segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Reflexões Sobre a Calúnia

Ninguém passa pela jornada terrestre sem experimentar o cerco da ignorância e da imperfeição humana.

Considerado como planeta-escola, o mundo físico é abençoado reduto de aprendizagem, no qual são exercitados os valores que dignificam, em detrimento das heranças ancestrais que assinalam o passado de todas as criaturas, no seu penoso processo de aquisição da consciência.

Herdando as experiências transatas nos seus conteúdos bons e maus, por um largo período predominam aqueles de natureza primitiva, por estarem mais fixados nos painéis dos hábitos morais, mantendo os instintos agressivos-defensivos que se vão transformando em emoções, prioritamente egoicas, em contínuos conflitos com o Si-mesmo e com todos aqueles que fazem parte do grupo social onde se movimentam. Inevitalmente, as imposições inferiores são muito mais fortes do que aquelas que proporcionam a ascensão espiritual, liberando o orgulho, a inveja, o ressentimento, a agressividade, o despotismo, a perseguição, a mentira, a calúnia e outros perversos comportamentos que defluem do ego atormentado.

Toda vez, quando o indivíduo se sente ameaçado na sua fortaleza de egotismo pelos valores dignificantes do próximo, é dominado pela inveja e investe furibundo, atacando aquele que supõe seu adversário.

Porque ainda se compraz na situação deplorável em que se estorcega, não deseja permitir que outros rompam as barreiras que imobilizam as emoções dignas e os esforços de desenvolvimento espiritual, assacando calúnias contra o inimigo, gerando dificuldades ao seu trabalho, criando desentendimentos em sua volta, produzindo campanhas difamatórias, em mecanismos de preservação da própria inferioridade.

Recusando-se, consciente ou inconscientemente, a crescer e igualar-se àqueles que estão conquistando os tesouros do discernimento, da verdade, do bem, transforma-se, na ociosidade mental e moral em que permanece, em seu cruel perseguidor, não lhe dando trégua e retroalimentando-se com a própria insânia.

Torna-se revel e não aceita esclarecimento, não admitindo que outrem se encontre em melhor situação emocional do que ele, que se autovaloriza e se autopromove, comprazendo-se em persegui-lo e em malsiná-lo.

Ninguém consegue realizar algo de enobrecido e dignificante na Terra sem sofrer-lhe a sanha, liberando a inveja e o ciúme que experimenta quando confrontado com as pessoas ricas de amor e de bondade, de conhecimentos e de realizações edificantes.

A calúnia é a arma poderosa de que se utilizam esses enfermos da alma, que a esgrimem de maneira covarde para tisnar a reputação do seu próximo, a quem não conseguem equiparar-se, optando pelo seu rebaixamento, quando seria muito mais fácil a própria ascensão no rumo da felicidade.

A calúnia, desse modo, é instrumento perverso que a crueldade dissemina com um sorriso e certo ar de vitória, valendo-se das imperfeições de outros cômpares que a ampliam, sombreando a estrada dos conquistadores do futuro.

Nada obstante, a calúnia é também uma névoa que o sol da verdade dilui, não conseguindo ir além da sombra que dificulta a marcha e das acusações aleivosas que afligem a quem lhe ofereça consideração e perca tempo em contestá-la.

Nunca te permitas afligir, quando tomes conhecimento das acusações mentirosas que se divulgam a teu respeito, assim como de tudo quanto fazes.

Evita envenenar-te com os seus conteúdos doentios, não reservando espaço mental ou emocional para que se te fixem, levando-te a reflexões e análises que atormentam pela sua injustiça e maldade.

Se alguém tem algo contra ti, que se te acerque e exponha, caso seja honesto.

Se cometeste algum erro ou equívoco que te coloque em situação penosa e outrem o percebe, sendo uma pessoa digna, que se dirija diretamente a ti, solicitando esclarecimentos ou oferecendo ajuda, a fim de que demonstre a lisura do seu comportamento.

Se ages de maneira incorreta em relação a outrem e esse experimenta mal-estar e desagrado, tratando-se de alguém responsável, que te procure e mantenha um diálogo esclarecedor.

Quando, porém, surgem na imprensa ou nas correspondências, nas comunicações verbais ou nos veículos da mídia, acusações graves contra ti,sem que antes haja havido a possibilidade de um esclarecimento de tua parte, permanece tranquilo, porque esse adversário não deseja informações cabíveis, mas mantém o interesse subalterno de projetar a própria imagem, utilizando-se de ti...

Quando consultado pelos iracundos donos da verdade e policiais da conduta alheia com a arrogância com que se comportam, exigindo-te defesas e testemunhos, não lhes dês importância, porque o valor que se atribuem, somente eles mesmos se permitem...

Não vives a soldo de ninguém e o teu é o trabalho de iluminação de consciências, de desenvolvimento intelecto-moral, de fraternidade e de amor em nome de Jesus, não te encontrando sob o comando de quem quer que seja. Em razão disso, faculta-te a liberdade de agir e de pensar conforme te aprouver, sem solicitar licença ou permissão de outrem.

Desde que o teu labor não agride a sociedade, não fere a ninguém, antes, pelo contrário, é de socorro a todos quantos padecem carência, continua sem temor nem sofrimento na realização daquilo que consideras importante para a tua existência.

Desmente a calúnia mediante os atos de bondade e de perseverança no ideal superior do Bem.

Somente acreditam em maledicências, aqueles que se alimentam da fantasia e da mentira.

Alegra-te, de certo modo, porque te encontras sob a alça-de-mira dos contumazes inimigos do progresso

Todos aqueles que edificaram a sociedade sob qualquer ângulo examinado, padeceram a crueza desses Espíritos infelizes, invejosos e insensatos.

Criando leis absurdas para aplicarem-nas contra os outros, estabelecendo dogmas e sistemas de dominação, programando condutas arbitrárias e organizando tribunais perversos, esses instrumentos do mal, telementalizados pelas forças tiranizantes da erraticidade inferior, tornaram-se em todas as épocas inimigos do progresso, da fraternidade que odeiam, do amor contra o qual vivem armados...

Apiada-te, portanto, de todo aquele que se transforme em teu algoz, que te crie embaraços às realizações edificantes com Jesus, que gere ciúmes e cizânia em referência às tuas atividades, orando por eles e envolvendo-te na lã do Cordeiro de Deus, sedo compassivo e misericordioso, nunca revidando-lhes mal por mal, nem acusação por acusação...

A força do ideal que abraças, dar-te-á coragem e valor para o prosseguimento do serviço a que te dedicas, e quanto mais ferido, mais caluniado, certamente mais convicto da excelência dos teus propósitos, da tua vinculação com o Sumo Bem.

Como puderam, aqueles que conviveram com Jesus, recusar-Lhe o apoio, a misericórdia, a orientação?

Após receberem ajuda para as mazelas que os martirizavam, como é possível compreender que, dentre dez leprosos, somente um voltou para agradecer-Lhe?

Como foi possível a Pedro, que era Seu amigo, que O recebia no seu lar, que convivia em intimidade com Ele, negá-lO, não uma vez, mas três vezes sucessivas?!

...E Judas, que O amava, vendê-lO e beijá-lO a fim de que fosse identificado pelos Seus inimigos naquela noite de horror?!

Sucede que o véu da carne obnubila o discernimento mesmo em alguns Espíritos nobres, e as injunções sociais, culturais, emocionais, neles produzem atitudes desconcertantes, em antagonismos terríveis às convicções mantidas na mente e no coração.

Todos os seres humanos são frágeis e podem tornar-se vítimas de situações penosas.

Assim, não julgues a ninguém, entregando-te em totalidade Àquele que nunca Se enganou, jamais tergiversou, e deu-Se em absoluta renúncia do ego, para demonstrar que é o Caminho da Verdade e da Vida.


,Joanna de Ângelis - Divaldo Pereira Franco.

Reforma íntima-como fazer?

 A Reforma Íntima é uma luta constante até que o espírito chegue à perfeição e se torne um espírito puro. Será tanto mais rápida quanto mais disposição tiver o espírito de buscar o seu progresso espiritual.

Para isso é preciso substituir os defeitos por virtudes.

São defeitos: o orgulho, a inveja, o ciúme, o egoísmo, a agressividade, a maledicência, a intolerância, a vaidade etc.
São virtudes: a bondade, a humildade, a resignação, o bom senso, a generosidade, a caridade, a afabilidade, a doçura, a tolerância e o perdão.

PRIMEIRO PASSO: AUTOCONHECIMENTO.

