segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Perguntas e respostas

Teria Jesus um corpo físico ou fluídico?
O corpo fluídico que Jesus teve foi o mesmo que possuem todos os Espíritos encarnados no planeta, ou seja, seu perispírito que age na intimidade da matéria servindo de laço entre ela e o Espírito. Certamente, tratava-se de um corpo espiritual bem mais etéreo que os que possuem os comuns dos mortais. Entretanto sua pergunta diz respeito a uma teoria existente no meio espírita de que Jesus não teve um corpo de carne, ou seja, que o corpo de que utilizou quando de sua passagem pelo nosso planeta, foi fluídico, nada tendo de real o seu nascimento, seu sofrimento e tudo o que vivenciou como Espírito encarnado. Esta teoria foi introduzida no meio espírita por meio da obra de um advogado francês, chamado Jean Baptiste Roustaing, que à época da Codificação kardequiana publicou quatro volumes do que ele chamou de "Revelação da Revelação", pois, segundo ele, foi ditado pelos evangelistas e pelo profeta Moisés. Neste livro, chamado os Quatro Evangelhos, ele diz textualmente que Jesus não teve um corpo carnal, mas um corpo fluídico, e que sua evolução se deu em linha reta, ou seja, que não conheceu a ignorância nem o sofrimento, contradizendo o próprio Cristo quando disse que não veio destruir a Lei, mas cumpri-la. Segundo os princípios da Doutrina Espírita isto não tem o menor fundamento e não encontra sustentação na razão. Jesus veio ao mundo como o maior de todos os Espíritos que já encarnaram neste planeta, mas da mesma forma que todos reencarnam: foi concebido através da conjunção carnal, foi amamentado por sua mãe, cresceu normalmente como criança excepcional que era e mais tarde apareceu já adulto para desempenhar sua divina missão de reformador da humanidade. Se assim não fosse Deus teria dois pesos e duas medidas. Essa teoria esdrúxula é apenas uma das muitas existentes nesses livros, que entra em contradição fragorosa com a doutrina codificada por Allan Kardec, mas que inexplicavelmente é editado e divulgado pela Federação Espírita Brasileira.

Gostaria de saber se existe algum preconceito sobre as obras de Ramatís e o porque de elas não serem tão divulgadas?
Não existe nenhum preconceito por obra nenhuma. O que acontece é que a Doutrina Espírita foi codificada por Allan Kardec e tem um corpo doutrinário deixado por ele para que seus seguidores pudessem avançar no conhecimento das coisas espirituais. A isso chama-se Espiritismo. E é essa doutrina que os espíritas (ou os que pretendem sê-lo) devem estudar incansavelmente para compreender sua essência e objetivo. Existe no meio espírita uma avalanche de obras que não são espíritas e que tomaram espaço devido ao desconhecimento da doutrina kardequiana. São opiniões de Espíritos que tem seu valor como opinião pessoal, mas não podem ser incorporadas como parte da doutrina básica, pois não se submeteram à chancela do Controle Universal dos Espíritos. As obras de Ramatís, em boa parte, são baseadas na doutrina esotérica. O médium que as recebeu, chamado Hercílio Maes, nunca foi espírita. Portanto, seus ensinamentos carecem de base doutrinária mais sólida. Sem entrar no mérito dos ensinamentos ali existentes, nosso alerta é para que as pessoas estudem antes a Codificação kardequiana a fim de que possam saber separar joio de trigo existentes nos livros de Ramatís ou em qualquer outro. Sem isso certamente será bem fácil introduzir práticas estranhas e antidoutrinárias nos centros espíritas.

