Sabemos que durante o sono, o espírito readquire parte de sua liberdade, isto é, isola-se do corpo e é nesse estado que em muitas ocasiões, se
tem ensejo de observá-lo. O espírito de um encarnado pode como o de um desencarnado, mostrar-se com todas as aparências da realidade. De acordo com Allan Kardec, no livro Obras Póstumas, este fenômeno mediúnico, conhecido pelo nome de bicorporeidade, foi o que deu margem às histórias de homens duplos, isto é, de indivíduos cuja presença simultânea em dois lugares diferentes se chegou a comprovar.
Como ocorre a bicorporeidade?
espírito encarnado, ao sentir que lhe vem o sono, entra em transe. Seu espírito deixa o corpo e fica num estado próximo ao da morte, a matéria fica inerte e o corpo espiritual se materializa no lugar desejado, conforme o grau de sua elevação. Entretanto, nesse processo, somente um dos corpos contém a inteligência, no caso, onde o espírito se materializou. Como sabemos, o espírito é indivisível, portanto, ele não pode aparecer ativamente em dois lugares simultâneos. O que ocorre na bicorporeidade é semelhante ao que acontece conosco no período do sono: dormimos e nosso corpo espiritual age, pensa e sente livremente em outras regiões espirituais até o momento que retorna ao corpo físico, que ficou momentaneamente inanimado. A única diferença é que no fenômeno da bicorporeidade, o corpo espiritual fica visível e tangível aqui mesmo, no plano físico. Pode-se dizer que no primeiro, o corpo físico, tem a vida orgânica e no segundo, o espiritual, tem a vida da alma.
Temos uma pergunta n’O Livro dos Médiuns, capítulo VII, item 119, que nos explica bem esse processo. Diz assim: que sucederia se estando o homem a dormir enquanto seu espírito se mostra noutra parte alguém que de súbito o despertasse? Resposta: Isso não se verificaria porque se alguém tivesse a intenção de o despertar, o espírito retornaria ao corpo prevendo a intenção porquanto o espírito lê os pensamentos.
Alguns médiuns possuidores desta mediunidade nos deixaram relatos sobre a bicorporeidade, como Antônio de Pádua e Eurípedes Barsanulfo.
O frei Antônio de Pádua ou de Lisboa, canonizado pela Igreja Católica, estava pregando na Itália quando seu pai, em Portugal, era acusado de um crime que não havia cometido. No momento da execução, Santo Antônio aparece e demonstra a inocência do acusado e revela o verdadeiro criminoso, que mais tarde fora punido. Comprovou-se que Antônio pregava na Itália na cidade de Pádua, ao mesmo tempo em que aparecia no julgamento do pai, em Lisboa, estando, assim, em dois lugares diferentes.
O médium mineiro Eurípides Barsanulfo também possuía este tipo de mediunidade e por várias vezes saía do corpo para realizar algum atendimento às pessoas que estavam necessitando de auxílio, que o chamavam mentalmente. Ele pendia a cabeça, caía em sono e permanecia assim por alguns minutos. Eurípedes, que era professor, muitas vezes entrava nesse tipo de transe, durante as aulas no Colégio Allan Kardec, em Sacramento, e os alunos, já acostumados com a bicorporeidade do professor, permaneciam em silêncio, contribuindo ainda mais para o êxito do trabalho de Eurípedes.
Os registros sobre a bicorporeidade são extensos ao longo da História: Dom Bosco (século XIX), Afonso de Liguori (século XVIII), Francisco Xavier , Maria de Jesus Agreda (século XVII) e por aí vai.
Nomes como Afonso de Liguori, são alguns exemplos de canonização pelos famosos “milagres” por terem sido pessoas duplas. Para nós, médiuns que usaram a ferramenta da bicorporeidade para proporcionar o Bem ao próximo.
Fonte:Comunicação Social Espírita
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