O primeiro passo para realizar a Reforma Íntima é o autoconhecimento. É preciso conhecer para mudar.
Como querer eliminar nossos defeitos se nem ao menos sabemos quais são eles? Como trabalhar nossas virtudes se não sabemos quais são elas?
É muito raro as pessoas pararem um pouco para refletir sobre seus próprios atos, vícios, virtudes, comportamentos... Muitas vezes, acham que não têm defeitos e continuam a vida sem se preocuparem com isso. Outras acham que não têm qualidades ou virtudes e perdem a oportunidade de usar os talentos que possuem.
Como fazer o autoconhecimento?
Ao fim do dia, interrogue a sua consciência e relembre o que fez, perguntando-se a si mesmo se não faltou a algum dever, se não deixou de fazer o bem em alguma ocasião e se ninguém teve motivo para de você se queixar. Analise se você tratou mal alguém e se foi orgulhoso ou egoísta em algum momento.
Evite julgar os outros, mas permita-se analisar a si mesmo!
SEGUNDO PASSO: MUDAR ATITUDES.
Conhecendo a nossa própria personalidade, é hora de consertarmos nossos erros e trabalharmos nossas qualidades, para que nos tornemos pessoas melhores.
Allan Kardec nos deixou o seguinte ensinamento: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para dominar suas más inclinações.”
O espírita, dessa forma, não é melhor do que ninguém, mas tem obrigação de ser melhor do que ele mesmo. Deve, pois, trabalhar para que hoje tenha algo de melhor do que ontem e que amanhã tenha algo de melhor do que hoje.
As mudanças vêm progressivamente e os resultados são surpreendentes. A criatura que trabalha a sua Reforma Íntima torna-se, aos poucos, mais tranqüila, mais serena diante das dificuldades da vida, mais paciente e amorosa com os outros, enfim, torna-se mais feliz!

Vamos tentar?

"Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.

     A própria natureza apresenta preciosas lições nesse particular. Sucedem-se os anos com matemática precisão, mas os dias são sempre novos. Dispondo, assim, de trezentas e sessenta e cinco ocasiões de aprendizado e recomeço, anualmente, quantas oportunidades de renovação moral encontrará a criatura, no abençoado período de uma existência?
       Conserva do passado o que for bom e justo, belo e nobre, mas não guardes do pretérito os detritos e as sombras, ainda mesmo quando mascarados de encantador revestimento. 
       Faze por ti mesmo, nos domínios da tua iniciativa pela aplicação da fraternidade real, o trabalho que a tua negligência atirará fatalmente sobre os ombros de teus benfeitores e amigos espirituais.
       Cada hora que surge pode ser portadora de reajustamento.
       Se é possível, não deixes para depois os laços de amor e paz que podes criar agora, em substituição às pesadas algemas do desafeto.
       Não é fácil quebrar antigos preceitos do mundo ou desenovelar o coração, a favor daqueles que nos ferem. Entretanto, o melhor antídoto contra os tóxicos da aversão é a nossa boa-vontade, a benefício daqueles que nos odeiam ou que ainda não nos compreendem.
       Enquanto nos demoramos na fortaleza defensiva, o adversário cogita de enriquecer as munições, mas se descemos à praça, desassombrados e serenos, mostrando novas disposições na luta, a idéia de acordo substitui, dentro de nós e em torno de nossos passos, a escura fermentação da guerra.
       Alguém te magoa? Reinicia o esforço da boa compreensão.
       Alguém não te entende? Persevera em demonstrar os intentos mais nobres.
       Deixa-te reviver, cada dia, na corrente cristalina e incessante do bem.
       Não olvides a assertiva do Mestre: - "Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus."
       Renasce agora em teus propósitos, deliberações e atitudes, trabalhando para superar os obstáculos que te cercam e alcançando a antecipação da vitória sobre ti mesmo, no tempo...
       Mais vale auxiliar, ainda hoje, que ser auxiliado amanhã.

     Emmanuel - Psicografia de Francisco Cândido Xavier

Fundamentos da educação

        O que é Educação?

Educação é toda influência exercida por um Espírito sobre outro, no sentido de despertar um processo de evolução. Essa influência leva o educando a promover autonomamente o seu aprendizado moral e intelectual. Trata-se de um processo sem qualquer forma de coação, pois o educador apela para a vontade do educando e conquista-lhe a adesão voluntária para uma ação de aperfeiçoamento.

O amor verdadeiro é sempre educativo e a Educação verdadeira é sempre um ato de amor. A relação entre amor e educação é intrínseca, indissociável.

Educar é pois elevar, estimular a busca da perfeição, despertar a consciência, facilitar o progresso integral do ser.

Essa relação educativa pode se dar em qualquer relação humana. Não ocorre apenas entre o adulto e a criança. Pode ser até invertida: uma criança pode educar um adulto, na medida em que, sendo um Espírito mais evoluído, produza uma influência benéfica sobre ele. Um verdadeiro líder religioso ou político é um educador, quando provoca uma transformação positiva em seus seguidores. Um amigo mais consciente espiritualmente pode educar outro amigo. Uma esposa educa o marido ou vice-versa. Todas as vezes que alguém desperta algum bem no outro, dá-se um ato de Educação – tenham disso os protagonistas consciência ou não.

Por isso, a Educação é um compromisso de todo dia e instante, através do nosso exemplo.

Finalidade da Educação

A finalidade da Educação está embutida em seu próprio conceito: é ajudar o outro a evoluir. Esta meta está em consonância com a finalidade da vida universal. Tudo evolui para a perfeição. E está em harmonia com a finalidade particular da nossa existência na Terra: aqui reencarnamos para darmos mais um passo nessa jornada infinita da evolução.

Assim, dentro dessa meta infinita de evolução, a Educação deve preencher algumas finalidades específicas. Vejamos abaixo:

a) Contribuir para que o ser desenvolva, na presente existência, sua perfectibilidade possível, no estágio evolutivo em que se encontra. Um Espírito, por exemplo, que na última encarnação foi um malfeitor, atrasado moral e intelectualmente, não poderá na atual existência se tornar um modelo de perfeição e sabedoria. Se a Educação lhe proporcionar meios de se tornar uma pessoa honesta, trabalhadora, crente em Deus, já terá feito muito, embora possa ela ainda conservar inúmeros traços de rudeza e ignorância.

b) Facilitar o cumprimento da missão específica que o Espírito trouxe à Terra.

c) Semear verdades e virtudes com vistas à eternidade.

d) Formar sempre educadores. O homem bem educado é necessariamente um educador.

"Se o sábio não ajuda ao ignorante, a educação redundará em mentira perigosa." - Emmanuel.

Uma questão importantíssima ao tratarmos da Educação é nos indagarmos até que ponto ela tem poder. Se dissemos anteriormente que educar é amar e vice-versa, o poder da Educação não é proporcional ao autoritarismo, a chamada " imposição de limites", a coação violenta... Esses não são métodos do amor, pois o amor reconhece a dignidade do outro, respeita-lhe a liberdade individual. O poder da Educação, assim, é proporcional à grandeza do amor do educador pelo educando, à sua capacidade de renúncia e doação, ao seu interesse legítimo pela felicidade do outro, ao seu desinteresse por recompensas de qualquer espécie, mesmo afetivas, e à força do exemplo vivo.

"Nas bases de todo programa educativo o amor é a pedra angular. Jesus é o Mestre por excelência: ofereceu-se-nos por amor, ensinou até o último instante, fez-se o exemplo permanente aos nossos corações e nos paroxismos da dor, pregado ao madeiro ignominioso, perdoou-nos as defecções de maus aprendizes."

Bezerra de Menezes.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Tragédia Urbana

Havia fatores demais conspirando contra a sorte do pequeno Fernando, de 4 anos de idade, naquele momento fatídico em que ele pousou o pé no vazio do bueiro, sendo tragado pelas águas, na movimentada avenida de são Paulo.

Ele vinha brincando e pulando, esperto como sempre, pelo canteiro central da avenida, ao lado de mãe, pai, avô e mais algumas pessoas.

Voltava de uma festinha e a desencarnação colheu-o de forma trágica.

Como isso pode ter acontecido, indagamos a nós mesmos? Quem são os culpados, bradamos, procurando justiça. A tampa de ferro havia sido roubada. Quinhentas tampas como essa são roubadas mensalmente, em São Paulo.

O poder público ainda não havia recolocado outra em seu lugar. Os pais talvez tenham se distraído, afinal a criança só tinha 4 anos. Quantos possíveis culpados! Todos, provavelmente, tenham sua parcela de responsabilidade no fato.

