segunda-feira, 7 de março de 2011

Convivência Amorosa

  "Qual a mais meritória de todas as virtudes? - Toda virtude tem
 seu mérito próprio, porque todas indicam progresso na senda
 do bem. Há virtude sempre que há resistência voluntária ao
 arrastamento dos maus pendores. A sublimidade da virtude,
 porém, está no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do
 próximo, sem pensamento oculto. A mais meritória é a
que assenta na mais desinteressada caridade."

"Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam
 e orai pelos que vos perseguem e caluniam. – Porque, se
 somente amardes os que voa amam, que recompensa
tereis disso? Não fazem assim também os publicanos?
– Se unicamente saudardes os vossos irmãos, que
fazeis com isso mais do que outros? Não fazem
o mesmo os pagãos? – Sede, pois, vós outros
 perfeitos como perfeito é o vosso Pai celestial."

Tanto o Espiritismo como os Evangelhos demonstram a necessidade da virtude e nela a vivência do amor ao próximo como fundamental à convivência amorosa e os mentores espirituais que orientaram a codificação da Doutrina Espírita exaltam, conforme visto na questão acima citada, a necessidade do exercício da caridade e eles mesmos esclareceram como se deveria conceituar a caridade: "Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas." (Questão n.º 886 de O Livro dos Espíritos.) Portanto, o exercício do amor ao próximo pressupõe a benevolência, a indulgência e o perdão das ofensas.

Também o Mestre Jesus estabelece como fundamental o amor ao próximo, até mesmo ao inimigo, conforme o texto citado, na relações interpessoais.

Então, a convivência pacífica, justa e amorosa é fundamental para o nosso bem estar e também do outro. Esse comportamento adequado ou assertivo deve ser procurado, entendido e, sobretudo, praticado.

Falamos em amor ao próximo, mas é preciso definirmos, detalharmos o que em nossas ações comuns, no dia-a-dia, isso significa.

Como seres sociais, vivendo em sociedade, necessariamente estabelecemos interações com pessoas, em diversos grupos sociais; a começar da parentela familiar, no grupo de trabalho profissional, nas instituições religiosas, sociais, clubes, na rua, em lojas, repartições públicas.

É importante, então, que saibamos nos relacionar bem, compreendendo o outro e desejando ser compreendido, exercitando os nossos direitos como cidadãos e respeitando os mesmos direitos do próximo.

Para a vivência agradável e saudável, precisamos saber como nos comportar adequadamente. Nessa convivência, a todo momento, estamos sujeitos a avaliações e julgamentos que se manifestam como críticas ou maledicência.

Há a crítica quando a pessoa pretende dizer-nos a verdade com real interesse em nos ajudar; a maledicência quando a pessoa não usa a verdade e simplesmente procura diminuir-nos a fim de que ela se sinta superior a nós.

Quando alguém nos faz uma crítica desejando ajudar-nos, nem sempre sabemos ou queremos aceitar as observações apresentadas, porque o nosso orgulho não nos permite ao ferir a imagem superior idealizada que fazemos de nós mesmos.

Desequilibramo-nos emocionalmente, psiquicamente e até, às vezes, fisicamente, quando não estamos preparados para receber a crítica.

Vale, então, buscarmos os ensinamentos da Doutrina Espírita, dos ensinamentos do Mestre Jesus, dos Evangelhos e também da psicologia.

Os psicólogos Almir e Zilda Del Prette (3) procuram detalhar para nós as habilidades de lidar com a crítica para que possamos aceitá-la de maneira adequada:

Aceitar é:

1. Permitir que a pessoa exponha a sua crítica, sem interrompê-la. Mesmo que em suas primeiras palavras você sinta algum desconforto emocional pelo que está ouvindo, achando que seja verdadeiro ou não, deixe que ela encerre completamente a sua fala.

2. Prestar atenção nos aspectos mais importantes da crítica. Controle, da melhor maneira possível, o estado emocional para não "bloquear" o entendimento das palavras que está ouvindo.

3. Concordar, total ou parcialmente, com a veracidade da crítica. Após permitir que a pessoa apresente a sua crítica e você tenha prestado atenção para avaliar o significado daquelas observações, poderá, então, concordar com tudo o que foi dito ou apenas parte do que lhe foi apresentado, manifestando, também, com a tranqüilidade possível o seu grau de aceitação da crítica, na totalidade, em parte ou mesmo rejeitando as observações feitas.

4. Agradecer à pessoa pela sua preocupação e solicitar novas críticas. Ao concordar com a crítica, na totalidade ou em parte, você sentirá que, efetivamente, o outro está querendo ajudá-lo. Está colaborando para o seu aperfeiçoamento como pessoa e espírito. Merece, portanto, o agradecimento. Essa pessoa estaria manifestando, assim, amor por você. Constatando a sua sinceridade e desejo em ajudá-lo, você poderá, então, pedir-lhe que, quando achar oportuno, poderá fazer outras críticas.

5. Desculpar-se por comportamentos inadequados que foram objetos da crítica. Se reconhecer o erro ou engano praticado consciente ou inconscientemente, procure sinceramente desculpar-se aproveitando a oportunidade para enriquecer a sua personalidade com as contribuições de verdades que recebeu.

6. Manifestar intenção de mudanças no comportamento inadequado. Se houve reconhecimento de que a crítica era procedente, é importante manifestar ao crítico que você tem interesse em mudar aquele comportamento que não foi adequado, tenha ele sido expresso por palavras, atos ou através de ambos.

Esse roteiro não é fácil em ser seguido, pois ele mexe com a nossa personalidade, com as nossas emoções e sentimentos, toca em nosso egoísmo, orgulho e vaidade, no entanto ele é muito importante para vivermos de forma amorosa e saudável, a começar do próprio lar.


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