- Peço desculpas. O tiro foi casual - rogou o jovem, pálido.
Os policiais, contudo, retinham-no, furiosos. Luís Borges, no entanto, buscando a paz, abriu o volume chamuscado e falou:
- Vejamos a mensagem do Evangelho.
E ante o assombro geral, leu, na página aberta, as belas referências do capítulo X, “Bem-aventurados os que são misericordiosos”:
“Então, aproximando-se dele, disse-lhe Pedro: ‘Senhor, quantas vezes perdoarei a meu irmão quando houver pecado contra mim? Até sete vezes?’ Respondeu-lhe Jesus: ‘Não vos digo que perdoareis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes’.”
Quando Borges terminou a ligeira leitura, o moço preso ajoelhou-se na rua e começou a soluçar. Só então explicou que ali se achava de tocaia para assassinar o próprio irmão que o havia prejudicado num processo de herança e prometeu desistir de semelhante propósito para sempre.
Hilário Silva
O Espírito da Verdade, Chico Xavier e Waldo Vieira.
Fonte: Grupo Além da vida
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