A Doutrina Espírita nos esclarece, contudo, que, naquele instante, cumpriu-se a Lei de Causa e Efeito. O pequeno Fernando, ao retornar tragicamente ao mundo espiritual, estava respondendo, perante a própria consciência, por deslizes graves cometidos em outras eras.

Ensina-nos o benfeitor André Luiz, pela mediunidade de Chico Xavier, no livro Evolução em Dois Mundos, que em quase todos os casos de desencarnação antes dos 18 anos de idade nós encontramos um suicida de encarnações passadas. O curto espaço de tempo na Terra serve-lhe para a recomposição do corpo espiritual que ele lesou com a atitude infeliz da autodestruição.

De forma alguma tal explicação nos isenta dos cuidados que devemos tomar e das responsabilidades perante os próprios atos. A Lei de Deus se aproveita de nossas falhas para educar os culpados, mas nós responderemos por todo ato que redundar em prejuízo de outro.

Agir corretamente. Viver de forma honesta. Procurar uma vida mais saudável e equilibrada são formas de contribuirmos para o bem-estar coletivo.

Agindo assim, no futuro, nós não mais veremos fatos como este que demonstram a necessidade de todos nós refletirmos sobre os nossos próprios atos.

                       Ricardo Baesso de Oliveira

Laços de afeto

Do poeta e escritor gaúcho Mário Quintana, encontramos uma preciosidade que fala sobre algo muito simples: um laço.

Escreveu ele: Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... Uma fita... Dando voltas.

Enrosca-se, mas não se embola. Vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.

É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.

É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.

E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando... Devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.

Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.

E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.

Ah, então, é assim o amor, a amizade.

Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.

Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço.

Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.

E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.

E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.

Então o amor e a amizade são isso...

Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.

Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!

*   *   *

Tem toda razão o poeta em sua analogia. Amor e amizade são sentimentos altruístas.

Quem ama somente deseja o bem do ser amado. Por isso, não interfere em suas escolhas, em seus desejos.

Sugere, opina, mas deixa livre o outro para a tomada das próprias decisões.

Quem ama auxilia o amado a atingir seus objetivos. Nunca cobra o ofertado, nem exige nada em troca.

Quem ama não aprisiona o amado, não o algema ao seu lado. Ama e deixa o amado livre para estender suas asas.

Assim crescem os dois, pois há espaços para ambos conquistarem.

Na amizade, não se faz diferente o panorama. O verdadeiro amigo não deseja que o outro pense como ele próprio pois reconhece que os pensamentos são criações originais de cada um.

Entende que o amigo é uma bênção que lhe cabe cultivar e o auxilia a realizar a sua felicidade sem cogitar da sua própria.

Sente-se feliz com o bem daquele a quem devota amizade. Entende que cada criatura humana é um ser inteligente em transformação e que, por vezes, poderão ocorrer mudanças na forma de pensar, de agir do outro.

Mudanças que nem sempre estarão na mesma direção das suas próprias escolhas.

O amigo enxerga defeitos no coração do outro, mas sabe amá-lo e entendê-lo mesmo assim.

E, se ventos diversos se apresentam, criando distâncias entre ambos, jamais buscará desacreditar ou desmoralizar aquele amigo.

Tudo isso, porque a ventura real da amizade é o bem dos entes queridos.

Um laço que ata... Um laço que se desata..

Aqueles a quem oferecemos o coração, poderão se distanciar, buscar outros caminhos, atravessar outras fronteiras.

Eles têm o direito de assim proceder, se o desejarem. De nossa parte, lembremos da leveza do laço e cuidemos para que não se transforme em nó, que prende e retém.

 
Redação do Momento Espírita, com base em versos do poeta Mário Quintana e no cap. 12, do livro Sinal verde, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier,


sábado, 26 de fevereiro de 2011

O Amor é cego?


A notícia, em determinado periódico eletrônico, apresentou um conhecimento muito interessante.
 Dizia que cientistas britânicos concluíram que os sentimentos amorosos podem levar à supressão da atividade nas áreas do cérebro que controlam o pensamento crítico.
 A investigação dos especialistas londrinos demonstra que, quando ficamos mais próximos de uma pessoa, o cérebro decide que a necessidade de avaliar o seu caráter e personalidade é menor.
 Os sentimentos suprimem a atividade neurológica relacionada com a avaliação social crítica dos outros e as emoções negativas.
 O fenômeno acontece não só no amor romântico, mas também no amor maternal.
 A equipe de pesquisadores analisou a atividade cerebral de 20 jovens mães quando viam fotos de seus filhos, de crianças que conheciam e de amigos adultos.
 Os padrões de atividade cerebral registrados foram muito parecidos aos já identificados no estudo relativo aos efeitos do amor romântico.
 O que surpreendeu os estudiosos, em ambas análises, foi a revelação de que há redução dos níveis de atividade nos sistemas necessários para fazer julgamentos negativos.
 Um fenômeno muito importante, indicam os especialistas, já que tanto o amor romântico como o amor maternal são vitais para a perpetuação da espécie humana.
 * * *
 Existe lente mais bela e segura para nossos olhos, do que a lente do amor?
 Diz-se que o amor é cego... Eis um grande engano, pois vamos percebendo com o tempo que, em verdade, cegos somos nós com nossos rótulos, com nossos pré-julgamentos e preconceitos.
 O amor sempre enxergou bem. Nós não sabíamos.
 O amor enxerga com os olhos de Deus, através dos olhos da realidade espiritual da vida, e não com as lentes pobres do mundo.
 Que importância tem as imagens exteriores, para quem ama?
 Somente os materialistas - que se perdem seguidamente neste mundo - dão tanto valor às embalagens, às aparências.
 Que direito temos nós de fazer comentários como: Não sei como ela, tão bela, se apaixonou por alguém assim, tão normal ou desajeitado - referindo-se à beleza exterior.
 Se tais questões ainda nos surpreendem, ainda nos incomodam, é sinal que ainda não conhecemos o amor e sua visão pura.
 Temos esta visão límpida quando nossos filhos nascem, enrugados, feinhos por vezes, e nós, os pais, só enxergamos beleza, encanto.
 Que visão é essa senão a do amor?
 Nesse momento, a explicação do sentir poderia ser:
 Diante da beleza de uma nova vida, que veio através de mim, que tem a minha genética, como poderia encontrar algo feio ou desagradável aos olhos?
 Se esse fosse sempre nosso ponto de partida, analisaríamos a vida de forma diversa.
 Que importa se não temos os padrões de beleza atuais, se temos vida em abundância por dentro, se amamos, se somos pessoas de bem?
 Que importância teria a beleza exterior de um Chico Xavier, de um Gandhi, de uma Madre Teresa?
 Certamente são almas belíssimas, de uma beleza que fica, que não envelhece, que não adoece.
 Dessa forma, pensemos na beleza de nosso coração, na alegria de viver, nos olhos acesos pelo amor.
 O amor enxerga, sim, muito bem...
 

( com base em reportagem do jornal português Diário digital de 14.06.2004.)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Mau humor


A revista Circulation, da Associação Americana do Coração publicou um estudo, realizado por uma equipe da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos.

O título era muito sugestivo: Verdade: raiva mata mesmo. E dizia do aumento significativo dos riscos de se ter um ataque cardíaco, devido ao mau humor.

A equipe, durante seis anos, estudou nada menos do que o comportamento de 13.000 homens e mulheres, com idade entre 45 e 64 anos.

Os pesquisadores descobriram que as pessoas que se irritam intensamente, e com frequência, têm três vezes mais probabilidades de sofrer um infarto do coração, do que aquelas que encaram os problemas com mais serenidade.

Segundo esses estudiosos, cada vez que a pessoa tem um episódio de raiva, o organismo joga no sangue uma carga extra de adrenalina.

A concentração desse hormônio no corpo aumenta o número de batimentos cardíacos e estreita os vasos sanguíneos, o que faz com que a pressão arterial se eleve.

A repetição dos momentos de raiva pode gerar dois problemas que se associam ao infarto. O primeiro é a arritmia cardíaca, o que quer dizer que o coração bate de forma descompassada.

O segundo, é a dilatação das placas de gordura que, por acaso, existam nas artérias.

Por tudo isto, é bom analisarmos os nossos atos.

Por exemplo: o mau humor está se apresentando em nossas vidas de maneira quase constante?

Procuremos examinar as suas origens, a fim de que o possamos liquidar o mais rápido possível.

Caso o problema seja de alguma dívida que esteja nos preocupando, recordemos que não será com mau humor que conseguiremos os recursos para pagá-la.

