1-Os espíritos são sensivéis á saudades daqueles que amaram e que ficaram na terra?
2- O dia da comemoração dos mortos tem algo de solene para os Espíritos? Eles se preparam para visitar os que vão orar nas suas sepulturas?
– Os Espíritos atendem ao chamado do pensamento tanto nesse dia quanto em qualquer outro.
3- a Esse dia é para eles um encontro junto às suas sepulturas?
– Eles estão aí num maior número nesse dia, porque há mais pessoas que os chamam. Mas cada um deles vem apenas pelos seus amigos e não pela multidão de indiferentes.
4- b Sob que forma comparecem e como seriam vistos, se pudessem se tornar visíveis?
– Sob a forma pela qual os conhecemos quando encarnados.
5- Os Espíritos esquecidos, cujos túmulos ninguém visita, também aí comparecem apesar disso? Lamentam não ver nenhum amigo que se lembre deles?
– Que lhes importa a Terra? Eles somente se prendem a ela pelo coração. Se aí não há amor, não há mais nada que retenha o Espírito: tem todo o universo para si.
6- A visita ao túmulo dá mais satisfação ao Espírito do que uma prece feita para ele?
– A visita ao túmulo é uma maneira de mostrar que se pensa no Espírito ausente: é a imagem. Já vos disse, a prece é que santifica o ato da lembrança; pouco importa o lugar, quando se ora com o coração.
7- Os Espíritos das pessoas às quais se erguem estátuas ou monumentos assistem à inauguração e as vêem com prazer?
– Muitos comparecem a essas solenidades quando podem, mas são menos sensíveis às homenagens que lhes prestam do que à lembrança.
8- De onde surge, para certas pessoas, o desejo de ser enterradas num lugar em vez de outro? Revêem esse lugar com maior satisfação após sua morte? Essa importância dada a uma coisa material é um sinal de inferioridade do Espírito?
– A afeição do Espírito por determinados lugares é inferioridade moral. Que diferença há entre um pedaço de terra em vez de outro para um Espírito elevado? Ele não sabe que se unirá aos que ama, mesmo estando os seus ossos separados?
9- a A reunião dos restos mortais de todos os membros de uma família num mesmo lugar deve ser considerada como uma coisa fútil?
– Não. É um costume piedoso e um testemunho de simpatia por quem se amou. Essa reunião pouco importa aos Espíritos, mas é útil aos homens: as lembranças ficam concentradas num só lugar.
10- A alma, ao entrar na vida espiritual, é sensível às homenagens prestadas aos seus despojos mortais?
– Quando o Espírito já atingiu um certo grau de perfeição, não possui mais vaidade terrestre e compreende a futilidade de todas as coisas. Porém, ficai sabendo, há Espíritos que, no primeiro momento de seu desencarne, sentem um grande prazer pelas homenagens que lhes prestam, ou se aborrecem com a falta de atenção ao seu corpo físico; isso porque ainda conservam alguns preconceitos da Terra.
11- O Espírito assiste ao enterro de seu corpo?
– Ele o assiste muito freqüentemente; mas, algumas vezes, se ainda estiver perturbado, não se dá conta do que se passa.
12- Ele fica lisonjeado com a concorrência de assistentes ao seu enterro?
– Mais ou menos, de acordo com o sentimento que eles tenham.
13- O Espírito daquele que acaba de morrer assiste às reuniões de seus herdeiros?
– Quase sempre; isso lhe é permitido para sua própria instrução e para castigo dos culpados. O Espírito julga nessa hora o valor das manifestações honrosas que lhe faziam. Todos os sentimentos dos herdeiros se tornam claros como são de fato, e a decepção que sente ao ver a cobiça daqueles que partilham seus bens o esclarece quanto a esses sentimentos. Porém, a vez deles chegará igualmente.
14- O respeito instintivo que o homem, em todos os tempos e em todos os povos, tem pelos mortos é o efeito da intuição de uma vida futura?
– É a conseqüência natural dessa intuição; sem isso, esse respeito não teria sentido.
Para concluir: Figuremos dois amigos que se achem metidos na mesma prisão. Ambos alcançarão um dia a liberdade, mas um a obtém antes do outro. Seria caridoso que o que continuou preso se entristecesse porque o seu amigo foi libertado primeiro? Não haveria, de sua parte, mais egoísmo do que afeição em querer que do seu cativeiro e do seu sofrer partilhasse o outro por igual tempo? O mesmo se dá com dois seres que se amam na Terra. O que parte primeiro é o que primeiro se liberta e só nos cabe felicitá-lo, aguardando com paciência o momento em que a nosso turno também o seremos.
"Quando as lágrimas nascem do nosso reconhecimento a Deus pelos benefícios que recebemos; quando as lágrimas refletem a nossa saudade tocada de esperança, os nossos amigos desencarnados nos dizem que as lágrimas fazem a eles muito bem, porque elas são luzes no caminho daqueles que são lembrados com imenso carinho. Mas quando as nossas lágrimas traduzem revolta de nossa parte diante dos desígnios divinos que nós não podemos de imediato sondar, quando essas lágrimas retratam rebeldia, essas lágrimas prejudicam os desencarnados. Tanto quanto prejudicam os encarnados também.
"Quando as lágrimas nascem do nosso reconhecimento a Deus pelos benefícios que recebemos; quando as lágrimas refletem a nossa saudade tocada de esperança, os nossos amigos desencarnados nos dizem que as lágrimas fazem a eles muito bem, porque elas são luzes no caminho daqueles que são lembrados com imenso carinho. Mas quando as nossas lágrimas traduzem revolta de nossa parte diante dos desígnios divinos que nós não podemos de imediato sondar, quando essas lágrimas retratam rebeldia, essas lágrimas prejudicam os desencarnados. Tanto quanto prejudicam os encarnados também.
Chico Xavier"
Nenhum comentário:
Postar um comentário