terça-feira, 29 de março de 2011

Nem castigo Nem perdão

Um dos maiores temores que vibram no coração do homem é o medo do castigo
divino.
Convivendo com a possibilidade de que Deus possa se ofender e castiga-lo por
suas faltas, o indivíduo sofre e se divide entre o amor e o temor de Deus.
Atribuindo ao Criador os mesmos vícios que ainda possui, o ser humano teme
ser castigado a qualquer momento por um Deus caprichoso e cruel que está
sempre à procura de defeitos para se vingar, impondo-nos sofrimentos.
Paulo, o apóstolo, se manifestou a respeito desse tema dizendo o seguinte:
“Gravitar para a unidade divina, eis o fim da humanidade”.
Para atingi-lo, três coisas são necessárias: a justiça, o amor e a ciência.
Três coisas lhe são opostas e contrárias: a ignorância, o ódio e a
injustiça.
Pois bem! Digo-vos, em verdade, que mentis a estes princípios fundamentais,
comprometendo a idéia de Deus, exagerando-lhe a severidade.
Duplamente a comprometeis, deixando que no espírito da criatura penetre a
suposição de que há nela mais clemência, mais virtude, amor e verdadeira
justiça, do que atribuis ao ser infinito.
Quem é, com efeito, o culpado? É aquele que, por um desvio, por um falso
movimento da alma, se afasta do objetivo da criação, que consiste no culto
harmonioso do belo, do bem, idealizados pelo arquétipo humano, pelo
Homem-Deus, por Jesus - Cristo.
Que é o castigo? A conseqüência natural, derivada desse falso movimento; uma
certa soma de dores necessárias a desgostá-lo da sua deformidade, pela
experimentação do sofrimento.
Assim, o que se chama castigo é apenas a conseqüência das leis naturais.
É graças à dor física que a criatura procura o remédio para sua enfermidade.
É graças ao sofrimento moral que a alma busca a própria cura.
O sofrimento só tem por finalidade a reabilitação, o retorno do aprendiz ao
caminho reto.
Como podemos perceber, o mal não é de essência divina, é gerado pelas
criaturas, ainda imperfeitas.
O sofrimento não é imposto por Deus como castigo, é o efeito natural do
falso movimento da criatura, e que a estimula, pela amargura, a se dobrar
sobre si mesma, a voltar ao objetivo traçado pelas leis divinas, que é a
harmonia.
E essas leis são justas, imparciais e amorosas.
Um exemplo disso acontece quando um homem, enlouquecido, assassina várias
pessoas ...foge e, na fuga, se fere profundamente.
O que acontece com seu organismo?
Suas células, obedecendo a lei natural, começam imediatamente a se
movimentar para estancar o sangue, cicatrizar a ferida e expulsar os germes
que causam infecção.
Se Deus quisesse castigá-lo, derrogaria suas próprias leis e faria com que
as células desse indivíduo não trabalhassem a seu favor, mas se rebelassem e
o deixassem morrer.
Afinal, ele é um criminoso!
Mas não é isso que acontece. As leis divinas seguem naturalmente seu curso.
O sol brilha, incansável, sobre justos e injustos, sem se importar com o que
acontece sob sua luz.
A chuva cai sobre a mansão e sobre o casebre. O frio fustiga a pobres e
ricos. As catástrofes naturais arrebatam sábios e ignorantes, velhos e
crianças, fortes e fracos.
Por todas essas razões devemos entender que o Criador não derroga suas
próprias leis para nos punir ou para nos premiar.
As nossas ações é que geram efeitos sobre essas leis.
As boas ações geram efeitos positivos, e as infrações às leis geram efeitos
desajustados.
Nada mais justo do que esta sentença: "a cada um segundo suas obras."
Nem castigo, nem perdão. Deus não castiga porque suas leis são de amor, e
não perdoa porque jamais se ofende.
Pensemos nisso, e busquemos atender essas leis soberanas que estão inscritas
em nossa própria consciência.

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no item 1009 de O
Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

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