Se a dificuldade é uma doença que nos atormenta, tenhamos em mente que enfermidade precisa de remédio e não de intolerância, para se curar.

Se estivermos precisando da cooperação de alguém para um empreendimento, uma tarefa, com certeza não será apresentando uma carranca que conseguiremos simpatia e ajuda.

Se estiverem se apresentando contratempos na família, não serão frases ásperas, cheias de amargura e má vontade que irão resolvê-los.

Tudo isto quer dizer que, em verdade, até hoje não se tem conhecimento de ninguém que o azedume e o mau humor tenham auxiliado.

Portanto, o melhor é tentar nos livrarmos dessa postura destruidora, cultivar a paciência e aprender a sorrir.

*   *   *

Ninguém consegue realizar alguma coisa sem os outros e os outros não são culpados por nossos insucessos.

Enfrentemos o novo dia, dispostos a vencer, conquistando o espaço bom que nos está reservado no mundo.

A boa vontade em relação aos outros retornará sempre para nós em clima de simpatia e camaradagem.

Assim, começando hoje, coloquemos beleza em nossos olhos, a fim de olharmos a vida com lentes mais claras, libertando-nos das impressões negativas da noite passada.

Notaremos então que nosso estado íntimo se renovará e tudo tomará uma cor agradável ao nosso redor.

Redação do Momento Espírita com base no artigo Mau humor? Nem pensar,
Chico Xavier-Emmanuel

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Inimigos Ocultos

Quem de Sofre de reumatismo
Quem percorre os caminhos tortuosos;
Quem se destina aos escombros da tristeza;
Quem vive tropeçando no egoísmo.

Sofre de artrite
Quem jamais abre mão;
Quem sempre aponta os defeitos dos outros;
Quem nunca oferece uma rosa.

Sofre de bursite
Quem não oferta seu ombro amigo;
Quem retesa, permanentemente, os músculos.
Quem cuida, excessivamente, das questões alheias.

Sofre da coluna
Quem nunca se curva diante da vida;
Quem carrega o mundo nas costas;
Quem não anda com retidão.

Sofre dos rins
Quem tem medo de enfrentar problemas;
Quem não filtra seus ideais;
Quem não separa o joio do trigo.

Sofre de gastrite
Quem vive de paixões avassaladoras;
Quem costuma agir na emoção;
Quem reage somente com impulsos;
Quem sempre chora o leite derramado.

Sofre de prisão de ventre
Quem aprisiona seus sentidos;
Quem detém suas mágoas;
Quem endurece em demasia.

Sofre dos pulmões
Quem se intoxica de raiva e de ódio;
Quem sufoca, permanentemente, os outros;
Quem não respira aliviado pelo dever cumprido;
Quem não muda de ares;
Quem não expele os maus fluidos.

Sofre do coração
Quem guarda ressentimentos;
Quem vive do passado;
Quem não segue as batidas do tempo;
Quem não se ama e, portanto,
não tem coração para amar alguém.

Sofre da garganta
Quem fala mal dos outros;
Quem vocifera;
Quem não solta o verbo
Quem repudia;
Quem omite;
Quem usa sua espada afiada para ferir outrem;
Quem subjuga;
Quem reclama o tempo todo;
Quem não fala com Deus.

Sofre do ouvido
Quem prejulga os atos dos outros;
Quem não se escuta;
Quem costuma escutar a conversa dos outros.

Sofre dos olhos
Quem não se enxerga;
Quem distorce os fatos;
Quem não amplia sua visão;
Quem vê tudo em duplo sentido;
Quem não quer ver.

Sofre de distúrbios da mente
Quem mente para si mesmo;
Quem não tem o mínimo de lucidez;
Quem preza a inconsciência;
Quem menospreza a intuição;
Quem não vigia seus pensamentos;
Quem embota seu canal com a Criação;
Quem não se volta para o Universo;
Quem vive no mundo da lua;
Quem não pensa na vida;
Quem vive sonhando;
Quem se ilude;
Quem alimenta a ilusão dos outros;
Quem mascara a realidade;
Quem não areja a cabeça;
Quem tem cabeça de vento.

Causa e efeito. Ação e reação.
Tudo está intrinsecamente ligado.
Tudo se conecta o tempo todo.
E assim, sucessivamente,
passam os anos sem que o ser humano
conheça a si mesmo.
Somos, certamente,
o maior amor das nossas vidas!
Assim como o nosso maior inimigo
é aquele que está oculto e que habita,
inexoravelmente,
no interior de nós mesmos.

Para que nasci...

         A maturidade vai chegando, sem ainda alicerçar o entendimento, e surge a pergunta, na floração do cérebro em que desponta a luz do saber:
         — Para que nasci?
         Essa pergunta mais tarde recebe, da própria vida, a resposta, principalmente quando o jovem encontrar a oportunidade valiosa de conhecer a Doutrina dos Espíritos, fonte divina de informações para todas as dúvidas.
         Nasceste, meu filho, como todos os outros, em busca da perfeição. Nascer é um dos processos do aprimoramento que a Divindade emprega em favor de todos nós. Uma reencarnação é oportunidade de ouro em nossas mãos.
         Estamos esperando esse tesouro de há muito, e sempre pedimos a Jesus que o nosso nascimento seja no Brasil, e que não nos falte trabalho nos caminhos que haveremos de percorrer.
         Quem se encontra movendo-se em um corpo físico, seja ele como for, que tenha paciência, reforce a fé e procure, se ainda não conhece, uma filosofia que lhe dê maior entendimento sobre a vida, não se desesperando, querendo voltar para cá sem cumprir seus deveres ante o mundo. Quando chegamos aqui com mãos vazias, os padecimentos são terríveis, no que tange à consciência.
         Ouve a nossa voz de alerta! Jesus quando disse que era o Caminho, a Verdade e a Vida, expressava a única maneira de alcançarmos a felicidade. Procura conhecer Jesus, se ainda não despertaste para tal, que a tua vida será, verdadeiramente, uma vida no Chão de Rosas.
         Estamos em uma época de modificações urgentes. Logo, compreenderás porque nascemos e renascemos na Terra, porque a fila, aqui, para reencarnar, é muito grande. Ademais, requer-se muito preparo para essa volta, nos dias que correm, céleres, em busca da Luz maior.
         Estamos próximos de um grande desfecho. O ciclo evolutivo planetário está findando, oportunidade em que a reencarnação se torna mais difícil, para as almas em provações. As reincidentes no mal, deverão encontrar outros mundos, onde o ranger de dentes é norma comum. Em alguns planetas, falta mesmo a luz de um sol, como temos aqui, na Terra; essa beleza divina, que são os raios solares, que trazem consigo milhões de toneladas de energias vivificantes, todos os dias, em nosso favor.
         Para que nasci? Tal pergunta é blasfêmia, quando falamos revoltados. O nascimento, na Terra, é porta para ingressarmos na luz de maiores entendimentos e felicidade.
        A Doutrina Espírita está empenhada em espargir luzes, como está fazendo, em todas as direções. No amanhã, será reconhecida até pelos próprios mandatários da Terra, porque, quem ajuda a educar e instruir, não pode ser persona non grata para um país. Se o lema é a Caridade, que nasce do Amor, é força poderosa, que vem diretamente de Deus.

(De “Chão de Rosas”, de João Nunes Maia, pelo Espírito Scheilla)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A ILUSÃO DO DISCÍPULO

Jesus havia chegado a Jerusalém sob uma chuva de flores.

De tarde, após a consagração popular, caminhavam Tiago e Judas, lado a lado, por uma estrada antiga, marginada de oliveiras, que conduzia às casinhas alegres de Betânia.

Judas Iscariote deixava transparecer no semblante íntima inquietação, enquanto no olhar sereno do filho de Zebedeu fulgurava a luz suave e branda que consola o coração das almas crentes.

– Tiago – exclamou Judas, entre ansioso e atormentado – não achas que o Mestre é demasiado simples e bom para quebrar o jugo tirânico que pesa sobre Israel, abolindo a escravidão que oprime o povo eleito de Deus?

– Mas – replicou o interpelado – poderias admitir no Mestre as disposições destruidoras de um guerreiro do mundo?

– Não tanto assim. Contudo, tenho a impressão de que o Messias não considera as oportunidades. Ainda hoje, tive a atenção reclamada por doutores da lei que me fizeram sentir a inutilidade das pregações evangélicas, sempre levadas a efeito entre as pessoas mais ignorantes e desclassificadas.