O que acontece com o Espírito da pessoa que entra em coma?
O estado de coma é caracterizado por grave alteração cerebral, com comprometimento das funções neurológicas normais e abolição dos reflexos superficiais e/ou profundos, levando a uma interrupção temporária ou definitiva da capacidade do indivíduo se comunicar com o meio exterior. Se for um Espírito desenvolvido poderá desprender-se do corpo por alguns momentos e mesmo entrever e compreender o que se passa com ele. Mas se for um indivíduo atrelado ao lado material da vida, sem nenhuma noção da dimensão espiritual e de sua condição de Espírito imortal, sofrerá todas as fases do processo, permanecendo preso do corpo físico. Em alguns casos, o Espírito fica também em estado torporoso, experimentado as mesmas sensações do coma.

Qual a opinião da doutrina kardecista sobre a hipnose e a terapia de vidas passadas?
No capítulo V, item 11, de O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec assim instruiu: "Se Deus considerou conveniente lançar um véu sobre o passado, é que isso deve ser útil. Com efeito, a lembrança do passado traria inconvenientes muito graves. Em certos casos, poderia humilhar-nos estranhamente, ou então exaltar o nosso orgulho e, por isso mesmo, dificultar o exercício do nosso livre arbítrio. De qualquer maneira, traria perturbações inevitáveis às relações sociais". Na verdade, o esquecimento do passado é uma bênção. Fica fácil entender isso se levarmos em consideração o estágio evolutivo da maioria dos Espíritos deste planeta. A Terra, sendo um local onde ainda predomina o mal, o passado dos que nela habitam não deve ser nada agradável, pois estamos bem mais próximos do ponto de partida que do de chegada, em termos de evolução espiritual. Portanto, a lembrança de suas experiências ruins certamente trará muito mais prejuízos para o Espírito, do que lucro. Além do mais, muitas dessas chamadas "regressões" estão envoltas em muita fantasia, não havendo a certeza absoluta de que a pessoa fez uma regressão real ou não. As terapias baseadas em regressão a vidas passadas nada têm a ver com a Doutrina Espírita, embora seja divulgada com muita ênfase nos congressos e encontros espíritas. É bom lembrar que não se deve permitir que seja praticada dentro das casas espíritas.

Há fundamento na reportagem que saiu dizendo ser Chico Xavier a reencarnação de Allan Kardec?
Não, não há fundamento nessa afirmativa. Francisco Cândido Xavier é um médium missionário, que teve a tarefa de popularizar a Doutrina dos Espíritos. É um Espírito de inegáveis qualidades, mas de personalidade e pensamentos sem qualquer semelhança com Allan Kardec. Essa afirmativa nasceu no meio de seu "amigos" e é originada do fanatismo e idolatria que infelizmente o envolve. Allan Kardec ensina que podemos reconhecer os Espíritos através de suas idéias e pensamentos. Basta usar o bom senso e analisar as patentes diferenças existentes entre ambos.

Devemos aguardar algum tempo depois de constatada a morte cerebral no indivíduo? E se o corpo for cremado?
Em caso de morte cerebral, é prudente que se espere por um certo tempo, até que as funções vitais orgânicas se esgotem, para que se caracterize a morte propriamente dita. Esse tempo varia de indivíduo a indivíduo e como tudo está atrelado às leis divinas, certamente que depende da necessidade de cada um. Quanto ao ato de cremação, ele deve ser evitado, pois se o Espírito não tiver entendimento da existência da vida espiritual ele poderá sofrer uma perturbação momentânea, caso esteja assistindo o ato. Entretanto, a queima do corpo físico nada significa para os que se desprendem do corpo carnal com serenidade e compreensão dos ensinamentos da Espiritualidade.

O Centro Espírita deve fechar as portas nos feriados?
O Centro Espírita bem orientado funciona como um pronto socorro espiritual. É um posto avançado do Bem na terra. Da mesma forma que não se fecha as portas das emergências nos hospitais, também não se concebe que as casas espíritas não funcionem nos feriados, natal, carnaval, ano novo, ou que tirem férias etc. Um Centro Espírita organizado se estrutura para que seus trabalhadores tenham períodos de férias, havendo uma alternância de equipes, de forma de que o trabalho não sofra prejuízos.

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