Poderia levar flores no cemitério, acender velas, mas, espírita, sabia que nada disso tem significado maior para o desencarnado, principalmente o suicida, às voltas com desequilíbrios superlativos que o torturam. Pensou em algo mais palpável, uma ajuda mais efetiva ao filho amado, cuja situação muito a afligia.
Pediu orientação ao Chico, que lhe recomendou fizesse uma doação de alimentos a um abrigo para idosos.
O médium a acompanhou, gentil, ajudando-a a transportar os alimentos.
Ao deixarem a instituição, revelou-lhe:
– Quando você fez a entrega do donativo, vi formar-se um raio de luz em direção ao seu filho, no Plano Espiritual. Em meio às amarguras que enfrenta, ele sentiu abençoado lenitivo. Pela primeira vez, desde o gesto tresloucado, sorriu, aliviado.
Bem, prezado leitor, antes que você imagine que um episódio dessa natureza não deveria estar presente numa coluna de jornal que se propõe a destacar fatos que fazem rir, na vida de Chico Xavier, devo-lhe dizer que desta feita a intenção foi mais modesta.
Ficarei satisfeito com simples sorriso.
Sorriso edificante, aliviado, consolador, de quem descobre, se ainda não o fez, o melhor caminho para beneficiar nossos amados que partem:
Praticar, em seu nome, gestos de bondade.
Recordo outro episódio, envolvendo a manifestação de um jovem desencarnado, por intermédio de Chico.
Dirigindo-se à sua mãezinha, que levava flores diariamente ao seu túmulo, dizia-lhe:
– Mamãe, aprecio seu carinho, mas não precisa ir ao cemitério para cultivar minha memória. Lá estão apenas meus ossos. Ficarei bem mais feliz se a senhora usar o dinheiro das flores na compra de pães a serem distribuídos aos pobres.
Em outra manifestação, um filho recomenda à mãe, pela psicografia de Chico, que distribua seus objetos de uso pessoal, bem como roupas, sapatos e móveis, a jovens carentes.
Eis que a senhora, prisioneira do desalento desde sua desencarnação, descobriu que, ao cumprir aquela solicitação, libertava-se da fixação mórbida no quarto do jovem, transformado em santuário intocável, o que apenas acentuava sua dor e o perturbava no Além.
Os espíritos desencarnados, mesmo aqueles que estão preparados para a vida espiritual, situam-se, em princípio, ligados psiquicamente aos familiares, colhendo muito de suas impressões e sentimentos, o que pode ajudá-los ou atrapalhá-los, de conformidade com seu teor.
Dores exacerbadas, angústias incontidas, desespero, revolta, inconformação, são venenos para a alma, que respingam doloridamente nos que partiram.
Os episódios que narramos, e incontáveis outros de que tomam conhecimento os participantes de reuniões mediúnicas, demonstram como é importante nossa postura em situações dessa natureza.
Aceitação, serenidade, confiança em Deus, cultivo da fé, tudo isso ameniza nossos padecimentos e situa-se por abençoado alento para o “morto”.
Podemos fazer ainda melhor!
Cultivemos gestos de solidariedade e beneficência junto aos carentes da Terra, rogando a Deus transforme nossas ações em benesses para ele.
Brando conforto nos felicitará, com abençoados respingos de luz em favor de nossos amados, a iluminar seus caminhos na espiritualidade.
por Richard Simonetti
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