Ora, as reivindicações do nosso povo exigem um condutor enérgico e altivo.

– Israel – retrucou o filho de Zebedeu, de olhar sereno – sempre teve orientadores revolucionários; o Messias, porém, vem efetuar a verdadeira revolução, edificando o seu reino sobre os corações e nas almas!...

Judas sorriu algo irônico e acrescentou :

– Mas, poderemos esperar renovações, sem conseguirmos o interesse e a atenção dos homens poderosos?

– E quem haverá mais poderoso ao que Deus, de quem o mestre é o Enviado divino?

Em face dessa invocação Judas mordeu os lábios, mas prosseguiu:

– Não concordo com os princípios de inação e creio que o Evangelho somente poderá vencer com o amparo dos prepostos de César, ou das autoridades administrativas de Jerusalém, que nos governam o destino. Acompanhando o Mestre nas suas pregações em Cesaréia, em Sebaste, em Corazin e Betsaida, quando das suas ausências de Cafarnaum, jamais o vi interessado em conquistar a atenção dos homens mais altamente colocados na vida. É certo que de seus lábios divinos sempre brotaram a verdade e o amor, por toda parte; mas, só observei leprosos e cegos, pobres e ignorantes, abeirando-se de nossa fonte.

– Jesus, porém, já nos esclareceu – obtemperou Tiago, com brandura – que o seu reino não é deste mundo.

Imprimindo aos olhos inquietes um fulgor estranho, o discípulo impaciente revidou com energia:

- Vimos hoje o povo de Jerusalém atapetar o caminho do Senhor com as palmas da sua admiração e do seu carinho; precisamos, todavia, impor a figura do Messias às autoridades da Corte Provincial e do Templo, de modo a aproveitarmos esse surto de simpatia. Notei que Jesus recebia as homenagens populares sem partilhar do entusiasmo febril de quantos o cercavam, razão por que necessitamos multiplicar esforços, em lugar dele, afim de que a nossa posição de superioridade seja reconhecida em tempo oportuno.

– Recordo-me, entretanto, de que o Mestre nos asseverou, certa vez, que o maior na comunidade será sempre aquele que se fizer o menor de todos.

– Não podemos levar em conta esses excessos de teoria. Interpelado que vou ser hoje por amigos influentes na política de Jerusalém, farei o possível por estabelecer acordos com os altos funcionários e homens de importância, afim de imprimirmos novo movimento às idéias do Messias.

– Judas! Judas!... – observou-lhe o irmão de apostolado, com doce veemência – vê lá o que fazes! Socorreres-te dos poderes transitórios do mundo, sem um motivo que justifique êsse recurso, não será, desrespeito à autoridade de Jesus? Não terá o Mestre visão bastante para sondar e reconhecer os corações? O hábito dos sacerdotes e a toga dos dignitários romanos; são roupagens para a Terra... As idéias do Mestre são do céu e seria sacrilégio misturarmos a sua pureza Com as Organizações viciadas do mundo!... Além de tudo, não podemos ser mais sábios, nem mais amorosos do que Jesus e ele sabe o melhor caminho e a melhor oportunidade para a conversão dos homens!... As conquistas do mundo são cheias de ciladas para o espírito e, entre elas, é possível que nos transformemos em órgão de escândalo para a verdade que o Mestre representa.

Judas silenciou, atormentado.

No firmamento, os derradeiros raios de Sol batiam nas nuvens distantes, enquanto os dois discípulos tomavam rumos diferentes.

Sem embargo das carinhosas exortações de Tiago, Judas Iscariote passou a noite tomado de angustiosas inquietações.

Não seria melhor apressar o triunfo mundano do Cristianismo? Israel não esperava um Messias que enfeixasse nas mãos todos os poderes? Valendo-se da doutrina do Mestre, poderia tomar para si as rédeas do movimento renovador, enquanto Jesus, na sua bondade e simplicidade, ficaria entre todos, como um símbolo vivo da idéia nova.

Recordando suas primeiras conversações com as autoridades do Sinédrio, meditava na execução de seus sombrios desígnios.

A madrugada o encontrou decidido, na embriagues de seus sonhos ilusórios. Entregaria o Mestre aos homens do poder, em troca de sua nomeação oficial para dirigir a atividade dos companheiros. Teria autoridade e privilégios políticos. Satisfaria às suas ambições, aparentemente justas, afim de organizar a vitória cristã no seio de seu povo. Depois de atingir o alto cargo com que contava, libertaria a Jesus e lhe dirigiria os dons espirituais, de modo a utilizá-los para a conversão de seus amigos e protetores prestigiosos.

O Mestre, a seu ver, era demasiadamente humilde e generoso para vencer sozinho, por entre a maldade e a violência.

Ao desabrochar a alvorada, o discípulo imprevidente demandou o centro da cidade e, após horas, era recebido pelo Sinédrio, onde lhe foram hipotecadas as mais relevantes promessas.

Apesar de satisfeito com a sua mesquinha gratificação e desvairado no seu espírito ambicioso, Judas amava ao Messias e esperava, ansiosamente, o instante do triunfo, para lhe dar a alegria da vitória cristã, através das manobras políticas do mundo.

O prêmio da vaidade, porém, esperava a sua desmedida ambição.

Humilhado e escarnecido, seu Mestre bem-amado foi conduzido a cruz da ignomínia, sob vilipêndios e flagelações.

Daqueles lábios, que haviam ensinado a verdade e o bem, a simplicidade e o amor, não chegou a escapar-se uma queixa. Martirizado na sua estrada de angústias, o Messias só teve o máximo de perdão para seus algozes.

Observando os acontecimentos, que lhe contrariavam as mais íntimas suposiçôes, Judas Iscariote se dirigiu a Caifas, reclamando o cumprimento de suas promessas. Os sacerdotes, porém, ouvindo-lhe as palavras tardias, sorriram com sarcasmo. Debalde recorreu às suas prestigiosas relances de amizade: teve de reconhecer a falibilidade das promessas humanas. Atormentado e aflito, buscou os companheiros de fé. Encontrou-os vencidos e humilhados; pareceu-lhe, porém, descobrir em cada olhar a mesma exprobração silenciosa e dolorida.

Já se havia escoado a hora sexta, em que o Mestre expiara na cruz, implorando perdão para seus verdugos.

De longe, Judas contemplou todas as cenas angustiosas e humilhantes do Calvário. Atroz remorso lhe pungia a consciência dilacerada. Lágrimas ardentes lhe rolavam dos olhos tristes e amortecidos. Mau, grado à vaidade que o perdera, ele amava intensamente ao Messias.

Em breves instantes, o céu da cidade impiedosa se cobriu de nuvens escuras e borrascosas. O mau discípulo, com um oceano de dor na consciência, peregrinou em derredor do casario maldito, acalentando o propósito de desertar do mundo, numa suprema traição aos compromissos mais sagrados de sua vida.

Antes, porém, de executar seus planos tenebrosos, junto à figueira sinistra, ouvia a voz amargurada do seu tremendo remorso.

Relâmpagos terríveis rasgavam o firmamento; trovões cavernosos pareciam lançar sobre a terra criminosa a maldição do céu vilipendiado e esquecido.

Mas, sobre todas as vozes confusas da Natureza, o discípulo infeliz escutava a voz do Mestre, consoladora e inesquecível, penetrando-lhe os refolhos mais íntimos da alma:

– “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Ninguém pode ir ao Pai, senão por mim.... 
Chico xavier-Humberto De Campos

