Numa tarde de inverno, o vento soprava gelado pelas esquinas daquela grande metrópole e o sol iluminava e aquecia levemente as pessoas que caminhavam pela rua.
Como num dia de semana qualquer, onde o trabalho ocupava a maior parte de seu tempo, aquela senhora estava repleta de afazeres para cumprir, porém, resolveu dar um destino diferente às horas vespertinas.Lembrou-se de que, há muito tempo, vinha levando sua vida num automatismo sem interrupção, reservando pouco ou quase nenhum momento para meditar ou sintonizar com a espiritualidade superior.
Resolveu então fazer um passeio pelas ruas da parte histórica da cidade.
Ruas que, nos séculos dezoito e dezenove, foram palco de variado comércio e que, ainda hoje, mantêm construções antigas nas suas imediações, restauradas e adaptadas para utilização comercial.
Ruas onde transitaram tropeiros, fazendeiros e colonos com suas carroças repletas de produtos de pomares, hortas e granjas.
Sentindo necessidade em sua alma, convidou Deus para lhe fazer companhia nesse passeio.
E, como se não tivesse nenhum compromisso, saiu a caminhar, ela e Deus. De alguma forma, ela o sentia próximo. Poderia estar ao seu lado, em seu íntimo, em seu coração. O que importava era a certeza de estar com Ele.
Andou e curtiu as ruas calçadas de pedras, os monumentos e casarões dos séculos passados, onde se via claramente a influência arquitetônica trazida de outro continente.
Sentou para tomar um café numa lanchonete de esquina e, ao observar os transeuntes e a paisagem, sentiu-se atraída a entrar em um templo religioso.
E assim fez. Ela e Deus.
Orou, agradecendo por todas as dádivas recebidas, derramou lágrimas por sua própria dor e pelas dores do mundo e rogou bênçãos para todas as criaturas desacostumadas ao amor.
Ao sair daquele templo, sentiu-se imensamente leve, como se na vida tudo fosse paz.
Agradeceu por ter passado uma tarde sentindo-se próxima de Deus.
E, ao cumprir as obrigações do final daquele dia, reconheceu que os momentos anteriores haviam lhe aquecido a alma e lhe proporcionado um grande bem.
Ainda envolta na energia salutar vinda daqueles instantes elevados, prometeu a si mesma que daquele dia em diante, a sintonia com toda a obra divina assim como a prece, fariam parte do seu cotidiano.
Reserva um breve espaço de tempo entre os teus deveres para a beleza.
Desperta cedo, a fim de acompanhar o nascer do dia, embriagando-te com a pujança da luz.
Caminha por um bosque, silenciosamente, aspirando o ar da natureza.
Movimenta-te numa praia deserta e reflexiona em torno da grandiosidade do mar.
Contempla uma noite estrelada e faze mudas interrogações.
Contempla uma rosa em pleno desabrochar...
Para ao lado de uma criança inocente...
Conversa com um ancião tranquilo...
Abre-te à beleza que há em tudo e adorna-te com ela.
Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco
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