursos podem ser mobilizados para superar essa incômoda herança de nossas desastradas experiências de vidas anteriores:
A compreensão dos mecanismos da morte, como se opera o retorno à vida espiritual, proporcionada pela Doutrina Espírita, que desbrava o continente espiritual.
A observância dos compromissos com a Vida, atendendo aos ditames do Evangelho, o celeste manual que Jesus legou à Humanidade, a partir de suas lições e exemplos.
Então poderemos repetir com o apóstolo Paulo (1 Cor. 15:55):

Onde está, ó morte, o teu aguilhão?
Richard Simonetti

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