A melhor idade do amor

Sábado, dez horas e vinte e um minutos da manhã. Chuva insistente de outono. Um casal adentra uma panificadora para tomar café.
Dois cafés com leite e três pães de queijo, por favor.
Ela parece um pouco agitada. Não tira os olhos dele. Ele parece tranquilo, dessas pessoas que já conseguem viver num tempo um pouco mais lento do que o do relógio.
A diferença de idade é gritante. Não mais de quarenta, ela. Próximo aos oitenta, ele.
Ele olha para fora pela janela entreaberta.
Ela sorri, carinhosa.
Todos os seus filhos nasceram aqui nesta cidade?
Ele pensa um pouco... - Sim, todas elas... Três filhas.
E você? Onde nasceu? – Volta a inquirir a mulher.
Eu não sou daqui. Nasci no interior... Longe da cidade.
E o que você lembra de lá?
Ah... Muitas coisas... – Responde ele, com leve sorriso.
Então, silencia. Parece fazer algum esforço para recordar de algo especial, mas logo desiste. Volta a olhar para fora, procurando a chuva fina.
Sabe... Acho que tive uma vida feliz...
Ela permanece interessada. Um interesse de primeiro encontro. Observa os cabelos brancos dele, a tez um pouco castigada, os olhos azuis.
Respira fundo. Alguém poderia dizer que é o respirar de quem está apaixonado.
Você só casou uma vez? – Pergunta ela, com certo embaraço na voz.
Sim. Tereza. Mãe de minhas meninas. Que Deus a tenha.
Ela fica um pouco emocionada e constrangida, repentinamente. Esboça um sorriso para disfarçar. Olha para a mesa. Ainda resta um pão.
Pode comer. Já estou satisfeita.
Almoçamos juntos amanhã? – Pergunta ele, ansioso por ouvir um sim.
Sim... Claro que sim. É dia de almoçarmos juntos. Você sabe que gosto muito de estar com você, de ouvir suas histórias...
Estou um pouco esquecido hoje, eu acho. Contei pouco...
Não tem problema. – Diz ela, carinhosa. - Tem dias que a gente está com a memória mais fraca mesmo.
Doutor Maurício disse que é importante ficar puxando as coisas da memória sempre. Ele diz que é como um exercício físico que fazemos para não “enferrujar”. – Conclui ele.
É verdade... – Ela suspira. – Precisamos cuidar da memória...
Novamente um longo silêncio entre os dois.
Ele volta a vislumbrar o exterior, contemplativo.
Ela nota seu rosto em detalhes, ternamente.
Fecha os olhos, por um instante, como se fizesse uma breve oração, uma rogativa sincera a uma Força Maior.
Volta a abri-los, vagarosamente, e então pergunta:
Pai... Pai... Posso pedir a conta?
Ele acena positivamente. A conta chega. Ela se levanta primeiro, vai em direção a ele, envolve-o num abraço e o ajuda a levantar.
Aquela era a rotina de todo sábado, às dez horas e vinte e um minutos da manhã, nos últimos dez meses.
*   *   *
Foram nossos genitores que nos proporcionaram um corpo, abençoado instrumento de trabalho para o nosso progresso, bem como um lar.
Pensando em tudo isso, louve aos seus pais. Cuide deles, agora quando estão velhos, alquebrados, frágeis ou doentes.
Faça o possível para não os atirar nos tristes quartinhos dos fundos da casa, aonde ninguém vai. Não se furte à alegria de apresentá-los aos seus amigos e às suas visitas;
Ouça o que eles tenham a dizer. Quando estejam em condições para isso, leve-os para as refeições à mesa com você. Retribua, assim, uma parcela pequena do muito recebido por seus genitores anos atrás.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 7, do livro Ações corajosas para viver em paz, pelo Espírito Benedita da Silva, psicografia de José Raul Teixeira, ed. Fráte

O benefício da verdade


Ele era um ídolo do cinema americano. Onde sua presença fosse anunciada, em avant-première ou qualquer outro evento, compareciam as multidões.
No lançamento de um de seus mais famosos filmes, foi recepcionado, no aeroporto, pelo dobro de pessoas que habitavam a cidade. Um fenômeno.
Representava na tela o ideal de muitos corações femininos: o homem que sabia amar, que enfrentava perigos, que defendia pessoas, mesmo que alguns dos seus papéis demonstrassem uma certa agressividade ou até desonestidade.
Foi laureado pela Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood, com a estatueta de melhor ator, por duas vezes, na década de 1930.
Iniciando sua carreira no teatro, foi no cinema que verdadeiramente conquistou fama e sucesso.
Pois esse ator, como todas as pessoas que vivem sobre a Terra, passou por dores profundas.
Em 1939, depois de mais um divórcio, parecia que ele encontrara o grande amor de sua vida.
O casal passou a viver no rancho de sua propriedade e desfrutavam do prazer da convivência um do outro, entre os tumultos das próprias carreiras.
Chamavam-se carinhosamente um ao outro de mãe e pai.
Durante a Segunda Guerra Mundial, ele chegou a se alistar e participou de quatro missões na Força Aérea Americana.
E Carole Lombard, sua esposa, participou da campanha pelos bônus de guerra.
Desejando retornar para junto do marido com maior rapidez, em vez de seguir pela via férrea, ela tomou um avião.
Nunca chegaria aos braços do marido. No dia 16 de janeiro de 1942, o avião bateu no Monte Potosi, em Nevada, nos Estados Unidos e morreram todos os 22 passageiros e tripulantes a bordo.
A causa do acidente não foi revelada mas sabe-se que o avião voava fora do curso. E, para economizar energia, dado o período de guerra, as balizas de sinalização da área estavam apagadas.
Clark Gable, o grande ator, entrou em um período de dor, talvez revolta, não conseguindo administrar emocionalmente a perda da esposa.
Entregou-se ao vício do álcool e, andando pela casa, era ouvido a indagar: Por que, mãe? Por quê?
A partir daí, a bebida se lhe tornou companheira por largo tempo, e talvez tenha contribuído para ele partir desse mundo, em plena madureza, aos 59 anos.
O que ressalta disso tudo é como se faz difícil, para quem não tem conhecimento da vida espiritual, da vida além desta vida, conseguir assimilar a partida de um ser amado.
Lembramos que Jesus afirmou que conheceríamos a verdade e a verdade nos libertaria.
Sim, para quem conhece a verdade, a Imortalidade do Espírito, a morte não assume o aspecto de surpresa.
Quem já aprendeu a verdade de que somente nos encontramos na Terra por um breve tempo, que a vida material é passageira, mas que todos sobrevivemos a ela, tem a dor da separação amenizada.
Sofre pela ausência física do seu amado. Mas guarda a certeza de que ele vive, que o amor não morre nunca e que, em breve, o reencontro se dará porque chegará a nossa vez de retornarmos à Casa do Pai.
Pensemos nisso e nos ilustremos nessas verdades anunciadas, desde épocas imemoriais, por muitos arautos da Imortalidade.
Mas, especialmente, da forma mais lúcida e exemplar, pelo Excelso Rabi da Galileia.
Lembremos: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.
Libertará da dor maior, do sofrimento insano, da incerteza, da desesperação, acendendo luzes de esperança no céu da saudade.

Redação do Momento Espírita, com dados biográficos do ator americano Clark Gable.
Em 21.02.2011.

Caminhada...

A caminhada terrena por vezes é difícil e penosa, mas sabemos que ela tem como meta o nosso crescimento, a nossa elevação.
Tropeços, tentações e desvios são os meios que Deus se utiliza para nos testar em nossa conduta moral.
Filhos desajustados, cônjuges difíceis e parentes desarmonizados são colocados ao nosso lado para que na convivência possamos exercitar a paciência, a tolerância, o entendimento.
A dor, o sofrimento, as lágrimas são os meios utilizados para nos testar em nossa fé, resignação e submissão a vontade do Pai.
O irmão que grita por socorro, que pede pelo alimento, pelo agasalho, é o meio utilizado para nos testar no serviço da caridade.
Deus o Pai, nos enviou seu filho maior para nos servir de guia e modelo. Seus ensinamentos foram deixados para que nos servissem de guia moral, para exercitarmos a benevolência, a fraternidade e o amor ao nosso irmão.
Este é o nosso desafio maior, refletir sobre esse legado e lembrarmos-nos do ensinamento maior do Amor a Deus e ao nosso próximo como Jesus amou e ama.
Seus exemplos aí estão para serem seguidos, basta que o nosso coração esteja aberto para que o Mestre faça a sua morada.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Nem tão bons e nem tão ruins

    Não somos tão ruins quanto pensam que somos, porém nem tão bons quanto nos imaginamos ser.
    Não somos menos nem mais: somos o que simplesmente somos!
    Iguais a tantas pessoas que lutam para serem melhores do que são.
    Não nos deprimamos com a crítica e nem nos envaideçamos com o elogio.
    Não nos avaliemos pelo que os outros são ou deixam de ser.
    Tomemos unicamente a Jesus por exemplo do que precisamos vir a ser, um dia.
    Em quase todos, certas virtudes compensam os vícios que ainda possuem.
    Lutemos para que a nossa parte positiva supere a negativa, que ainda predomina.
    No exercício constante do bem é que nos fortalecemos
.

                                    Carlos Baccelli-Irmão José
                                                  livro:Orai e vigiai

Os pressentimentos em nossa vidas

Você já teve, alguma vez, um pensamento repentino que o impele a tomar uma determinada atitude?

Algo que você faz, porque sentiu uma quase irresistível vontade de fazer, sem saber bem o porquê?

