O Evangelho de Marcos lhe dedica dois versículos, sem mencionar seu nome.
Ele era um personagem constante nas pregações de Jesus. Ninguém sabia ao certo de onde vinha.
Mas, toda vez que o Mestre Jesus tomava da palavra, lá estava ele a postos.
Pegava seus estiletes, suas tintas e seus rolos de papiro e anotava os ensinamentos.
Se Jesus falasse na praça, à margem do lago, na planície ou na montanha, ele O seguia.
Estava bem próximo quando Jesus foi até a casa do chefe da sinagoga e retirou do sono profundo a filhinha, tida como morta.
Presenciou bem de perto o episódio da mulher enferma há anos e que se curou, ao simples toque das vestes do Galileu.
Ninguém o ouvia falar. Talvez temesse ser identificado como um estrangeiro por aquele povo. Mas ele ouvia. Com muita atenção, anotando e anotando.
Certo dia, em que a multidão sempre faminta de consolo e de milagres se comprimia na praça, à espera do Nazareno, foi que tudo aconteceu.
O sol estava especialmente quente e à medida que as horas se foram arrastando, o povo começou a ficar inquieto.
Doentes mais graves passaram a se lamentar, crianças se movimentavam, perturbados demonstravam todo seu desequilíbrio.
Em determinado momento, o jovem que sempre seguia Jesus sentiu-se compadecido. Ele também estava aguardando a presença do doce Rabi.
Olhando aqueles semblantes sofridos, para quem a espera parecia uma eternidade, sentiu-se compadecido.
Aproximou-se de um homem tido por endemoninhado, estendeu as mãos e recordando Jesus, exortou ao Espírito perturbador que o abandonasse.
O doente ainda rolou pelo chão, gritou roucamente. Finalmente, surpreso, parecendo acordar de um pesadelo, se ergueu, um tanto envergonhado, limpou a poeira da túnica e se foi. Estava curado.
O restante daquele dia foi dedicado todo a curas de obsedados. Parecia ser a especialidade daquele moço. Nos dias seguintes, ele continuou.
Discípulos que se aproximavam, em vendo a cena lhe falaram que ele não devia curar ninguém, muito menos usando o nome de Jesus. Ele não fazia parte do círculo dos Apóstolos do Mestre de Nazaré.
Ao final do dia, quando eufóricos informaram a Jesus sobre a sua atitude, o Mestre lhes ordenou que retornassem até o jovem com a ordem para que prosseguisse no seu apostolado. E concluiu: Quem não é contra vós, é por vós.
Nunca ninguém lhe registrou o nome. Na juventude, chamavam-no moço. Na velhice, avozinho.
Personagem grandiosa, trabalhador da seara de Jesus, a ele se refere o Evangelho com rapidez. No entanto, seu nome está escrito no livro dos céus, pelo desempenho da grande tarefa: amar a Deus, ao próximo e ao Evangelho do Mestre de Nazaré.
* * *
Todo aquele que segue as orientações do Cristo está a Seu favor, é alguém que contribui com o Mestre na Sua seara.
Por conseguinte, todo aquele que diz Senhor, Senhor, mas não vive os Seus ensinamentos, está apartado Dele, mesmo que se diga cristão.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 5, do livro Ressurreição e vida, pelo Espírito Léon Tolstoi, psicografia de Yvonne do Amaral Pereira, ed. Feb.
Em 10.12.2010.
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