sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

suícidio-Um perigo crescente

Em janeiro de 2002, a Organização Mundial de Saúde publicava, em Bruxelas, dados estatísticos verdadeiramente preocupantes, demonstrando que, no mundo inteiro, durante o ano 2000, cerca de 815.000 seres humanos haviam aniquilado a própria vida: um suicídio a cada 40 segundos
Mais terrível ainda é constatar um aumento estrondoso desses índices na faixa etária de 15 a 34 anos, em que o suicídio mostrou-se como a terceira causa de mortalidade mundial.
E a situação poderia ser ainda mais lastimável, já que, para cada ato concretizado, existem dez tentativas, ou seja, de cada dez pessoas que tentam se matar, somente uma logra êxito.
Tentemos compreender as causas de tão desesperada iniciativa.
Urge, primeiramente, diferenciarmos fatores desencadeantes (causas secundárias) de causas propriamente ditas (causas primárias).
Consideram-se fatores desencadeantes do suicídio, as provas e expiações pelas quais passamos na Terra, tais quais: desemprego, fracassos profissionais, dificuldades financeiras, desilusões amorosas, perda de entes queridos, mutilações, doenças orgânicas, processos depressivos organogênicos (depressão pós-parto, por exemplo), depressões psicogênicas (presente nos usuários de drogas e alcoólatras), além das doenças mentais, é claro, com a ressalva de que somente 10 a 20% das pessoas que se mataram sofriam de algum tipo de patologia mental.
Estudiosos apontam, ainda, as baixas temperaturas como elementos predisponentes ao suicídio, em decorrência da depressão orgânica a que ele pode dar causa, além do abatimento psíquico, suscitado pela ausência prolongada do calor e da luz solar, condições típicas de muitos países europeus.
Entretanto, certamente não são todos os seres humanos que passam pelas situações acima elencadas que atentam contra suas vidas, o que prova que as verdadeiras causas do suicídio (causas primárias) residem em cada um de nós, na forma de insuficiências espirituais.
Na questão 943, de O Livro dos Espíritos, Kardec indagava qual seria a causa do desgosto pela vida que se apoderava de certas pessoas sem causa aparente.

Ao que os Espíritos responderam:

“Efeito da ociosidade, da falta de fé, e, às vezes, da saciedade”

Analisemos individualmente cada fator:

Ociosidade:
A ociosidade começa pela atitude mental invigilante, uma vez que, ao mantermos a mente vazia de pensamentos nobres, estaremos oferecendo vasto campo a expressões mentais intrusas de baixo teor, mormente aquelas que sinalizam para o desprezo pelo maravilhoso dom da vida.

Ociosidade no campo mental que se transforma facilmente em inércia física, tornando a vida um campo infértil tomado por ervas daninhas. Eis a razão pela qual as estatísticas demonstram que a incidência do suicídio é maior entre pessoas desempregadas ou voluntariamente entregues a inação.

Falta de fé:
A fé num poder maior, que rege todo o Universo, nos dá segurança para sobrepujar as vicissitudes da vida, robustecendo-nos a esperança, que é a expectativa de felicidade. Sem ela, entretanto, tudo se torna mais grave; as nuvens se acumulam ante nossos olhos, tornando a existência amarga e desprovida de beleza. Surgem, então, os processos depressivos; daí ao suicídio é um passo que muitos têm dado. Estatísticas também comprovaram que as taxas de suicídio são sensivelmente maiores em pessoas afastadas de uma crença religiosa qualquer.

E é exatamente pelo desconhecimento espiritual, a que a ausência de fé conduz os seres incautos, que homens dotados de expressiva inteligência, mas isentos de sensibilidade espiritual, fizeram legalizar, na Suiça, o suicídio assistido, que consiste no seguinte: alguém que sofre de um mal irreversível qualquer solicita o auxílio de um médico, que, então, lhe prescreve determinado medicamento, em expressiva dosagem, que lhe permita desencarnar “suavemente” em alguns poucos minutos.

A única condição que a lei impõe para esse tipo de suicídio é que o próprio paciente ministre em si mesmo o medicamento letal. Ou seja, o médico deve se limitar a assistir passivamente a morte lenta e gradual daquele cuja vida ele deveria preservar. Dados estatísticos demonstram que, em dez anos dessa prática vergonhosa, o número de suicídios simplesmente triplicou naquele país, já que pessoas de nações vizinhas têm se deslocado até a Suiça para se matarem em “grande estilo”.

Saciedade:
A ONU publicou recentemente um documento em que situou a Suécia (seguida da Noruega e da Finlândia) como o país que oferece a melhor qualidade de vida da Terra, já que, por lá, questões como desemprego, fome e miséria são praticamente inexistentes. Contudo, aqueles três países registram, na ordem referida, os maiores índices de suicídio do planeta.

Mas por que razão?
Vejamos:
A revista Isto É, edição de 28/01/2004, publicou uma reportagem bastante interessante sobre uma norueguesa de nome Clara Karoliussem que, após viver por mais de cinco anos em Santos (SP), preparava-se para retornar ao seu país de origem, curiosamente, contra sua vontade, pois afirmava que, no Brasil, ela comemorava cada vitória, fruto de muito trabalho, o que não ocorria em seu país de origem, onde, em suas palavras, tudo vêm de mãos beijadas, razão pela qual não existe a satisfação íntima da conquista.

Pode-se dizer, então, que as altas taxas de suicídio verificadas naquele país decorrem da saciedade mal vivenciada de alguém que, tendo conquistado tudo que a vida pode lhe oferecer, no sentido material, passa a sentir um desconcertante vazio, decorrente da falta de perspectivas para o futuro. De fato, a saciedade material, destituída de um certo respaldo espiritual, é uma das grandes causas do desgosto pela vida.

Ressalte-se que o Brasil, com tantas mazelas sociais, surge no cenário mundial das estatísticas do suicídio apenas na 71ª (septuagésima primeira) posição, certamente em decorrência do profundo sentimento de religiosidade dos brasileiros.

E a Doutrina Espírita, na condição de Consolador Prometido por Jesus, nos alerta sobre as gravíssimas conseqüências do suicídio, no plano espiritual e nas vidas sucessivas, auxiliando-nos a repelir sugestões infelizes, tão logo se apresentem em nossa tela mental. Oferece-nos, ainda, depoimentos mediúnicos dos próprios suicidas, que nos atestam a grande frustração pela qual passaram ao se defrontarem, no além, com uma realidade muito mais terrível do que aquela que vivenciavam na Terra, justamente por terem cometido o grande engano de julgar que, ao darem fim às suas vidas carnais, estariam, também, eliminando a inextinguível essência divina que somos todos nós.

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