Mas que, depois de um tempo, acaba por se dar conta que aquele ato lhe salvou a vida? Ou o impediu de cometer uma tolice?

Assim é com viagem programada que, à última hora, se decide cancelar; um negócio pensado longamente e que é abortado na hora de sua concretização.

Um imóvel que iria ser vendido a fulano e se opta por declinar da venda; a criança que seria deixada, por algumas horas, em casa de alguém, etc, etc.

São situações aparentemente simples, comuns. Coisas do cotidiano. No entanto, o fato de fazer algo oposto ao que estava programado ou mudar alguma coisa que vinha sendo feita há muito tempo, decide por sua vida.

Ou pela melhoria dela.

Detalhes que você somente perceberá mais tarde.

Assim é o caso daquela jovem de 17 anos. Morava em uma rua sem saída.

De manhã, estava no quarto, preparando-se para sair. Um impulso a fez olhar para sua cama que ficava debaixo da janela e a empurrar para junto da parede oposta.

Parecia um comando mental. E ela não pensou duas vezes.

Ao chegar à porta para sair, olhou novamente o quarto e não pôde entender muito bem o que fizera.

Ela não era uma pessoa com criatividade para decoração. Normalmente, decidia sobre a posição de um móvel e não mudava mais.

Por um breve momento, ela tentou entender por que fizera aquilo. Mas, em seguida, resolveu sair e tocar a sua vida.

A escola, as amigas, o estudo. Havia muita coisa para fazer, para dizer, para viver.

À noite, ela foi a uma festa e voltou tarde para casa. Uma hora da manhã.

Estava tão cansada que literalmente se jogou na cama e dormiu.

No meio da madrugada, foi arrancada do sono por um enorme estrondo.

Faróis ofuscantes, blocos de cimento despedaçado e a parte dianteira de um caminhão estavam no seu quarto.

Pedaços de cimento caíram em sua cama. O quarto foi invadido por uma nuvem de poeira.

Pulou da cama, assustada. Dentro do caminhão, estava uma mulher.

Seu rosto sangrava e, mesmo assim, ela tentava engatar uma marcha à ré.

Soube-se, mais tarde, que a mulher, totalmente drogada, tinha atravessado três pistas, derrubado a cerca do quintal e invadido o quarto, daquela forma.

Passado o susto, a jovem se tomou de indignação pelo risco que correra.

Depois, agradeceu por estar viva.

Foi, no entanto, quando se deu conta de que, se não tivesse mudado a cama de lugar horas antes do desastre, o impacto do caminhão a teria matado, que ela deu graças a Deus por estar viva.

E pela intuição que teve e atendeu de pronto.

Na nova arrumação, o lado direito do caminhão ficou a trinta centímetros de sua cabeça.

* * *

O pressentimento, por vezes, é o conselho íntimo e oculto de um Espírito que nos quer bem.

Na incerteza de atender ou não ao pressentimento, ore a Deus, Soberano Senhor de tudo e todos.

Ele lhe enviará um de Seus mensageiros em seu socorro.

Pense nisso!

Texto da Redação do Momento Espírita,

Pais em nossas vidas

Talvez a mais rica, forte e profunda experiência da caminhada humana seja a de ter um filho.

Plena de emoções, por vezes angustiante, ser pai ou mãe é provar os limites que constituem o sal e o mel do ato de amar alguém.

Quando nascem, os filhos comovem por sua fragilidade, seus imensos olhos, sua inocência e graça.

Basta vê-los para que o coração se alargue em riso e cor. Um sorriso é capaz de abrir as portas de um paraíso.

Eles chegam à nossa vida com promessas de amor incondicional. Dependem de nosso amor, dos cuidados que temos. E retribuem com gestos que enternecem.

Mas os anos passam e os filhos crescem. Escolhem seus próprios caminhos, parceiros e profissões. Trilham novos rumos, afastam-se da matriz.

O tempo se encarrega da formação de novas famílias. Os netos nascem. Envelhecemos. E então algo começa a mudar.

Os filhos já não têm pelos pais aquela atitude de antes. Parece que agora só os ouvem para fazer críticas, reclamar, apontar falhas.

Já não brilha mais nos olhos deles aquela admiração da infância e isso é uma dor imensa para os pais.

Por mais que disfarcem, todo pai e mãe percebe as mínimas faíscas no olho de um filho.

É quando pais idosos, dizem para si mesmos: Que fiz eu? Por que o encanto acabou? Por que meu filho já não me tem como seu herói particular?

Apenas passaram-se alguns anos e parece que foram esquecidos os cuidados e a sabedoria que antes era referência para tudo na vida.

Aos poucos, a atitude dos filhos se torna cada vez mas impertinente. Praticamente não ouvem mais os conselhos.

A cada dia demonstram mais impaciência. Acham que os pais têm opiniões superadas, antigas.

Pior é quando implicam com as manias, os hábitos antigos, as velhas músicas. E tentam fazer os velhos pais se adaptarem aos novos tempos, aos novos costumes.

Quanto mais envelhecem os pais, mais os filhos assumem o controle. Quando eles estão bem idosos, já não decidem o que querem fazer ou o que desejam comer e beber. Raramente são ouvidos quando tentam fazer algo diferente.

Passeios, comida, roupas, médicos - tudo passa a ser decidido pelos filhos.

E, no entanto, os pais estão apenas idosos. Mas continuam em plena posse da mente. Por que então desrespeitá-los?

Por que tratá-los como se fossem inúteis ou crianças sem discernimento?

Sim, é o que a maioria dos filhos faz. Dá ordens aos pais, trata-os como se não tivessem opinião ou capacidade de decisão.

E, no entanto, no fundo daqueles olhos cercados de rugas, há tanto amor. Naquelas mãos trêmulas, há sempre um gesto que abençoa, acaricia.

*   *   *

A cada dia que nasce, lembre-se, está mais perto o dia da separação. Um dia, o velho pai já não estará aqui.

O cheiro familiar da mãe estará ausente. As  roupas favoritas para sempre dobradas sobre a cama, os chinelos em um canto qualquer da casa.

Então, valorize o tempo de agora com os pais idosos. Paciência com eles quando se recusam a tomar os remédios, quando falam interminavelmente sobre doenças, quando se queixam de tudo.

Abrace-os apenas, enxugue as lágrimas deles, ouça as histórias (mesmo que sejam repetidas) e dê-lhes atenção, afeto...

Acredite: dentro daquele velho coração brotarão todas as flores da esperança e da alegria.

Redação do Momento Espírita

Apego

Apego é a não-aceitação da impermanência das coisas. Na Terra nada se perpetua, somente a alma é imortal.
O apego é a memória da “dor” ou do “prazer” passado, que carregamos para o futuro. Atrás de cada sofrimento existe um apego. Quando temos algo querido ou pensamos ter a posse da alguém que muito amamos, sofremos ao nos separarmos dele. O ciúme é o resultado do apego (medo de perder).
O desejo e o apego, privados de consciência reflexiva, estreitam nossa visão de felicidade, descartando novas possibilidades de uma vida pacífica e alegre.
A mente apegada a fatos, acontecimentos e pessoas é incapaz de perceber a sua essência. Aquele que está agarrado ao “ego” está vazio do “sagrado”; aquele que se liberta do “ego” descobre que sempre esteve repleto do “sagrado”.
O “desapego saudável” é uma vivência que leva ao crescimento íntimo e uma expansão da consciência, enquanto a experiência defensiva conduz a um bloqueio das sensações, fazendo com que as pessoas vivam numa aparente fuga social.
É preciso perceber a diferença entre o “amor real” e a “relação simbiótica”, ou mesmo o “apego familiar”. A realização espiritual não está em nos apegarmos egoisticamente aos entes queridos, e sim, nos interagirmos fraternalmente, uns com os outros.

Escolhas

Toda ação têm suas consequências. Essa é a má notícia.
A boa é que toda ação têm consequências!

Todo dia somos confrontados por uma escolha atrás da outra.
Muitas vezes parece-nos que não temos escolha.
Isso acontece porque nós simplesmente reagimos às situações com reflexos condicionados, e com isso cedemos o controle da nossa vida à outras pessoas, coisas ou circunstâncias.

Você pode fazer suas próprias escolhas.
Você pode controlar, ao invés de simplesmente reagir.
Cada momento é uma oportunidade de criar a vida que você deseja.
De mover-se em direção aos seus objetivos.

Olhe ao seu redor e você verá as consequências das escolhas que você fez,
ou deixou que os outros fizessem por você, no passado.
Perceba que o futuro depende das escolhas que você faz e das atitudes
que você toma hoje.

