quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Aspectos Espirituais da reprodução assistida

Sérgio Ribeiro
CONGELAMENTO DE EMBRIÕES, FECUNDAÇÃO IN VITRO E UTILIZAÇÃO DE CÉLULAS-TRONCO. UMA ANÁLISE SOB A ÓTICA DA DOUTRINA ESPÍRITA
O homem, servindo de instrumento da Misericórdia Divina, tem auxiliado a mulher na nobre tarefa de procriar por diversas maneiras.
O que acontece, freqüentemente, é que muitas mulheres e homens ainda carregam um certo grau de desequilíbrio e desarmonia no chacra genésico, consequência de um passado de negligências, nesta ou em outras vidas, e, embora possam estar arrependidos e superados daqueles erros e desvios, isso ainda não foi traduzido num restabelecimento completo do seu aparelho reprodutor. Dessa forma, necessitam do auxílio de técnicas e procedimentos laboratoriais para que alcancem o êxito de gerar o seu próprio filho.
Considerando que os desequilíbrios energéticos no chacra genésico são freqüentemente causas de insucesso nas tentativas de engravidar, o primeiro passo seria se harmonizar, se equilibrar, buscando os recursos de meditação, do autocontrole, da oração, do trabalho junto às crianças carentes e do auxílio através do passe magnético e trata
Geralmente, o processo de reprodução, seja ele natural ou não, possui assistência do Plano Espiritual.
Assim, o termo reprodução assistida poderia ser estendido a todas as formas de reprodução, sob o aspecto espiritual.
Vemos nas citações de André Luiz, no livro Missionários da Luz, que existe no Plano Espiritual um departamento que cuida do processo reencarnatório, que ele denominou de Ministério da Reencarnação. Ele relatou, na sua obra, como a Espiritualidade Superior interferiu na reencarnação de Segismundo, preparando o casal que o iria acolher, estabelecendo sintonia vibratória do espírito reencarnante com a futura mãe, logo a seguir com o óvulo, magnetizando-o envolvendo-o pelos seus fluidos perispirituais. Por sua vez, o espermatozóide que será o eleito, entre milhões contidos numa ejaculação, para fecundar o óvulo, será aquele que mais sintonizar energeticamente com o mesmo, sintonia essa que vai determinar não o mais apto, mas o que carrega a carga genética mais apropriada para aquela futura reencarnação.
Esse fato já vem sendo demonstrado pela Ciência oficial. O jornal O Globo, em uma edição de 1991, estampou a seguinte manchete: “Óvulos falam com espermatozóides”. A matéria tratava do trabalho realizado por cientistas dos Estados Unidos e Israel, descobrindo que óvulos maduros comunicam-se com espermatozóides, enviando-lhes sinais para guiá-los até às trompas de Falópio, propiciando a fecundação.
Religião x Ciência
Existem muitas pessoas e seitas religiosas que são contrárias ao emprego desses métodos auxiliares da fecundação, alegando que os homens estão violando um processo natural. Argumentam que são técnicas frias, realizadas em laboratório, carecendo do amor e da relação sexual entre os parceiros. “Mas, só quem convive com um casal que passa por cima de vários obstáculos para ter um filho é que tem capacidade de quantificar o Amor que depositam neste ato”, afirmou o biólogo Irineu Degasperi, da Clínica de Reprodução Huntington, em Vitória.
O avanço das técnicas de reprodução assistida e da engenharia genética é visto com naturalidade pela doutrina espírita. Kardec deixou claro que o espiritismo caminharia junto com a Ciência, portanto, não há porque se opor ao seu desenvolvimento. Deus, através da evolução intelectual da humanidade, permite que surjam técnicas novas para auxiliar a natureza no seu processo criativo. O homem evolui intelectualmente, descobrindo e compreendendo como funciona a natureza, em suas várias manifestações, e, através do conhecimento das leis naturais, passa a interferir e contribuir com Deus, tornando-se co-criadores. Contudo, os cientistas devem ter a humildade de reconhecer que estão somente manuseando e favorecendo processos naturais, mas não criando vida.
A doutrina espírita ressalta que as descobertas devem servir para o bem da humanidade e as pesquisas devem ter a finalidade de enobrecer o ser humano. Infelizmente, muitas vezes o homem as utiliza de forma inadequada.
Em O Livro dos Espíritos, pergunta nº 780, encontramos que o progresso moral segue o intelectual, mas nem sempre imediatamente. À medida que progredimos com as descobertas científicas, torna-se maior a nossa responsabilidade. Assim aconteceu com a energia nuclear, que inicialmente foi utilizada para fins bélicos (bomba atômica) e atualmente serve como fonte riquíssima de energia, e com outras descobertas científicas.
As descobertas científicas não são boas ou más em si mesmas. Bom ou mal é o uso que se faz delas.
No livro Uma Janela para a Vida, Emmanuel foi inquirido sobre se os espíritos que reencarnavam através da reprodução assistida vinham precedidos de um preparo espiritual, e ele respondeu que sim, desde que a Ciência, na Terra, evitasse abusos e extravagâncias nas suas experimentações.
Certa vez, perguntaram a Chico Xavier se o ser humano seria desenvolvido no laboratório. Ele respondeu:
“Olha gente, a Ciência vai desenvolver o ser humano no laboratório. Eles (os cientistas) vão fabricar um enorme ‘útero’ no laboratório e aí dentro vão gerar o ser.
Levarão talvez de duzentos a quatrocentos anos até conseguirem realizar. Mas vão realizar. Aí, libertarão a mulher do parto.
E tem outra coisa. Nesse útero, os espíritos vão reencarnar, tudo direitinho, sem problema. Esse fato não vai alterar coisa alguma, a Ciência vai conseguir isso.
Ora, o avanço da Ciência é obra da Espiritualidade através dos missionários”. Esse fato foi narrado por Ranieri no livro: Chico Xavier – o Santo de Nossos Dias (2ª edição – 1973).
Não importa de que modo a criança tenha vindo ao mundo, se por meio naturais ou não; o que importa é se vai ser bem recebida e criada com amor e dedicação.

O congelamento de embriões
Durante o procedimento da fertilização in vitro (FIV), geralmente são fecundados diversos óvulos, com a formação de um número excessivo de embriões. Como a lei brasileira só permite que sejam implantados no útero materno, no máximo quatro embriões por vez, os embriões excedentes são congelados a uma temperatura de –196ºC. Poderão ser utilizados posteriormente na própria mãe doadora do óvulo ou serem implantados em outra mãe receptora.
O que fazer com esses embriões? Essa pergunta vem intrigando cientistas, médicos, religiosos e juristas do mundo todo. A polêmica se acendeu na Inglaterra, onde existe uma lei em vigor desde 1991, que estabelece um prazo máximo de cinco anos para a conservação desses embriões. Os primeiros lotes já foram dissolvidos em água e álcool.
No centro da polêmica, está a complicada questão sobre o momento em que começa a vida. Embriões humanos podem ser destruídos impunemente, como um objeto qualquer, um subproduto de laboratório ou estaríamos diante de um aborto?
Nós sabemos, através da pergunta 344 de O Livro dos Espíritos e do capítulo XI, de A Gênese, que a união da alma ao corpo começa no momento da concepção, quando o espírito se sente atraído por uma força irresistível e se liga ao corpo por um laço fluídico, que nada mais é que uma expansão do seu perispírito.
Sabemos também que essa união é definitiva, no sentido de que um outro espírito não poderá substituir aquele que está designado para este corpo.
Por outro lado, vamos encontrar na pergunta 356 que podem existir natimortos que jamais tiveram espíritos designados para os seus corpos, podendo inclusive chegar a termo, porém não sobrevivem.
É descrito que embriões congelados podem permanecer viáveis por vários anos, com relato do caso de uma mulher que gerou um filho a partir de um embrião congelado por cinco anos. Como a união do espírito ao corpo se faz no momento da concepção, deduzimos que o espírito permaneceu ligado a esse corpo (embrião), durante todo esse tempo.
O espírito que está ligado ao embrião pode também recuar diante da prova, e romper os laços que o prende; nesse caso, o embrião não sobrevive.
Na pergunta 351 de O Livro dos Espíritos vamos encontrar que o espírito, durante o desenvolvimento do feto, goza parcialmente de suas faculdades no plano espiritual. Ele se encontra num estado de perturbação que vai crescendo até o nascimento, à medida que o laço fluídico vai se apertando.
Conforme a doutrina espírita, o espírito que vai animar aquele corpo tem existência fora dele, ou seja, ele ainda não está encarnado, mas apenas ligado ao novo corpo. Então, concluímos que, como o espírito reencarnante está apenas ligado por um cordão fluídico ao embrião, ele usufrui de certo grau de liberdade, de acordo com o seu estado evolutivo, como confirma Emmanuel no livro O Consolador. Isso permite que, mesmo se encontrando com certo grau de perturbação, ele possa desenvolver algumas atividades no plano espiritual.
Outra possibilidade, aventada por Raul Teixeira num artigo publicado na Revista Espírita Allan Kardec, seria que “entidades espirituais devedoras da sociedade se oferecem para vir atender ao progresso da Ciência. Dessa forma, são ligadas a esses embriões para que vivam hermeticamente vinculadas a eles, num processo de mutismo, enquanto o embrião estiver congelado. Nesse trabalho de servir à Ciência, possam conseguir o progresso, ao invés de renascerem na Terra e sofrerem situações de enfermidades variadas durante largos anos”.
De qualquer forma, analisando à luz da doutrina espírita, não podemos aceitar, sob qualquer pretexto, a eliminação pura e simples desses embriões, assim como somos contra o aborto ou qualquer outro ato contrário à vida.
Ciência
Talvez, os cientistas consigam congelar óvulos maduros e espermatozóides, minimizando os problemas éticos e espirituais relativos ao congelamento de embriões.
Outra linha de pesquisa que já se comenta é a possibilidade de detectar se já existe um espírito ligado ao embrião, através das emanações do seu perispírito, mas ainda não existe nada desenvolvido.

Retirado da Revista Espírita Internacional

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