Dê um passo atrás e olhe para as escolhas que você fez.
A vida está cheia delas. Você sempre tem uma escolha.
Escolha cuidadosamente as atitudes que lhe trarão sucesso e satisfação,
e sua vida será ricamente abundante

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

DEUS INTELIGÊNCIA SUPREMA UNIVERSAL

Que é Deus?
“Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas” (O Livro dos Espíritos)
Deus é conceituado como a inteligência suprema, completando-se com a noção de causa primária de todas as coisas. Assim, Deus é a causa inteligente cujo efeito é o todo universal.
VERBO
Deus é a causa inteligente de tudo, na linguagem tradicional é o Verbo, porquanto o Verbo é a vontade de Deus manifesta.
. Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?
“Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá.”
 Que dedução se pode tirar do sentimento instintivo, que todos os homens trazem em si, da existência de Deus?
“A de que Deus existe; pois, donde lhes viria esse sentimento, se não tivesse uma base? É ainda uma consequência do princípio - não há efeito sem causa.” (O Livro dos Espíritos)
O homem jamais pôde ver o átomo, mas definiu modelos de interpretação dos fenômenos com base no que podia observar. Agindo assim já conseguiu descobrir muitas leis físicas do Universo, comprovando-as em experimentos posteriormente. Menos ainda pode o homem vislumbrar acerca de Deus. No entanto, observando e aprendendo acerca de tudo o que está à sua volta o homem se conscientiza da existência de uma causa inteligente suprema e norteadora do todo universal. As coisas acontecem sob padrões fenomênicos que a mera casualidade não convence ao mais incrédulo, no reduto do seu íntimo. Mesmo os mais simples habitantes deste planeta desde as eras remotas guardam em sua consciência a noção viva de que existe Deus, com foros de verdade que, em sua simplicidade, não puderam definir.
O ACASO
. Que se deve pensar da opinião dos que atribuem a formação primária a uma combinação fortuita da matéria, ou, por outra, ao acaso?
“Outro absurdo! Que homem de bom-senso pode considerar o acaso um ser inteligente? E, demais, que é o acaso? Nada.” (O Livro dos Espíritos)
O mero acaso não poderia ser a causa de efeitos tão complexos como, por exemplo, a formação da vida orgânica deste planeta. Na escala do ano geológico, o homem é uma forma de vida surgida no último dia, sem embargo de ser o mais complexo habitante deste orbe. Miríades de outros exemplos poderiam ser alinhavados.

ATRIBUTOS DA DIVINDADE
Kardec aponta os atributos da Divindade.
LIVRO DOS ESPÍRITOS
Em O Livro dos Espíritos (pág. 55):
• Eterno – Deus é eterno. Se tivesse tido princípio, teria saído do nada, ou, então, também teria sido criado, por um ser anterior. É assim que, de degrau em degrau, remontamos ao infinito e à eternidade.
• Imutável – É imutável. Se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o Universo nenhuma estabilidade teriam.
• Imaterial – É imaterial. Quer isto dizer que a sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria. De outro modo, ele não seria imutável, porque estaria sujeito às transformações da matéria.
• Único – É único. Se muitos Deuses houvesse, não haveria unidade de vistas, nem unidade de poder na ordenação do Universo.
• Onipotente – É onipotente. Ele o é, porque é único. Se não dispusesse do soberano poder, algo haveria mais poderoso ou tão poderoso quanto ele, que então não teria feito todas as coisas. As que não houvesse feito seriam obra de outro Deus.
• Justo e Bom – É soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das leis divinas se revela, assim nas mais pequeninas coisas, como nas maiores, e essa sabedoria não permite se duvide nem da justiça nem da bondade de Deus.
A GÊNESE
Em A Gênese (pág. 56 e segs):
Deus é a suprema e soberana inteligência. É limitada a inteligência do homem, pois que não pode fazer, nem compreender tudo o que existe. A de Deus abrangendo o infinito, tem que ser infinita. Se a supuséssemos limitada num ponto qualquer, poderíamos conceber outro ser mais inteligente, capaz de compreender e fazer o que o primeiro não faria e assim por diante, até ao infinito.
• Deus é eterno, isto é, não teve começo e não terá fim. Se tivesse tido princípio, houvera saído do nada. Ora, não sendo o nada coisa alguma, coisa nenhuma pode produzir. Ou, então, teria sido criado por outro ser anterior e, nesse caso, este ser é que seria Deus. Se lhe supuséssemos um começo ou fim, poderíamos conceber uma entidade existente antes dele e capaz de lhe sobreviver, e assim por diante, ao infinito.
• Deus é imutável. Se estivesse sujeito a mudanças, nenhuma estabilidade teriam as leis que regem o Universo.
• Deus é imaterial, isto é, a sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria. De outro modo, não seria imutável, pois estaria sujeito ás transformações da matéria. Deus carece de forma apreciável pelos nossos sentidos, sem o que seria matéria. Dizemos: a mão de Deus, o olho de Deus, a boca de Deus, porque o homem, nada mais conhecendo além de si mesmo, toma a si próprio por termo de comparação para tudo o que não compreende. São ridículas essas imagens em que Deus é representado pela figura de um ancião de longas barbas e envolto num manto. Têm o inconveniente de rebaixar o Ente supremo até às mesquinhas proporções da Humanidade. Daí a lhe emprestarem as paixões humanas e a fazerem-no um Deus colérico e cioso não vai mais que um passo.
• Deus é onipotente. Se não possuísse o poder supremo, sempre se poderia conceber uma entidade mais poderosa e assim por diante, até chegar-se ao ser cuja potencialidade nenhum outro ultrapassasse. Esse então é que seria Deus.
• Deus é soberanamente justo e bom. A providencial sabedoria das leis divinas se revela nas mais pequeninas coisas, como nas maiores, não permitindo essa sabedoria que se duvide da sua justiça, nem da sua bondade. O fato do ser infinita uma qualidade, exclui a possibilidade de uma qualidade contrária, porque esta a apoucaria ou anularia. Um ser infinitamente bom não poderia conter a mais insignificante parcela de malignidade, nem o ser infinitamente mau conter a mais insignificante parcela de bondade, do mesmo modo que um objeto não pode ser de um negro absoluto, com a mais ligeira nuança de branco, nem de um branco absoluto com a mais pequenina mancha preta. Deus, pois, não poderia ser simultaneamente bom e mau, porque então, não possuindo qualquer dessas duas qualidades no grau supremo, não seria Deus; todas as coisas estariam sujeitas ao seu capricho e para nenhuma haveria estabilidade. Não poderia ele, por conseguinte, deixar de ser ou infinitamente bom ou infinitamente mau. Ora, como suas obras dão testemunho da sua sabedoria, da sua bondade e da sua solicitude, concluir-se-á que, não podendo ser ao mesmo tempo bom e mau sem deixar de ser Deus, ele necessariamente tem de ser infinitamente bom. A soberana bondade implica a soberana justiça, porquanto, se ele procedesse injustamente ou com parcialidade numa só circunstância que fosse, ou com relação a uma só de suas criaturas, já não seria soberanamente justo e, em consequência, já não seria soberanamente bom.
• Deus é infinitamente perfeito. É impossível conceber-se Deus sem o infinito das perfeições, sem o que não seria Deus, pois sempre se poderia conceber um ser que possuísse o que lhe faltasse. Para que nenhum ser possa ultrapassá-lo, faz-se mister que ele seja infinito em tudo. Sendo infinitos, os atributos de Deus não são suscetíveis nem de aumento, nem de diminuição, visto que do contrário não seriam infinitos e Deus não seria perfeito. Se lhe tirassem a qualquer dos atributos a mais mínima parcela, já não haveria Deus, pois que poderia existir um ser mais perfeito.

• Deus é único. A unicidade de Deus é consequência do fato de serem infinitas as suas perfeições. Não poderia existir outro Deus, salvo sob a condição de ser igualmente infinito em todas as coisas, visto que, se houvesse entre eles a mais ligeira diferença, um seria inferior ao outro, subordinado ao poder desse outro e, então, não seria Deus. Se houvesse entre ambos igualdade absoluta, isso equivaleria a existir, de toda eternidade, um mesmo pensamento, uma mesma vontade, um mesmo poder. Confundidos assim, quanto à identidade, não haveria, em realidade, mais que um único Deus. Se cada um tivesse atribuições especiais, um não faria o que o outro fizesse; mas, então, não existiria igualdade perfeita entre eles, pois que nenhum possuiria a autoridade soberana.
                                                            Autor: Marco A L Silva